terça-feira, 11 de maio de 2010

O evangelho proclamado também deve ser defendido


Existe uma severa crítica à crítica dentro das igrejas evangélicas. Algumas pessoas argumentam que o tempo que se gasta "criticando" teologias, ministérios e líderes, deveria ser dedicado ao evangelismo. Esse pensamento pseudo-espiritual tropeça na Bíblia e na História da Igreja Cristã.


Os apologistas nos primeiros séculos da Igreja aplicavam-se em defender o evangelho e a Igreja Cristã diante dos ataques sofridos da parte dos pagãos do Império Romano. Várias acusações infundadas contra o cristianismo nos primeiros séculos foram cotra atacadas por homens que gastaram tempo buscando provar que os cristãos não eram merecedores de perseguições como as sofridas naquela época. Os argumentos dos apolistas eram de cunho negativo e positivo, ou seja, por um lado demonstravam que o cristianismo nada tinha em comum com as acusações depreciativas, por outro demonstravam que o evangelho de Jesus era superiormente incomparavel a fé pagã e judaica. Justino Mártir e Tertuliano são nomes que se destacaram nesse propósito.

Por sua vez, os polemistas se aplicavam na luta pela pureza do evangelho dentro da Igreja, indo contra heresias que mesclavam mentiras a verdade, e se apegavam assim às doutrinas cristãs. Falsos ensinos como o Gnosticismo e Montanismo marcaram os primeiros séculos. Irineu escreveu a obra "Contra Heresias" para refutar doutrinhas gnósticas.

Falando mais especificamente dos polemistas, podemos dizer também que não foi só a partir do segundo século da era cristã que eles surgiram. Em certo sentindo, podemos achá-los na própria Bíblia. O apóstolo Paulo foi um vigoroso polemista, lutando contra heresias judaizantes (Gálatas - resistindo o próprio Pedro), como também lutando contra falsos apóstolos (2 Coríntios 11). João foi um forte polemista contra a heresia gnóstica que estava surgindo na Igreja no fim do primeiro século. Pedro combate intensamente alguns falsos mestres na sua segunda epístola, e Judas faz o mesmo emulando algumas das palavras do apóstolo. O próprio Senhor Jesus era forte polemista contra os abusos farisaicos de observação vazia da lei (Mateus 23). No Antigo Testamento, os profetas muitas vezes falavam contra os falsos profetas que profetizavam suas próprias idéias e sonhos.

A Palavra de Deus nos incumbe não só de anunciar as boas novas do evangelho, mas também de militar pela sua integridade para que toda e qualquer torção doutrinária seja tratada com o máximo rigor. É preciso postura como a que Paulo requer daqueles que um dia receberam o evangelho:


Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Galátas 1.8