sábado, 30 de janeiro de 2010

A Patologização do Pecado II


O pecado não pode ser confundido com doença, como já expus anteriormente. Mas, em certo sentido, as doenças servem para uma melhor compreensão da natureza do pecado. Como disse, as doenças são anomalias que causam um mal funcionamento do corpo, em suma, algo gravemente errado em nosso organismo que pode desencadear em morte.


Mas, se alguma coisa esta errada, empenha-se no conserto, e, quando se está doente, busca-se cura. Neste sentido encontramos a primeira proximidade entre o pecado e a doença. O pecado é uma evidência de que há algo errado no ser humano. Alguma coisa anômala encontra-se na humanidade que produz tantas mazelas em sua existência. O pecado é uma doença no sentido de que aponta uma disfunção moral radicada na humanidade. Isso deve nos fazer pensar que existe um perfeito funcionamento para o ser humano em sua conduta moral. Jesus é a perfeita humanidade que contrasta com todo o pecado cultivado ao longo dos séculos. Nele temos a cura para para esta enfermidade.


Em um outro sentido muito explorado na Bíblia, doenças são associadas ao pecado como ilustrações. As características das enfermidades apontam para os efeitos do pecado sobre o homem. O caso da lepra pode muito bem ser associado à insensibilidade do coração para com a própria miséria espiritual. A cegueira é como a incapacidade de ver a direção que Deus dá. A surdez não permite que se ouça a Palavra que salva. A paralisia de algum membro nos a incapacidade em obedecer ao mandato deixado por Deus. É bom ressaltar que isso tem carácter ilustrativo, e que não necessáriamente se aplica ao enfermo. Muitos cegos enxergam espiritualmente melhor do que pessoas que não têm nenhum problema de visão; muitos surdos da mesma forma ouvem melhor. Em todos esses casos, a Palavra é a cura para a cegueira, a surdez, a insensibilidade e a incapacidade do homem para com o que Deus têm para ele.


Finalmente devo expor a íntima relação entre doenças, pecados e morte. Enfermidades são associadas à morte como somar dois mais dois e encontrar quatro. Uma dença não tratada evolui para a morte. O que não se considera na maiorias das vezes é o sentido inverso dessa equação, ou seja, como a morte evolui para as doenças. Em Gênesis 3 podemos observar esse "fenômeno" quando Deus puniu o pecado com a Morte. Houve morte em vários sentidos. Primeiramente espiritual, pois o relacionamento harmonioso com Deus foi quebrado (v. 8). Depois a social, pois a harmonia entre homem e mulher também se desfez (v. 12). Houve finalmente morte física, pois o homem não continuaria íntegro como fora criado, pois seu corpo seria separado de sua alma (v. 19). A morte física foi o último juízo aplicado por Deus sobre a humanidade por causa do pecado, e faz com que todos se lembrem que existe um julgamento sobre todos os seus atos. Muitas doenças são consequências do estilo de vida que se têm, não havendo zelo pela própria integridade física.


Assim, o pecado indiretamente é a fonte de todas as doenças, pois estas são agentes da morte física. Mas como afirmou-se no início, assim como há uma expectativa de cura para todas as enfermidades, há expectativa de santidade frente ao pecado. Deus criou o homem perfeito, em todos os sentidos, inclusive físico e espiritual. Todavia, à semelhança de uma pandemia, o pecado entrou na humanidade por Adão. Porém, Jesus trouxe cura para essa enfermidade mortal. Não é por acaso a associação que encontramos em Isaias 53. 4-5:


Certamente ele tomou sobre si as nossas infermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o refutávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.


Fica claro que nossas enfermidades ali estão em paralelo com as nossas transgressões, e que o sofrimento de Jesus é a causa de nossa paz e cura. Somos restabelecidos à Deus por meio de Cristo Jesus, que morreu a nossa morte na cruz. Como diz o título do livro de John Owen "A Morte da Morte na Morte de Cristo". Somos assim mais que curados, somos ressuscitados. Estamos livres não de qualquer enfermidade, mas da maior de todas elas, a Morte.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!!! Trízimo?!?!?

O ApósTOLO Valdemiro Santigo, no mês de dezembro de 2009 lançou a sua rede em busca dos peixes estampados nas notas de 100 reais. Em uma campanha em que ele pede o trízimo, ou seja, o dízimo para cada pessoa da trindade, mais uma vez promessas de ganho maior são lançadas sobre o consumidores da fé caça-níquel.

Como de costume, o saquitel (furado - pois sempre tem outra campanha para abastece-lo) é acompanhado com uma cartinha, bem ao estilo daquela que as crianças mandam para o Papai Noel. O falso apóstolo e os seus jagunços sobem o monte com essas cartas para que Deus possa responde-las. Segundo o Mazzaropi* Gospel, com os 70% restantes, o investidor fará coisas que nunca fez(?), que o mesmo irá arrebentar no ano de 2010.

Diante de abominações como essa me pergunto: Até quando Senhor?

(*) É até uma ofensa à memória do grande comediante Mazzaropi essa comparação, mas tá pra nascer sujeito mais jeca que esse Valdemiro.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Não estamos sós!


A solidão assusta muita gente. Fugindo dela muitas pessoas se lançam em comunidades, reais ou virtuais, em busca de compania. Atualmente, a excessiva exposição pública é uma maneira de sobrepor a solidão ao extremo - é possível hoje "ter 1 milhão de amigos", ainda que nunca os tenha visto em carne e osso.


Nesse mesmo sentido, muitas pessoas querem se sentir acompanhadas de Deus. Dizer que não está sozinho porque Deus está presente pode ser muito confortante. Considerá-lo um amigo tem sido um recurso que muitos têm adotado, ainda que em muitos casos se trate meramente de um conhecimento virtual. Contudo, a compania de Deus tem o seu outro lado, por vezes ignorado.


Não gostar da solidão, nem sempre significa querer uma compania 24 horas todos os dias. É muito bom ter amigos, mas todos querem um espaço para si. Mesmo aqueles que sacrificam sua intimidade em busca da fama se ressentem da exposição excessiva. Como num pendulo, ora fogem da solidão, ora procuram estar sozinhos. Mas com Deus não existe esse espaço pessoal, Ele está sempre lá.


Deus não é como um amigo virtual. Ele não pode ser bloqueado no MSN, nem deletado da sua conta do orkut. Ele não pode ser tratado apenas como um número infinitamente majoritário na sua lista de amigos, que serve apenas para aumentar o seu cacife como alguém popular. Ele sim tem uma "lista" de amigos chamada de Livro da Vida, onde adicionou na eternidade aqueles por quem daria o seu sangue. Ele é onipresente, e sendo assim, não temos privacidade alguma. Ele é onisciente, não se pode esconder nada de seus olhos. A Palavra diz que Ele nos conheceu ainda no ventre de nossa mãe, quando éramos substância informe; que nos cerca por trás e por diante, e que não existe palmo no mais profundo abismo ou no mais alto céu onde se possa dEle esconder (Salmo 139). Ele é o Deus que me vê (Gênesis 16.13).


Quando nos sentimos abandonados, sozinhos nesse mundo, esses atributos de Deus parecem confortantes. Mas quando estamos cheios de si, dedicados a qualquer tipo de autosatisfação, isso se torna incomodo. Não podemos esconder de Deus nada a nosso respeito, e se cremos que Ele é Santo, sabemos que há muitas coisas que temos feito das quais não se agrada. Não podemos fugir, e isso é terrível. Mas, por outro lado, convencidos e arrependidos do nosso pecado, é maravilhoso que encontremos nEle santidade. Não podemos pensar como nosso pais que em algum lugar do jardim, escondidos atrás de folhas despistariamos Deus. Tudo está diante dos seus olhos (Provérbios 15.3). E não se trata de mero conhecimento externo, Ele conhece o nosso coração melhor que nós mesmos (Jeremias 17.9, 10).


A solidão é terrível, mas a presença de Deus também pode ser. Só podemos nos render aos seus pés, ou perecer diante dEle. Em sua compania não existe meio termo, ou Ele é nosso maior e melhor amigo, ou o pior inimigo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mais um sonho que me tirou o sono


Acordei há 30 minutos (5:50) e não consegui dormir mais. Tive um pesadelo, não exatamente como o que tive quando estava nos Estados Unidos e que registrei nesse blog (14/07/09), mas com o mesmo teor: Guerra. Na verdade, não chegou a ser pesadelo em seu exato sentido, pois não houve imagens aterrorizantes, mas o sentimento deixado foi perturbador.

Era noite, eu estava nos Estados Unidos, em um jardim no meio de várias casas, provavelmente em um condomínio, jogando sinuca com uns rapazes que não conheço.Havíamos acabado de sair do culto de domingo. Perdia o jogo de lavada, quando um dos rapazes que estava em uma cadeira com notebook se aproximou e interrompeu o jogo nos chamando para sair. Ele disse que tínhamos que fugir, e então notei que pessoas de outras casas já estavam correndo. Nos disse então que o país estava sendo invadido. Disse que precisava voltar para a casa da minha irmã, e ele respondeu que não havia tempo. Acordei.

Não se foi a imagem do sonho em si, mas a idéia de uma iminente guerra. Acordei pensando em minha irmã e sua família, em atentados com homens bomba, devastação como só conhecemos nos livros de história. Pensei depois em Mateus 24.6-7, quando fala-se em rumores de guerras, pestes, fome e terremotos.

Sei que tudo isso tem se cumprido ao longo dos séculos conforme a Palavra do Senhor, e como diz o texto, é só o princípio das dores. Mas não deixa de ser terrível imaginar ou sonhar com essas coisas. A recente tragédia no Haiti, assim como tantas outras ao longo desses últimos anos, onde milhares de vidas foram ceifadas, me faz sentir cada vez mais perto disso que é só o princípio. E quando chegar o fim propriamente dito, a grande tribulação (Mt. 24.21)? Só a perseverança de Deus sobre os seus santos para nos guardar nesses dias que ainda virão.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Patologização do Pecado I


O pecado pode ser considerado uma pandemia? Seria ele uma doença alastrada em toda a humanidade desde da queda de nossos primeiros pais? Em certo sentido entendo que não, mas em outro vejo que sim. Não estou sendo contraditório, eu explico. Neste primeiro texto exponho como o pecado não pode ser entendido como enfermidade. No próximo, trato da proximidade e semelhanças que existem entre pecado e doença.

De alguns anos pra cá o pecado vem sofrendo uma certa alteração em seu sentido essencial, e vem sendo retratado como se fosse uma doença. É a patologização do pecado, ou seja, o processo pelo qual trata-se um mal moral como se fosse uma doença. Ora, uma doença deve ser entendida enquanto uma disfunção do organismo, uma anomalia que causa dano a saúde do indivíduo. Isso está primariamente relacionado ao corpo humano, sua constituição física. Apesar das mais variadas causas que as doenças podem ter, em si, a doença é um agente amoral. Sobre ela não se pode atribuir culpa, pois também é um agente impessoal.

Quando o pecado é visto como doença, e o pecador como doente, terceiriza-se a culpa do mesmo, e torna-o em uma vítima das circunstâncias. O tratamento para uma enfermindade não significa uma tranformação moral, mas a priori a aceitação orgânica de algum composto (remédio) que possa expulsar a doença do organismo e adequação à hábitos salutares. Tudo isso passa muito longe da realidade do pecado.

Existem, ao meu ver, duas formas pelas quais se têm patologizado o pecado: a espiritual e a psicológica. Esta primeria se dá quando o pecado é atribuido diretamente à demônios que têm legitimidade sobre a pessoa por algum pacto feito por ele ou por alguém relacionado a si. A solução deve ser encontrada em uma sessão de descarrego ou quebra de maldições. Os babalorixas evangélicos que se utilizam das mais variadas técnicas místicistas para "libertação". Esses miseráveis desconhecem Colossenses 2.14,15. Pode parecer extremamente cômodo ver os seus pecados atribuídos ao Diabo, mas se assim o fosse, Jesus não teria que morrer na cruz, mas simplesmente expulsar todos os demônios da terra.

A outra forma de patologização se transveste de um ar mais contido, aparentemente mais culto e menos ocultista. Mas isso a outra ponta da mesma ferradura. Atribuindo o pecado a algum tipo de trauma psicológico sofrido em algum momento da vida, troca-se apenas a suposta causa (de um espírito para um evento), mas é mantida a estratégia de tirar do indivíduo a responsabilidade pessoal. Algum trauma sofrido não dá a ninguém o direito de pisar a lei de Deus, como se a obendiência estivesse vinculada a um histórico de vida feliz e perfeito. O salario do pecado é a morte, e qualquer sofrimento menor que esse não dá ao ser humano o direito de rebelar-se contra Deus. Uma safra de psicólogos formados em cursos de fim de semana ministrados em igrejas, têm se aventurado a tratar em grupos de apoio pessoas escravas do pecado. Acreditam que perdoando a si, aos outros, ou até mesmo a Deus, o indivíduo pode ser restabelecido e se ver livre de suas mazelas.
Tanto na espiritualização, quanto na psicologização, recorre-se ao passado, a um pacto ou um trauma infligido pelos pais aos filhos, o que obviamente contraria a Palavra de Deus quando se diz:
Naqueles dias, já não dirão: Os pais comeram as uvas verdes, e os é que filhos se embotaram. Cada um, porém, será morto por sua própria iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão. (Jeremias 31. 29,30)

O pecado é um mal moral e tem como causa primária e maior o próprio indivíduo. Ele não é vítima, mas réu, e deve responder por seus atos e pensamentos que desacatam a santidade de Deus. É extremamente covarde e estúpido atribuir a causas externas ou terceiros essa responsabilidade. A disfunção que existe é de ordem moral, e deve ser tratada pessoalmente contestando o pecador. Em suma, a transferência do pecado, seja com argumentos espiritualistas ou psicológicos, não coincide com a verdadeira cura que a Bíblia apresenta. Não é necessário ao pecador fé em Jesus Cristo, sua cruz e ressurreição. Não demanda a morte do velho homem e um novo nascimento, mas simplesmente um ajuste, ou uma melhora efetuada pelas terapias ou despachos praticados em igrejas evangélicas. Tudo isso nega a verdadeira enfermidade em que o homem se encontra: A Morte Espiritual.

sábado, 2 de janeiro de 2010

BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE - Milton Nascimento (letra)


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão"
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Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino do céu.
Mateus 18.4