domingo, 25 de julho de 2010

Sombra do que está por vir







Ontem, sábado , dia 24, tive pela primeira vez uma experiência de tato com meu filho. Ele já está com quase cinco meses, é um menino, e é muito agitado. Candice disse que começou a senti-lo mexendo nessa semana, e antes de dormirmos disse para eu colocar a mão em sua barriga. Pude senti-lo mexer também. Essa sensação de seus movimentos, ainda que incompleta, é maravilhosa.


Minha mulher além de ginecologista e obstetra, também é formada em ultrassonografia. Pelo menos duas vezes por semana ela tira um tempo em seu expediente no ultrassom para dar uma olhada em nosso filho. Na sexta-feira, no fim do seu expediente pude dar uma espiada nele. Manejei com muita dificuldade o aparelho de ultrassom, seguindo as orientações da "doutora-mãe-e-paciente". Tirando os aspectos rotineiros de saúde, o que mais me faz desejar vê-lo (se fosse posssível todos os dias) na ultrassom é o anseio por suas formas. Tentar enxergar o seu rosto, seus pezinhos, mesmo em imagens tão distorcidas e escuras é um sinal do quanto estamos ansiosos por sua vinda.


O toque através da barriga da mãe, as imagens de um ultrassom, tudo isso traz sensações limitadas, mas mesmo assim são gratificantes. É pouco, mas nos faz saber que nosso filho está perto e bem. Não é nada perfeito, mas é o que temos até o dia em que ele deixar o seu mundinho no ventre da mãe para adentrar o nosso aqui fora. Quando isso acontecer, não fará sentido ficar em frente a um monitor com imagens nada nítidas. Não ficaremos mais esperando seus movimentos ocultos na barriga de sua mãe. Nós o teremos em nossos braços, poderemos vê-lo, beija-lo, cheira-lo, e ouvi-lo. Enfim, teremos o nosso filho conosco, disponível a todos os nossos sentidos. O que é em parte será deixado para trás.


Depois desses dias me peguei pensando de forma análoga na vinda do Filho de Deus. No Antigo Testamento existiram muitos sinais de sua primeira vinda. A liturgia do povo de Israel, os sacramentos, e o próprio desenrolar da história apontavam para a vinda do Messias. Paulo nos fala em Colossenses 2.17 a respeito do que era sombra das coisas que estavam por vir, sendo os sinais que apontavam para a vinda de Jesus e sua salvação. Na antiga aliança Deus concedeu a circuncisão, tirou Israel do Egito instituindo a Páscoa, alimentou o povo no deserto com o maná, e muito mais. Todas essas coisas e ainda outras, apontavam para Aquele que selaria para si um povo tirado da morte do pecado, e que seria suprido por Ele mesmo, o Pão da vida.


É maravilhoso que hoje possamos contemplar na Palavra o Filho que já veio. Não há necessidade de voltarmos à sombra, uma vez que Ele se fez carne, e habitou entre nós (João 1.14). Mas nesse mesmo sentido, também hoje esperamos a segunda vinda de Cristo. Isso é muito claro todas as vezes que quando tomamos a sua Ceia e "anunciamos a sua morte até que Ele venha" (1 Coríntios 11.26). Cada vez que lemos a Escritura, depositamos nossa fé na obra consumada de Jesus, e lançamos nossa esperança em sua volta.


Os sinais da primeira vinda não mentiam, e assim sendo, podemos ter certeza de que os da segunda também não falharão. Será maravilhoso, uma vez que não o sentiremos mais no pão ou no cálice, mas que estará diante dos nossos olhos, ao alcance de nossas mãos. Sua voz será audivel, como era para Moisés (Deuteronômio 34.10).


Nosso filho deve chegar no fim de novembro. Ele ainda não tem nome. Não sabemos se será mais parecido com o pai ou com a mãe. Mas nós já o amamos, sem nome e sem aparência. Nos alegramos muito com cada sinal que temos dele. Mas é certo que tudo isso ainda é pouco, perto do dia em que o Deus o entregar em nossos braços. Quando Jesus voltar, nenhuma alegria, prazer ou satisfação nessa vida poderá ser comparada com o júbilo que sentiremos. A satisfação que já temos em sua Palavra e sacramentos se tornará infinitamente maior em sua presença. Obrigado Pai pelo nosso filho. Obrigado, pelo seu Filho.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ainda falando sobre "serviços prestados"


Nos últimos post falei dos fiéis clientes que desejam ser adulados para permanecerem nas igrejas. Demonstrei como muitas igrejas têm se desdobrado para agradar essas pessoas a ponto de perder de vista o propósito para o qual existem. Por muito tempo enxerguei essas comunidades como mercados da fé, onde eram oferecidos vários produtos conforme a necessidade do cliente. Mas recentemente tenho notado que algumas dessas comunidades mercantilistas têm se "especializado" em alguns ramos, mais precisamente falando, em alguns pecados. Dedico esse post ao caso das "igrejas gays".

O caso mais recente no Brasil é a da Igreja Cristã Contemporânea, que se apresenta como pioneira no movimento de inclusão de homossexuais em um sistema religioso. Trata-se de uma denominação que visa apoiar o pecado da homossexualidade, o qual é claramente condenado em Romanos 1.24-28. Baseados na suposta marginalização dos homossexuais, essa denominação assume o compromisso de resgatá-los dessa condição social através da inclusão desse grupo no Corpo de Cristo.

Não se pode confundir alhos com bugalhos. Primeiro é preciso esclarecer que há mais de uma década os homossexuais não devem ser vistos como um grupo marginalizado. Hoje eles são (no bom sentido) figuras ativas na sociedade, participando praticamente de todo mercado de trabalho. Lutam recentemente para ingressar no exercito fora do anonimato. A luta para constituir "família" através do "casamento" e pela possibilidade de adotar crianças, cada dia se torna mais próxima da realidade desse país. Se alguns ainda são marginalizados, isso se deve ao tipo de "trabalho", como no caso dos travestis que se prostituem. Mas fora esses, a maioria dos homossexuais desempenham funções sociais comuns às demais pessoas. Portanto, socialmente falando, a pós-modernidade já cumpriu a missão de resgatar os homossexuais da margem social.

Essa tentativa de inclusão postiça esconde outra intenção. A idéia de que ser plenamente incluso no caso da Igreja Contemporânea passa pelo conceito de ser parte do Corpo de Cristo. Como se não fosse suficiente que a sociedade em geral aceitasse o homossexualismo, esses militantes, que são frutos da cultura gospel, lançaram-se no encalço por uma igreja própria, a fim de tornar a dor da rejeição mais amena. Não basta ser aceito pelos homens, é preciso ser aceito por Deus. Não basta tomar a sociedade, é preciso tomar o Reino dos Céus.

O grande engano dos gays auto denominados evangélicos, é achar que a rejeição sofrida irá desaparecer quando fizerem parte de uma igreja. De nada vale ganhar o mundo e perder a sua alma (Marcos 8.36). Eles podem ser aceitos em toda sociedade, aceitos em uma igreja criada para si, mas perdem suas almas uma vez que ainda trilham o caminho para o inferno. Jesus é o único caminho de volta para Deus, e todo aquele que trilha esse caminho precisa deixar para trás a estrada da perdição (Mateus 7.13). A homossexulidade nada mais é que uma das muitas manifestações dos estado de perdição em que se encontra o pecador (1 Coríntios 6. 9,10). Nem eles, nem qualquer outro pecador que não se arrepende do seu pecado, pode entrar no Reino.

Essa louca tentativa de criar uma igreja que sirva de amparo para o pecado, nada mais é que uma armadilha terrível, uma vez que estão chamando o errado de certo, o amargo de doce (Isaías 5.20). Em Juízes 18 podemos ver como os filhos de Dã tomaram para si o levita Jônatas, para ser sacerdote de sua tribo a fim de encobrir todos os seus pecados de violência e transgressão. Esse mesmo levita já era sacerdote de um idólatra ladrão chamado Mica (Juízes 17), inaugurando em Israel a privatização do culto. Quando seguiu os homens da tribo de Dã, apenas seguiu seu instinto comercial, uma vez que fez do sacerdócio um comércio.

Hoje, dessa mesma forma, cria-se igrejas que servem aos pecados de cada um. Já existiam igrejas que serviam a ganancia, agora é a vez daquelas que servem a imoralidade. Assim como essas denominações caça-níqueis dividiram-se e multiplicaram, em franca competição, o futuro dessa nova denominação também é a divisão e a disputa pelo mercado homossexual.