sexta-feira, 31 de agosto de 2012

E se você pudesse começar tudo de novo?


           
            Muitas pessoas acreditam que se tivessem uma segunda chance na vida, tudo seria diferente. Creio que, pelas implicações lógicas, começar tudo de novo certamente é começar diferente. A grande questão é se as coisas seriam melhores. Ou, melhor dizendo, se as coisas seriam endireitadas.
            Sim, é possível começar de novo. Mas isso não é o suficiente, é preciso começar direito. Tornar as coisas diferentes, por piores que elas sejam não significa torna-las melhores. Sempre é possível piorar. É preciso que o novo começo seja como uma nova estrada, endireitada, aplainada como um tapete, e na direção verdadeira.
            A Palavra de Deus nos fala em um novo começo, o novo nascimento! Jesus diz no Evangelho de João 3.3: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Ou seja, novo começo é possível, e na direção certa, do Reino de Deus.
Não se trata de reencarnar, mas nascer do Espírito Santo. Essa é uma obra maravilhosa que Deus faz em nós, transformando nosso coração pecaminoso, duro como uma pedra, em um coração de carne, vivo e sensível a sua Palavra. Nos tirando da morte do pecado, conduzindo-nos para a vida em comunhão com Ele.
Esse Novo e Vivo caminho (Hebreus 10.20) é o próprio Jesus, que nos salva pelo seu sacrifício perfeito na cruz. Que nos dá o seu Espírito que gera nova vida em nós. Que nos reconcilia para sempre com o Pai.
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (João 14.6)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Uma excelente palavra sobre o Movimento do Parto Humanizado

Esse texto é da Dra. Suzy Meira, médica anestesista no Rio Grande do Sul. Foi postado no blog Cartas Brasilienses da Dra. Juliana Buzzinaro. Trata-se de um excelente texto para quem se dispõe a realmente informar-se e formar-se a partir de fatos.  Sendo assim, segue o texto.
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"Ante as marchas pelo parto em casa, que estão acontecendo pelo Brasil, os posts de amigas queridas, os direitos das pessoas, suas idéias e sentimentos sobre seus direitos e papéis, minha realidade como mãe de 3 filhos saudáveis (nascidos um de cesárea e dois de parto, com e sem analgesia, e amamentados por 9 meses, um ano e meio e outro por dois anos e meio), e sendo médica anestesista, que trabalha há 18 anos em centros obstétricos bem heterogêneos entre si... com pacientes com realidades psicossociais, culturais e financeiras mais heterogêneas ainda... O privilégio que tenho de presenciar o transbordar de muitas vidas lindas que vêm a esse mundo... E também o respeito e o apoio que já comparti quando o karma vence o dharma, e todo o esforço humano tem que se render, ante à impossibilidade de ajudar para a vida que não conseguiu nascer... Convido a pensarmos juntos sobre alguns pontos:


Acredito que a todo abuso de poder, mesmo que leve séculos, haverá uma revanche cultural, social. Para um lado, para qualquer lado, a esmo, ou direcionada por ideologias, entusiasmos, sentimentos verdadeiros, o que for. Certo é que uma revanche ocorrerá. E também de algum modo alguma coisa melhorará, mesmo que no início se penda para o extremo oposto. Isso é assim desde que o mundo é mundo. Com reis, senhores feudais, bispos, magos, médicos, senhores de engenho, aristocratas, políticos... que exerceram algum tipo de autoritarismo, inclusive o de pais e mães de todos os séculos, que também exercem grandes poderes no mundo todo, em cada lar.
Hoje, em diversos segmentos, estamos presenciando essas revanches.


Tudo isso junto me faz pensar...
Se existirá um, talvez mais de um caminho que seja ao mesmo tempo justo e afetivamente aconchegante e confortável, e também espontâneo, instintivo, mas com segurança verdadeira.


Alguém poderá me dizer: 'Ora, mas segurança, risco zero, desde que se nasce, não se tem. A única certeza é que um dia vamos morrer.' Mas não precisamos atravessar a rua em uma faixa de segurança, sem olhar muito para os lados, porque se acredita que tudo funcionará bem, ou que se esteja com tudo sob controle. Muitas variáveis podem se interpor nessa situação. Variáveis que não estávamos esperando, dificuldades de um país em desenvolvimento, dificuldades sociais, econômicas, financeiras. Tantas coisas podem acontecer. Não estou em absoluto comparando um parto em casa com atravessar na faixa sem olhar para os lados. Mas estou propondo que se olhe realmente para todos os lados da situação.


Ninguém pode afirmar que tudo que esteja a princípio bem, vá continuar assim.


Há duas semanas, uma gestante em início de trabalho de parto, com tudo bem, no hospital, teve subitamente um descolamento de placenta. Será que todos sabem o que isso significa?
Para essa mãe, que recebeu atendimento imediato, pois já estava dentro de um local que, além de parto, faz também cesárea, teve sua vida salva, apesar do sangramento profuso. O mesmo não foi possível com seu bebê. Apesar de toda a rapidez de um centro hospitalar obstétrico. Um bebê gordinho, perfeitinho, rostinho parecido com a mãe. Não suportou. Tentar de tudo. Toda a equipe envolvida, agilizando tudo. Impossibilidade. Imobilidade. Silêncio. Dar a notícia. Apoio. Choro e desespero de quem esperava tanto por alguém. Aceitação de que não se é deus. Em um hospital. Ao menos tudo que a tão criticada medicina possa fazer, foi feito.
E se fosse em casa? Em casa de parto? Onde quer que fosse? E se não der tempo, no caso de um imprevisto?


E se o bebê sofrer antes de nascer, com oxigenação insuficiente? Ou se ele tiver que nascer rápido, por risco iminente de morte?


Parece que sou hiper pessimista, fantasiosa até, mas quem vive diariamente as mínimas porcentagens onde tudo vai bem e em pouquíssimo tempo já tem que melhorar pra ontem, para garantir o direito da vida..., sabe o quanto dói para qualquer profissional da saúde e para uma mãe ver um bebê morto, ou asfixiado, com permanente lesão cerebral. Muitas crianças, após alguns anos, começam com déficit de aprendizagem, convulsionam sem muita explicação e vai se ver lá atrás, tiveram partos longos, difíceis, com dificuldades de oxigenação do bebê.


Claro que não significa que vá acontecer uma tragédia todo dia, mas se o 'felizardo' fosse seu bebê... e você não estivesse no melhor lugar do mundo para salvar a vida dele, pelo motivo mais verdadeiro, instintivo e procedente que fosse, você não sentiria nenhuma culpa de levar uma criancinha com retardo mental de carrinho pelo resto da sua vida?


Sim, me parece muito importante o direito de escolha, o respeito.
Mas antes de tudo, o direito à vida. E vida sã. O direito de respirar, de se oxigenar.
Bebês com cérebro funcionando, com toda a sua complexidade e potencialidade.


Morria muita mãe de parto há não muito tempo atrás. Nascia muito bebê 'abobado', como minha bisa dizia. Tá certo, era pra fora, em lugares distantes de um centro. Mas alguém já pensou no tempo que levaria uma paciente para entrar numa ambulância, ou mesmo de carro particular, no trânsito, para chegar em um hospital e lá dentro, estar numa sala de cirurgia e iniciar uma cesárea?
Será que realmente uma estatística inglesa pode ser totalmente aplicada aqui no Brasil, onde nem quem chega ao hospital consegue ser atendido e algumas vezes, nem sobreviver? E na urgência da urgência, então...


Estatísticas de 0,60 e poucos para 1,27% não são significativas?
Será que os europeus tomariam as mesmas diretrizes se tivessem, em profusão, o seguinte material psicossocial junto com o nascimento dos bebês:
Um bebê, a tia que assistiu ao nascimento. Ao ser perguntada se o pai estava nervoso e não quis entrar, a mãe conta que ele estava no presídio há alguns dias, preso em flagrante por assalto a um estabelecimento à mão armada... Que ganhava bem, tinha carro e moto, mas resolveu assaltar. Àquele dia, ela não sabia que ele ia assaltar. Mas que ela estava tranquila, porque ia ganhar do governo ajuda financeira para cada filho...
A outra, uma barriguinha diminuta, o bebê não estava crescendo. Ela já tinha diminuído, mas ainda estava fumando 2 carteiras de cigarro por dia. Mas disse que vai tentar parar... Não fez nenhuma consulta de pré-natal, porque não teve tempo. Não lembra quando engravidou e não sabe para quando é o bebê...
Outra, na festa rave teve ruptura da bolsa, mas não percebeu... Alguém a traz ainda drogada. O bebê cheio de arritmias. Cesárea de urgência. Ela conta que agora vai ir na igreja e vai parar de beber e de usar crack. O marido assistindo ao nascimento e ela contando, rindo, que nem sabe de quem seja a criança...
Outra, 15 anos, engravidou no 'pancadão' (conhecem?) e portanto não sabe quem possa ser o pai da criança. A mãe que a filha pulava a janela de noite e ela nem via.
Outra, gestante de 13 anos sendo acompanhada no parto pela avó do bebê, de 28. A bisa tem 44. A tatara ( trisavó, para os mais exigentes...) tem 65. Perguntada porque nesse caso teve uma distância de vinte anos, esclareceu que a bisa era a terceira filha da tatara.


Fora o aspecto da saúde cerebral do bebê e de possíveis sangramentos da mãe, gostaria de ressaltar uma outra questão:


QUEM teria os privilégios de escolher em que lugar parir seu bebê? Não temos hospitais suficientes, mas disporíamos de casas de parto suficientes? Cesárea de urgência seria também na casa de parto?


E uma mãe mais desprovida financeiramente, que queira ganhar em casa?


Se algum dia, digamos que os tão criticados Conselhos permitissem ao médico realizar partos em casa, o SUS, que já paga mal médicos plantonistas, iria dispor de equipes a domicílio? Parteiras, doulas seriam pagas pelo SUS, para o conforto das gestantes em casa? Quem não tenha carro, nem dinheiro para táxi, esperaria uma ambulância que lhe levasse ao hospital?


Empoderamento, protagonismo da mulher, escolhas, direitos, nascimento digno... Não seria mais simples para uma gestante escolher, como ela certamente faz em relação a qualquer outra especialidade, um obstetra indicado por conhecidos, que tenha concepções mais em acordo com as suas?
Tipo ser 'bem parteiro', que tenha uma boa relação com as pacientes, que seja tranquilo e competente? Tem tanta coisa bonita que se faz em um hospital...


É que isso não aparece no youtube.


Não só em hospitais de convênios, mas nos hospitais que atendem predominantemente SUS, a equipe dá todo um suporte durante o trabalho de parto, e na hora explica o que vai acontecer, esclarece dúvidas, reassegura sentimentos, estimula potenciais. Tem gente que faz verdadeiras terapias breves unifocais, de urgência, com situações psicológicas delicadas da vida da gente. E também ajuda a tirar fotografias, porque às vezes os pais estão nervosos, podendo curtir o bebê tète-a-tète, e também aparecendo nas fotos. Sai cada zoom mais lindinho que o outro. Música da antena 1 tocando. O bebê fica no colinho da mãe. Toma peito. O pai ajuda a dar o banho e fica com o bebê no bercinho aquecido nos minutos que a mãe precisa para ficar pronta do parto ou terminar a cesárea. Depois o bebê fica todo o tempo junto da mãe, se ele estiver bem. Nossa... tanta gente boa fazendo um trabalho tão bonito, no meio de um hospital, mas sem bandeiras. Um potencial sem fronteiras.


Toda ideologia delimita, limita a realidade multifacetada, multifatorial, dialética.
Corre o risco de ser mais fechada que sua vontade inicial de abertura e mudança ante um fechamento.


Num país sem recursos bem administrados, com uma população com valores antagônicos, qual conduta é mais segura às suas necessidades "afetivas, psicológicas e fisiológicas"... Será que não esquecemos de ponderar também as necessidades patológicas de TODOS os envolvidos? Além das patologias físicas que emergem subitamente ante nossos olhos e coronárias... Há as patologias das gestantes com terror à dor, que trocam de médico se este não fizer cesárea; as que processam por qualquer motivo subjetivo se o médico explica da possibilidade de parto e não de cesárea, e algo não acontecer como na disneylandia; as que querem tirar antes o bebê para não ficarem com estrias; há gente apressada, sem paciência, estressada... Há pessoas autoritárias, com ideologias encerradas em si, acirradas, sejam médicos, enfermeiros, parteiros, doulas, gestantes, papais, repórteres, modelos, cantores, favelados, drogaditos, etc... e gestantes que não fazem ideia do que seja uma urgência obstétrica, ou que perderam a aula na facul sobre bactérias, sepse, endometrite, laceração de reto, com colostomia, de descolamento de placenta, ruptura uterina, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, SARA, atonia uterina...parada cardíaca, aspiração de mecônio, paralisia cerebral, hipóxia...
Tudo isso, a partir de uma coisa tão bonita, natural, simples e complexa, que é um parto.


Tudo pode acontecer.
Rogo ao senhor do tempo e de todas as variáveis...
Se alguém for ateu e for criticar meu também direito a achar alguma coisa, como todo mundo...
Então rogo apenas ao tempo e a todas as variáveis desse espaço, que é pura vacuidade... que é pura bênção,
que tudo vê e nos provê...
Que nessa unicidade, os movimentos da vida aconteçam como precisam acontecer, mas que cada vez menos gente morra por idéias, nem se prejudique com idéias de outros, ou se arrependa tarde demais por necessidades, instintos, concepções e sentimentos, sejam eles para que lado forem.
Que todos possam ser ouvidos.
Que cada vez mais pessoas se empoderem do que lhes pertence e que não se apoderem do que seja do outro.
Que tenhamos todos nossos direitos e opiniões respeitados, quaisquer que sejam.
Que possamos respeitar os vivos, os mortos que nos antecederam e também aqueles que ainda não nasceram, que nos sucederão.
Que haja cada vez mais espaço para a vida transbordar no cálice do nosso peito, da nossa alma.
E que todos nós nos responsabilizemos por nossos movimentos, alumiando, à luz da consciência do ser, nossas sabedorias, mas principalmente nossas ignorâncias.
Saúde a todos nós.


E muito amor a nos guiar na lucidez, na compaixão, na misericórdia, na gratidão, na tolerância."

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fé, a visão além do alcance!


Quando criança, um dos desenhos que mais gostava era ThunderCats. Nele, Lion-O quando pressentia algum perigo, usava a Espada Justiceira para ter "a visão além do alcance" (sight beyond sight! - literalmente "a visão além da visão"). Com um poder como esse seria realmente possível se precaver de perigos que pudessem nos espreitar.

Lendo Provérbios 7.21-23... "Seduziu-o com as suas muitas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o arrastou.E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede,até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida." ... cheguei a constatação de que pelos "olhos da fé" precisamos enxergar além das aparências que se nos apresentam. No caso, o texto de Provérbios adverte um jovem quanto a mulher adultera. Inicialmente esse moço encontrava-se errante da mulher, ou em outras palavras: procurando o que não perdeu, dando sorte para o azar, afinando a cabeça para cair o pescoço (7.6-9). Esta mulher enfim vai ao seu encontro, vestida para matar (v.10//27), sem nada a perder, e direta ao assunto (v. 11-13). Essa mulher era sínica, mas religiosa, imaginava-se livre de Deus e de seu marido em razão de seus votos ao primeiro e da ausência do segundo (v.14-20). O texto diz que o jovem a segue para a morte.

Salomão está aqui advertido contra o pecado, que apresenta-se como algo aprazível na vida de alguém errante - me lembrou a música "sou errante/ sou errada/ sempre distante/ sempre na estrada/ vou errando enquanto o tempo me deixar - Nada Sei do Kid Abelha. Esse jovem, característico em sua idade e gênero, não exime todos dos perigos do pecado, pois qualquer um está sujeito a tentação e queda. A sedução sexual também não é o único pecado proposto que conduz a morte (Tiago 1.15). Mas enfim, tomando o texto em sua aplicação direta, um jovem seduzido por uma mulher casada é levado pelas aparências à morte. É quanto a isso que somos advertidos na Palavra aqui.

Observando a perspectiva usada pelo autor para advertência do seu "filho", fica óbvio que a experiência fatal do outro deve pesar em nossos corações para gerar temor e livrar-nos de tamanho mal. Se alguém pudesse antever todos os males que estão por lhe suceder, seja numa "inocente" caminhada pela porta de uma mulher casada, e assim fugir dali, dos laços que estão para se lhe lançar, seria isso de grande valia. Pois é essa a visão que a Palavra nos dá de toda sedução pela qual a cobiça nos envolve, e que por isso devemos fugir das paixões da mocidade (2Timóteo 2.2). Essa visão além da visão só é possível pela fé no que as Escrituras nos afirmam quanto ao pecado e suas consequências. E por consequências, não me refiro meramente ao que sucede a um caso de adultério, mas abrangente ao juízo que o próprio Deus traz sobre o pecador. Pior do que as consequências em si, é a ira do Deus vivo (Hebreus 10.31).

Via de regra pensamos em fé de maneira positiva, otimizando as coisas. Mas fé não é nem otimista ou pessimista, ela toma por certo a realidade afirmada na Palavra de Deus, seja pro bem ou pro mal. Nesse caso, a fé faz-nos olhar com abominação e terror para o que tudo que é condenável e que está por trás das aparências (1Tessalonicenses 5.22). Seria como se o peixe pudesse ver além da minhoca, percebendo o anzol. Ou o rato enxergar além do queijo, descobrindo a ratoeira. Assim também, a mulher, sua lisonja e encantos, a aparente impunidade circunstancial, na verdade escondem a morte. Certa feita um professor meu disse que são trinta minutos de prazer, e o resto da vida de amargor.

O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e consiste em odiar o mal (Provérbios 1.7; 8.13). É tão somente pela obra do Espírito que podemos entranhar a Palavra a ponto de repugnar o pecado. É pela graciosa provisão do Senhor que podemos ser livrados do laço do passarinheiro (Salmo 91.3). Não devemos brincar de cabra-cega com o pecado, mas ter uma visão que excede a aparência das coisas. Pela fé, uma visão além da visão!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sobre o PARTO HUMANIZADO... ou... Se querem Respeito, Respeitem!


Tenho acompanhado mobilizações pelo chamado parto humanizado, e visto que o discurso é extremamente áspero contra os profissionais obstetras. Termos como frieza, violência, mesquinhez relacionadas a obstetrícia, dão a entender que essa categoria médica é formada por mercenários. O discurso radical dá a entender que o acompanhamento médico é um mal desnecessário, ou, quando em situações de risco, um mal necessário. Que o parto por cesária é uma violência condenável, como se fosse uma moléstia. Para melhor compreensão sobre o que quero tratar neste post, segue uma descrição dada pelo próprio movimento destacado neste site.


As bandeiras da MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO são:
1. Que a Mulher tenha o direito de escolher como , com quem e onde deve parir;
2. Pelo cumprimento da Lei 11.108, de abril de 2005. Que a mulher tenha preservado o direito ao acompanhante que ela desejar na sala de Parto;
3. Que a mulher possa ter o direito de acompanhamento de uma Doula em seu trabalho de parto e parto;
4. Que a mulher, sendo gestante de baixo risco, tenha o direito de optar por um parto domiciliar planejado e seguro, com equipe médica em retaguarda caso necessite ou deseje assistência hospitalar durante o Trabalho de Parto;
5. Que a mulher tenha o direito de se movimentar livremente para encontrar as posições mais apropriadas e confortáveis durante seu trabalho de parto e parto;
6. Que a mulher possa ter acesso a metodos naturais de alívio de dor durante o trabalho de parto, que consistem em: massagens, banho quente, compressa, etc;
7. Contra a Violência Obstétrica e intervenções desnecessárias que consistem em: comentários agressivos, direcionamento de puxos, exames de toque, episiotomia, litotomia, etc;
8. Pela fiscalização das altas taxas de cesáreas nas maternidades brasileiras e que as ações cabíveis sejam tomadas no sentido de reduzir essas taxas;
9. Pela Humanização da Assistência aos Recém-Nascidos, contra as intervenções de rotina;
10. Que a mulher que optar pelo parto domiciliar tenha direito ao acompanhamento pediátrico caso deseje ou seja necessário.

Voltando...
Minha esposa e meu pai são obstetras. Desde que me entendo por gente, a minha vida toda até hoje, acompanho o empenho desses médicos, sua dedicação, sua luta exaustiva para que crianças nasçam com toda segurança. Vejo a tristeza deles quando algo acontece fora do que esperava em uma conduta simples. Eles não são máquinas de extrair bebês, são pessoas que dedicaram anos de estudo e perícia para não por a perder duas ou mais vidas que lhe são confiadas. Aprendi com meu pai a detestar o aborto. Certa feita quando lhe ofereceram dinheiro para tirar uma criança, ele deixou claro que estudou para salvar vidas, e não tirá-las. Sou grato a Deus pela vida dele e de minha esposa, pela graça concedida a eles em sua profissão.

Em conformidade com a onda de "marchas" desses dias, com essa nomenclatura controversa de Parto Humanizado - afinal, seria a cesariana um parto desumano? - esses militantes querem arrastar profissionais responsáveis para suas decisões individuais. Querem dispor de um profissional médico para, em caso de alguma coisa der errada, ser ele o acionado como salvador da pátria. Ao que tudo indica, boa parte das mulheres que aderem a essa moda, são pessoas financeiramente confortáveis, e que acreditam que em casa dispõe de tudo para receber a criança, o que não é a realidade de todas mulheres. De fato, pode até ser que em alguns casos o parto natural ocorra sem nenhuma complicação, e que em qualquer lugar a criança nasça sem problemas. Seria excelente se fosse assim sempre, mas o caso é que não é. Os hospitais, e o acompanhamento médico, são os recursos mais indicados pela segurança que representam. Se não fosse assim, a sociedade não caminharia para esse entendimento ao longo de séculos, não "inventariam" os hospitais, nem haveria o aprimoramento da medicina em suas diversas áreas.

Quando alguém ataca essa ideia, sugerindo que os obstetras só pensam em dinheiro, creio eu que estão fazendo uma leitura pautada em si mesmos. Alguns dos que defendem essa bandeira, sendo até profissionais da saúde que não chegaram a tornar-se médicos, cobram valores elitizados para "acompanhar" as gestantes, e se tornarem naquele instante "melhores amigas". Creio que se a ideia é incentivo emocional e psicológico, por uma custo previamente acertado, chamem um psicólogo. Mas se é prestar solidariedade, esquentar água, fazer massagem; é o caso de chamar mães, irmãs, cunhadas, amigas, que podem desempenhar esse papel tranquilamente sem nada cobrar.

Penso que se a opção pessoal é parir de cócoras, na banheira, na fazenda, ou em uma casinha de sapê, que essas mães o façam sem exigir que os obstetras se responsabilizem por sua provável irresponsabilidade, uma vez que sem os recursos de um hospital, seria extremamente complicado reverter um eventual quadro grave que se apresentasse. Entendo também que em função de um certo desajuste emocional e psicológico que as mulheres podem atravessar durante a gravidez*, e principalmente no momento do parto, não é seguro confiar a elas a sua decisão de "parir onde, quando e com quem querem". Em suma, se querem realmente trazer ao mundo seus filhos como nos tempos das parteiras, que dispensem de vez os médicos, e assumam toda a responsabilidade.

(*) Não estou dizendo com isso que as mulheres são desajustadas ou descontroladas, mas que dada as circunstâncias fisiológicas de dor e apreensão nesse período, qualquer pessoa, inclusive homens em situações equivalentes, pode perde a razão. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Até quando SENHOR?

"Até quando, SENHOR?"... A pergunta de Isaías no capítulo 6.11 é quase sempre ignorada pela leitura missionária que se dá ao texto. Fala-se muito em "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" e "eis-me aqui, envia-me a mim.". Sei disso porque já fiz esse tipo de ressalva em pregações e peças teatrais encenadas sobre esse texto. A enfase é sempre na ideia do envio, consequentemente a centralidade esta no enviado, e não no SENHOR da seara e sua fala completa.
A palavra final com respeito a pregar de maneira que não entendam é via de regra desprezada, como se não estivesse ali. Após a disposição do profeta, que outrora, em sua imundície de lábios, era inaceitável para a missão, Deus declara as circunstâncias que acompanharão sua pregação. Cegueira, surdez, dureza de toda sorte para que não se convertam. Reconhecer que Deus cega o entendimento de alguns, e ensurdece-lhes os ouvidos para a verdade, seria o mesmo que reconhecer que Deus é soberano em todas as coisas, inclusive em salvar uns e condenar outros. Para aqueles cujos os olhos no texto se voltam para o homem, ao passo que desprezam a Deus, isso é inadmissível.
Quando Isaías diz "Até quando?", somos remetidos a nossa própria fraqueza diante da vontade de Deus. Um suspiro arminiano em nossa alma insiste em esquadrinhar os desígnios daquele que é justo e sábio em tudo o que faz, como se fosse de nossa competência saber tempos ou épocas (Atos 1.6,7). Mesmo assim, graciosamente o SENHOR nos responde que a santa semente permanecerá. Mesmo depois do fogo, a herança eterna esta reservada.
Até quando? Até se cumprirem os desígnios de Deus para com os habitantes da terra, até que a palha seja dispersada, o joio queimado, e o trigo seja recolhido ao celeiro. Esta é a promessa para os eleitos de Deus, que em tudo devem esperar no SENHOR, o mesmo que os chamou.