domingo, 27 de setembro de 2009

Mais um ensaio: O Tempo não é eterno, e a Eternidade não é Temporal


A percepeção do tempo é bem relativa. Quando vivemos algo muito bom, esse período aparenta ser curto, rápido como um piscar de olhos. Mas quando estamos passando por dissabores, temos a sensação de algo infinito, como se nunca fosse acabar.

O pensador cristão C. S. Lewis advogava que não fomos criados para o tempo. O tempo é algo muito estranho para a humanidade, pois nos surpreende como não deveria. Imagine um peixe que estranha o fato de estar molhado. Como isso seria possível se ele vive toda a sua vida em baixo d'agua? A não ser que ele fosse criado para outra realidade. Assim também, quando estranhamos o fato do tempo passar, estamos dando sinais de que nossa constituição nunca se adptou ao tempo. Fomos criados no tempo, nossa vida se mede pelo tempo, mas ainda assim não nos sentimos a vontade com ele. Nos assustamos quando encontramos pessoas que não vimos a muitos anos. Uma criança que se tornou adulta, um adulto que se tornou velho nos deixam desconfortados, pois nos faz pensar que se o tempo passou para essas pessoas, para nós também, e isso não parece tão aceitável assim.

No recente filme "O Curioso Caso de Benjamin Button" nem o homem que rejuvenesce ao invés de envelhecer escapa do agente terrorista "Tempo". Esse companheiro constante parece nos carregar para morte, seja qual for a nossa idade. Mas não estou querendo dizer que o tempo é nosso inimigo, por outro lado também não o chamaria de amigo. Ele é no máximo um companheiro de viagem. Ele nos faz lembrar que estamos aqui de passagem, e que um dia vamos chegar a outro lugar que bem diferente desse. Mesmo viajando sem sair do lugar, caminhamos rumo a outro lugar. Eu chamaria esse lugar de "o pai do tempo", mas seu verdadeiro nome é Eternidade.

Salomão, nosso irmão que soube decifrar bem o tempo esclarece a relação desses dois:

Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele. (Ec 3.11, 14)


O homem se dobra diante desse agente silencioso chamado Tempo. Somos incapazes de dominá-lo, e parece que tudo, como o início desse capítulo diz, a seu devido tempo nos surpreende. Somos informados também que existe começo e fim, quer queiramos ou não. Mas obviamente que o Tempo não está a serviço de si mesmo. Ele não nos subjuga para si, mas para Aquele que o estabeleceu conforme a sua santa, perfeita, justa e soberana vontade. É para que temamos a Deus que somos lembrados do quão fracos somos diantes das ondas que os dias nos imprimem. O que o Tempo nos trás não pode ser visto como um fim em si mesmo, mas antes nos fazer apegar àquele que FEZ todas as coisas.

Assim, por mais que o Tempo pareça deformar-se em razão do que nos agrada ou não, não podemos nos enganar, pois o próprio Tempo também é passageiro. "Nem tanto o mar, nem tanto a terra". Não podemos ser reféns do Tempo, como se ele nos governasse ao seu bel prazer, como se fosse sua a determinação de nossa alegria ou tristeza. Deus é quem governa o Tempo, assim também nossas vidas. Por isso podemos crer na palavra que diz:

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Rm 8.28)

Vivamos hoje crendo que "nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2.9). Existe um futuro além desse futuro, que restaurará também o passado, e que fará da nossa vida um presente glorioso. Isso não nos será estranho, pois para a Eterniadade é que fomos criados. E Vida Eterna é isso, comunhão imperdível com Deus, os séculos dos séculos que abrigarão a plenitude da comunhão, do prazer, da realização, da paz, da alegria, do conhecimento e da segurança que tanto almejamos em todo tempo.

Ps.: Aviso aos Navegantes: O Ministéria da Palavra de Deus adverte: A Vida Eterna está disponível tão somente para os crêm em Jesus Cristo, para aqueles que estão inscritos nos Livro da Vida. Fora dele encontra-se outro tipo de eternidade, chamada também de Morte Eterna, Segunda Morte ou Lago de Fogo. (Conf. Apocalipse 20 e 21)

sábado, 26 de setembro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Aviso aos navegantes


Caros amigos e irmãos, e em especial os que têm seguido esse blog e recentemente postaram sobre os textos anteriores.

Quero agradecer a participação, e dizer que não foi possível responder a todos, e nem postar novos textos por falta de tempo nessas últimas semanas. Quero inclusive visitar os blog's dos colegas a fim de trocar mais idéias.

Graças a Deus a igreja que pastoreio completou esse mês um ano de organização, e tivemos uma semana atrás cultos de louvor e gratidão a Deus por essa obra ali. Também estamos construindo o templo novo, e por esse motivo o tempo tem sido escasso. Semana que vem, no IBAA (Instituto Bíblico Presbiteriano Augusto Araújo - onde leciono) será semana de provas, e daí mais um período comprometido.

Mas pretendo voltar a escrever o quanto antes. O assunto do Tempo ainda não está acabado. Também quero compartilhar um pouco sobre a escolha que fiz de pregar o livro de Atos por completo.

Então, assim que possível, estarei de volta.

Que Deus abençoe aos navegantes.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Primeiro ensaio sobre o Tempo: O mito da História Cíclica.


Um dos grandes males do homem, em razão de seu curto tempo de vida, é achar que o melhor ou o pior da história encontra-se junto dele nos seus dias. A síndrome do "nunca antes na história desse país" não é uma patologia apenas do presidente do Brasil, mas de todos que não conhecem a história, dos que acreditam que o tempo presente supera em muito o que já passou. Por outro lado, o pessimismo de que "tudo sempre foi assim, e será assim para sempre", castra toda e qualquer motivação para seguir a diante nesse curto tempo de vida que temos debaixo do sol.

Mas quem não é limitado no espaço e no tempo que atire a primeira pedra. Um conhecimento mais aprofundado sobre história pode nos previnir da arrogância ou do pessimismo. Porém, ainda não estamos livres de sentimentos que afloram a medida de tudo o que passa ao nosso redor e que nos fazem pender para um lado ou outro. Os tempos são difíceis, sem dúvida, mas isso não quer dizer que sempre foi assim, ou que tnunca foi assim. Existe uma linha média para melhor entender o tempo.

Além do conhecimento histórico, precisamos de entendimento bíblico sobre o tempo. Nas primeiras linhas de Eclesiastes é dito que não há nada de novo debaixo do sol, e com isso Salomão traça uma perspectiva pessimista sobre o mundo caido, onde a história é aparentemente cíclica (eu disse aparentemente), esteril e fadigante. Mas o livro de Eclesiates precisa ser lido mais até o fim, e com toda atenção para entendermos onde o filho de Davi queria chegar. Sua experiência como rei, que tudo tinha ao seu alcance, inclusive o que não devia, fez com que o homem mais rico, mais sábio, mais culto e mais "amado" por mulheres em seu tempo, percebesse que em nenhuma dessas coisas existia a verdadeira realização para o ser, e por isso era tudo vaidade, correr atrás do vento. Sua experiência longe de Deus, por mais regada que tenha sido de tesouros da terra, tudo que qualquer homem poderia desejar, não acrescentou em sua vida nada além de amargura.
Todavia, mesmo antes de chegar ao desfexo de sua biografia filosófica, Salomão havia deixado vestígios de que não se tratava do volume de realizações ou bens acumulados, mas da origem de tais coisas. Comer, beber, alegrar-se pelo fruto de seu trabalho com sua unica mulher parece muito pequeno para quem tinha a mesa e a cama farta. De outra sorte, ele admite que isso provém de Deus, e que nesse mundo não há nada melhor (3.12,13; 5.12, 18, 19; 9.7-9).

O fim de Eclesiastes não deixa dúvida de que Salomão sabia que a história não é cíclica, mas que o homem passa, e a vida corre em direção daquele que a concedeu a existência. Um dia todos prestarão contas ao Criador, e por isso, é segundo seus preceitos que se deve viver. Não há voltas na história que possam livrar o homem desse dia. Por mais que tudo pareça estar como sempre esteve (2 Pe 3.4), ou que tudo já se fez novo, somente quando manifestar-se o supremo Juiz termos pleno entendimento de todas as coisas. Até lá, aguardamos e guardamos sua Palavra.