terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cristãos e Corruptos - Qual o limite da relação?


Sem dúvida alguma Deus pode converter o coração de qualquer pecador. Seja o do mais perverso, ao mais (aparentemente) inofensivo . No caso de um político corrupto, um ladrão do dinheiro público, não pode ser diferente. Talvez o exemplo bíblico mais próximo dessa realidade seja o de Zaqueu, chefe do publicanos, que em Lucas 19 demonstrou arrependimento diante da "investida" de Jesus em comer em sua casa. Quando disse que abriria mão de metade de seus bens em favor dos pobres, e que restituiria conforme a lei aos que defraudou, Jesus exclama: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Em 1 Coríntios 6. 10, 11 já se dizia que na igreja existiam pessoas marcadas por muitos pecados em sua vida pregressa, dentre eles o roubo, mas que estes haviam se convertido.


Parto então do princípio de que na Igreja de Cristo existem santos lavados e remidos, que um dia viveram atolados no pecado, e dentre estes, podem existir pessoas que um dia se envolveram em corrupção política. Mas, o que se vê nos últimos anos no cenário brasileiro é uma contínua associação de líderes evangélicos com corruptos [praticantes], quando não, protagonizando a própria corrupção.


Em 2005, André Petry, então colunista da Revista Veja, escreveu um artigo chamado "Corruptos de Fé?" (http://arquivoetc.blogspot.com/2005/04/andr-petryos-corruptos-de-f.html ). Nele foi retratada a corrupção do deputado "evangélico" Alessandro Calazans, flagrado em uma filmagem pedindo propina quando presidia uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele foi inocentado pelos deputados "irmãos" (cerca de 25). Petry não destacou o fato de se tratar de um evangélico corrupto, o que ao seu parecer, não faz a menor diferença para com um espírita, católico, ou outro grupo religioso. Sua indignação foi com a associação dos irmãos no processo de absolvição, o que demonstra que a que uniu esses deputados estava acima de qualquer valor moral. Nunca gostei muito das posições adotadas por André Petry em seus artigos, mas devo admitir que sua crítica nesse episódio em questão foi bem imparcial.


Pois bem, cinco anos se passaram, outros escândalos relacionados a evangélicos também permearam as colunas da mídia. O mais recente, ocorrido em Brasília, onde a corrupção gospel se destacou através do deputado Rubéns César Brunelli, que orou junto com seus irmão em gratidão pela propina recebida. O distinto deputado é filho de Doriel de Oliveiro, fundador da Igreja Casa da Benção auto intitulado apóstolo. Este deputado tem em seu currículos de projetos de lei, destancam-se muitos projetos favoráveis aos evangélicos, em sua maioria festividades. Neste mesmo episódio também foi flagrado com as meias na mão, ou melhor, dinheiro na meia, o deputado Leonardo Prudente, membro da Sara Nossa Terra, denominação que pertence ao Bispo Robson Rodovalho. Até agora nenhum atitude pública foi tomada quanto a esse distinto membro da Sara. Paulo Otávio, que também têm estreitas relações com a Sara há muitos anos, é o vice-governador do DF, e está por um fio.

Como disse no início, creio no poder de Deus para converter homens atolados nos mais variados tipos de corrupção, e dentre eles o ladrões; mas o que dizer de homens que convivem com a verdade há muito tempo e não se arrependeram? O que dizer da relação entre pastores e esses homens? Onde fica a disciplina, uma das marcas de uma igreja fiel ao Senhor Jesus?

Não creio que a corrupção é como uma doença contagiosa, creio que "boi preto conhece boi preto". Creio que os corruptos se atraem, contrariando a lei da física de que os opostos é que se atraem. Esses corruptos da política encontraram apoio em outros corruptos, que antes de roubarem dinheiro, já assaltavam a verdade bíblica em benefício próprio. Nesse caso, ladrão que ajuda ladrão, tem a eternidade para condenação.