quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Lloyd-Jones falou, Lloyd-Jones avisou...



Dr. D. Matyn Lloyd-Jones em sua obra Pregação e Pregadores afirma o seguinte nas páginas 21 e 22:

Pior ainda tem sido a incrementação do elemento entretenimento no culto publico – o emprego de filmes e uso de mais e mais cânticos; a leitura da Palavra e a oração foram drasticamente abreviadas, porém, mais e mais tempo foi sendo consagrado aos cânticos. Já existe um “especialista em musica” como se fora uma nova espécie de oficial eclesiástico, e ele conduz os cânticos, e supostamente compete-lhe produzir o ambiente próprio. Porém, ele gasta tanto tempo para produzir o ambiente próprio que não resta tempo para a pregação nesse ambiente! Tudo isso faz parte da depreciação da mensagem.
Então, como se não bastasse, há a apresentação de testemunhos. É interessante observar que à medida que a pregação como tal vem declinando, os pregadores mais e mais têm se utilizado das pessoas para que dêem seus testemunhos; principalmente se são pessoas importantes em qualquer outro ramo da vida. Dizem que isso atrai as pessoas para o Evangelho, persuadindo-as a dar-lhe ouvidos. Quando se puder encontrar um almirante, um general, ou qualquer outra pessoa que tenha um título especial, ou um jogador de futebol, ou um ator, atriz ou estrela de cinema, ou cantor de música popular, ou qualquer outro personagem bem conhecido do público, então que se dê a tal pessoa a oportunidade de dar seu testemunho. Isso é reputado como algo muito mais valioso do que a pregação e a exposição do Evangelho. Vocês já notaram que classifiquei tudo isso sob o termo “entretenimento”? Acredito que todas essas coisas não passam disso. Mais é isso que a Igreja vem procurando, ao mesmo tempo em que tem voltado as costas para a pregação.

Esses "ministros de louvor", por vezes auto intitulam-se "levitas". Acreditam realmente que o louvor liberta, ou até mesmo que ministram ao coração de Deus. Os testemunhos, como um peso de comprovação do poder de Deus, respaldam-se mais na história do indivíduo, do que na história da salvação (historia salutis).
Escrito em 1971, esse livro já considerava os desajustes entre a proposta de culto e a pregação. A análise neste primeiro capítulo intitulado "A Primazia da Pregação" é analisar o descaso para com a exposição bíblica. É uma pena que sua observação tão pertinente não foi ouvida.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sonhos sem explicação

Quando comecei a escrever.

Esse é mais um sonho contado como sonho. Ainda nem bem amanheceu, e nessa madrugada já acordei duas ou três vezes. Primeiro com a forte chuva que me fez ir a sala fechar a porta da sacada e me deparar com meu netbook sendo borrifado de água. Graças a Deus ele passa bem.
Em seguida, mesmo acordado fui despertado novamente pela noticia da morte do Bispo Robinson Cavalcanti e de sua esposa. Sua morte me fez refletir sobre a misericórdia e o amor de Deus. Pensei que por mais que tenha servido um homem, com todos os seus conceitos pessoais, a entrada na vida é tão somente pelo único e estreito caminho da Verdade. Não compartilhava de alguns de seus pensamentos, mas creio que adentramos a mesma porta estreita que conduz a salvação.
Dormi mais uma vez e sonhei, e como a maioria dos sonhos, coisa sem pé nem cabeça. Mas o tronco desse corpo sem pé e cabeça era algo mais ou menos assim. Conheci alguns missionários, ou pastores americanos de uma igreja racionalista, como se apresentaram. Perguntei-lhes no criam, e me disserem que em tudo que podia ser apreendido pela razão, pelos sentidos, o que consideravam real. Perguntei o que adoravam nessa igreja, e então ficaram sem resposta. Disse-lhes que algumas coisas você simplesmente não pode explicar. Que Deus não contraria a razão, mas é maior que ela. Que seu Filho se encarnou na historia, mas existe antes dela. Que isso não era contrario a razão, mas além dela. Na seqüência do sonho, me via procurando por açaí para servi-los, e então descobri que o pote tinha ficado fora do freezer e descongelado. Acordei sem conseguir achar nada para oferecer-lhes.
Benício começou a chorar e o levei para cama às 5:30 para dormir conosco. Mas não voltei a dormir mais.

Quando terminei.

"O que me faz viver, vai além da lógica. É maior do que a amplitude cósmica. Que o meu pensar." (VPC)

"Something you just can't explain."

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Crentes e o Carnaval


O Carnaval é uma época esperada por muita gente. Para alguns "o melhor período do ano". Para outros, o pior. E em vários casos, os últimos dias de vida. O número de mortes, acidentes e outros tipos de mazelas costumam se amontoar nessa época. Para mim, no período de Carnaval de 1993 eu morri e ressuscitei.
Foi em um retiro de Carnaval da Igreja Presbiteriana de Cuiabá que fui decisivamente alcançado por Cristo. Nascido e criado nessa igreja, eu não conhecia pessoalmente o meu salvador, mas apenas de ouvir falar. Pela graça de Deus, em circunstâncias de profunda humilhação e quebrantamento, em uma das noites de retiro, o Senhor matou o velho homem e me fez nascer filho de Deus. Desde então tenho crescido nessa mesma graça e sido alimentado por sua Palavra.
Sei que assim como eu, milhares de pessoas foram e são alcançadas em retiros na época de Carnaval. Apesar dos retiros serem programados para os membros da igreja, sabemos que muitos que se dizem "crentes" (como eu  até então), não nasceram de novo ainda. Há também os visitantes que acompanham amigos para os retiros, e esse é também um tempo muito propício para que conheçam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.
Todavia, de tempos para cá, grupos de evangelismo de impacto têm deixado as fileiras dos acampamentos e entrado no território inimigo para ali anunciar a Palavra. Já fiz isso no tempo de seminário. Por dois anos evangelizei em Brasília na Micarecandanga, e em Caldas Novas no Carnaval de 2001. Sei de pessoas que foram alcançadas por Cristo nesse contexto. Creio que trata-se de um trabalho necessário também.
O que não pode existir entre os crentes é uma disputa destas duas frentes de trabalho. São ambas necessárias no seu âmbito de atuação. Ambas devem servir ao Reino e não a satisfação pessoal dos crentes. Nisso é possível observar distorções no propósito.
Creio que os retiros servem para que os irmãos tenham um tempo maior de comunhão, crescimento nos estudos bíblicos e intensa evangelização daqueles que ali estão mas que ainda não são crentes verdadeiros - sejam os visitantes, assim como os membros meramente nominais. O foco é perdido quando o retiro se torna um refúgio, um tempo apenas para nos afastarmos do mundo. Nos esquecemos que o próprio Senhor Jesus orou para que não fossemos tirados do mundo (João 17.15). O mundo decaído pelo pecado não se encontra do lado de fora das portas da igreja, mas na vida e no proceder de cada pessoa que não é nova criatura. Imaginar que em um acampamento é possível ficar longe da carnalidade por um simples deslocamento geográfico é muita ingenuidade. A iniquidade das pessoas as acompanham onde quer que estejam. Os acampamentos não estão imunes a carnalidade das pessoas, e quem já trabalhou em retiros sabe disso. Assim, mesmo "retirados", precisamos de ofensiva bíblica na vida dos acampantes, não mero entretenimento.
O evangelismo nas festas de Carnaval é ao mesmo tempo simples e difícil por uma série de fatores. É simples porque a mensagem do evangelho é uma só onde quer que estejamos: A vida, a morte e a ressurreição de Jesus como cumprimento do plano de salvação de Deus. A necessidade de arrependimento e fé nessa palavra para termos vida eterna em Jesus. Quando pregamos em meio a uma festa de Carnaval é necessário salientar que a vida em Cristo exclui a vida na carne (Romanos 8.1). É compatibilização entre o Reino e o Mundo dizer: "vamos mostrar as pessoas que podemos ser feliz sem drogas e sexo. Vamos mostrar as pessoas que somos feliz com Jesus."  O foco da mensagem passa a ser a alegria dos crentes, e não do senhorio de Cristo. Acreditam que o foco do evangelismo é o seu estilo de vida - uma vida alegre, sem vícios, sem imoralidade, com Jesus como adicional. Isso não passa de um farisaísmo recauchutado. Em alguns casos, procura-se até mesmo "converter" o Carnaval, tornando-o em algo aceitável aos padrões evangélicos, como se tenta fazer com outras festas. Se esquecem assim de que é impossível servir a dois senhores (Mateus 6.24). Ou estão ali para servir a Jesus ou a carne.
É bom que se faça desse período de Carnaval como todos do ano: tempo para servir ao Senhor de nossas vidas. Seja no acampamento, seja evangelizando no Carnaval, o evangelho da salvação em Cristo deve ser anunciado.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Quando a vida é uma festa...

Na Bahia, as autoridades públicas, de ambos os lados nesse processo de greve, governo e segurança, não estão preocupados se "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu". Já morreram mais de 100, mas o que realmente pesa na decisão final é se haverá ou não Carnaval.