quinta-feira, 28 de março de 2013

Nova Páscoa... Nova Vida


A Páscoa de Israel tipifica a Páscoa de Jesus. O povo de Deus naqueles dias era escravo dos egípcios, e tão somente pelo Braço Forte do Senhor puderam ser libertos do cativeiro. Apesar das primeiras nove pragas, o coração do Faraó ainda continuava endurecido, conforme a Palavra de Deus (Êxodo 7.3-5). Deus institui então a Páscoa, quando então passaria pela terra do Egito, e feriria de morte os primogênitos dos egípicios, bem como de seus animais também. Nessa Passagem - pacach quer dizer "passar por cima" - o livramento dos israelitas se daria pelo sangue aspergido em suas portas. Logo, a passagem de Deus sobre aquele país seria de juízo sobre os egípcios e de misericórdia sobre os israelitas, conforme a sua Palavra.
A libertação dos israelitas foi visível e imediata. Deus não somente os livrou-os do juízo que trazia sobre a terra, como também os livrou das mãos deles. E dali foram encaminhados para o deserto, para a terra prometida a descendência de Abraão. Sem sombra de dúvida Deus fez grandes sinais aos olhos daquele povo, desde as pragas derramadas sobre o Egito, como também no caminho até Canaã. Mas como diz o hino 33 (HNC) "No céu, na terra, que maravilhas vai operando o poder do Senhor! Mas seu amor, aos homens perdidos, das maravilhas é sempre a maior." Algo muito maior Deus reservou para esses últimos dias, quando manifestou seu amor em Cristo.
O Pai nos deu seu Filho como cordeiro pascal (João 1.29). Nós, ainda que gentios éramos também escravos, não de um povo, ou em algum país, mas do pecado, sentenciados a morte pela própria justiça de Deus. Ele mesmo derramou seu sangue, e os aspergiu no madeiro. Passou sobre Jesus a ira que nos era devida, de maneira que fomos livrados do cativeiro da morte. Uma vez salvos da ira vindoura, recebemos também vida eterna, que é a comunhão imperdível com Deus na herança de seu Reino. E a prova de que esta nova vida é real, é a ressurreição de Jesus, pois seu sacrifício foi aceito pelo Pai.
Assim, a grandeza da Páscoa do Senhor é maior que a de Israel. Eles foram libertos há mais de tres mil anos, de um cativeiro de trabalhos forçados, e levados a uma terra vizinha. Tudo isso aponta para algo maior, e por isso ainda era incompleto. Nós, tanto gentios como judeus, que creêm na salvação pelo sacrifício do Cordeiro, hoje somos libertos da condenação da morte. Recebemos assim também vida em abundância e cidadania no Reino de Deus, e temos conosco a presença eterna do Cordeiro que morreu e ressuscitou.

sábado, 16 de março de 2013

Dos males o menor? Não sei quem é pior.

As imagens e as palavras reproduzidas nesse vídeo são para quem tem estômago forte contra a idiotice. Volto em seguida.



O pastor que faz (e come) esse papelão é um tal Elvis Breves. Tenho para mim que deve estar seguindo os passos do tal Lucinho Barreto da Lagoinha, o "cheira Bíblia". Penso que esse tipo de esquisitice nem cabe comentário. Na falta de melancia para pendurar no pescoço vale esse tipo de bizarrice.
Mas a fala de Caio Fábio com essa imagem insana ao fundo, pode ser mais perniciosa. Falando resumidamente sobre esse senhor, posso dizer que foi meu ídolo quando adolescente. Sim, confesso que era "caiofabólotra" na década de 90. Sinto muito por sua queda, mas antes mesmo dela ser 
publicada, já achava estranho o seu livro Confissões do Pastor, onde eram visíveis claros indícios de soberba. Creio que as circunstâncias da publicação de seu pecado e acompanhamento disciplinar deu-se em uma esfera extremamente conturbada. Mas ao final de tudo, ou ainda em meio a tudo isso, o que era ruim tornou-se pior. Hoje um ser "ensimesmado", que xinga, fala palavrões e propõe um caminho de graça, que mais abriga o pecado que necessariamente o pecador arrependido. Em fim, sinto muito por tudo isso, mas não posso deixar de pontuar minha opinião sobre essa pessoa antes de tratar de sua fala.
Nesse vídeo, é usado como "texto base" o filme O Livro de Eli. Fala sobre os que querem a Bíblia como instrumento de poder e controle. Fala também dos que amam a Bíblia e lutam por ela, mas que não conhecem seu real significado, pois ficam apenas com sua forma (creio que me incluo nesse segundo grupo aos olhos dele). E finalmente dos que como ele já sabe separar forma e significado no conteúdo bíblico.
De fato algumas pessoas usam a Bíblia como instrumento de poder. Desde a Idade Média quando a ICAR afirmava que apenas os sacerdotes era aptos a interpretar a Bíblia, e que realizavam suas homilias em uma língua inacessível a maioria do povo, tinha-se sim, pela ocultação, um poder sobre as almas para deixá-las em trevas. Hoje isso ainda é praticado por muitos que as custas de uma cortina de fumaça, usam a Bíblia apenas em textos selecionados que convém aos apetites do coração enganoso do homem. Não se empreende uma leitura da Palavra como um todo, a fim de que Deus fale ao homem a respeito de sua real necessidade, a graça salvadora que nos conduz a fé e o arrependimento. Essa prática é bem caracterizada no neopentecostalismo, onde a seletividade da Palavra atende a expectativa de benção do "fiel". Mas não só de neopentecostal vive essa prática.
Caio se refere a um segundo e terceiro grupo, um na pessoa de Eli, o guerreiro, e outro no Eli que entrega o livro. Até mesmo para a interpretação do filme, isso é falacioso. Primeiro porque no filme, e espero que os que estão lendo já o tenham visto (não quero ser spoiler), Eli não mudou, mas apenas usou de estratégia, uma vez que mesmo abrindo mão do objeto livro (papel), não abriu mão da obra, seu conteúdo, uma vez que dita o texto ipsis litteris. Quando Caio fala em pessoas que são basicamente idólatras do livro, mas que não têm a Palavra no coração, é como se dissesse que estes desajustados são amantes do papel. Que o fato de reconhecerem as Escrituras enquanto inerrantes e infalíveis, os torna adoradores do Livro. Ele entende a Bíblia após Cristo deve sofrer uma seleção a partir da pessoa do próprio Jesus. Ele usa indevidamente João 5.39, como se ali o Mestre fizesse uma separação entre a prática do judeus de examinarem as Escrituras e o encontro com sua pessoa. Note o que diz o texto:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. 
Neste versículo, a incoerência não está em examir as Escrituras a fim de encontrar a vida eterna e o encontrar a Jesus. Na verdade, está é a verdadeira coerência, uma vez que as Escrituras testificam de sua pessoa. A incoerência segue no versículo seguinte, onde é dito:
Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
A vida encontra-se em Jesus, é encontramos Jesus nas Escrituras. Portando, é coerente buscar a vida eterna nas Escrituras, mas ela só será achada quando Cristo é testificado nas Escrituras.
Sem sombra de dúvida a chave hermenêutica para toda a leitura bíblica é Jesus, mas isso não significa seletividade de textos. Pelo contrário, signfica que toda a Escritura, conforme Lucas 24.25-27; 44-47, só pode ser entendida a luz da pessoa de Jesus e sua obra. Todo o livro de Hebreus versa sobre isso. Paulo faz isso o tempo todo quando aponta para o novo homem, onde a lei não é banida, mas vivida pelo poder do Espírito que nos conduz a luz da Palavra.
Sim, a Escritura é a escola do Espírito Santo, diz Calvino, é nela, em toda ela, e tão somente nela, que nos é revelado o que é necessário saber a respeito de Cristo. O Espírito que inspirou seus autores, tanto no Antigo como no Novo Testamento, tinha essa designação de revelar o Cristo (João 15.26,27). E quando Jesus diz que a vida eterna pode ser encontrada nas Escrituras, ele está tão somente testificando isso a respeito de si.
Caio Fábio tem aberto sua artilharia raivosa contra a Bíblia de tempos pra cá. É natural, pois boa parte dela desaprova o que ele aprova. Para ele, apenas o que é dito a respeito da graça é válido, e tudo mais que pode ser denotado como lei é condenável. Mas não compreende, ou não quer compreender (João 5.40), que a Lei não é contrária a Graça: a Lei é Graça. Não tenho como me extender aqui a esse respeito, mas sugiro a leitura da obra do Dr. Mauro Meister Lei e Graça, sobre a qual ele versa nesse vídeo.
Um aspecto triste também da fala do Caio nesse video é a falta de originalidade. Assim como o Elvis copia a extravagância de Lucinho, que disse que já comeu a Bíblia também, o pastor pós-bíblico apenas emula a fala da neo-ortodoxia. Ele faz isso como se fosse o primeiro, o proponente original de uma nova leitura onde um cânon é criado dentro do Cânon. Mas, ainda mais ridículo, é que nesse sentido, ele também reproduz a prática que ele condena no primeiro grupo, ou seja, de tentar dominar as Escrituras pelo poder de um existencialismo que supostamente liberta as pessoas da Bíblia. Tanto o neo-ortodoxo quanto o neopentecostal encontram-se nos extremos da mesma ferradura, ambos trabalham para ocultar o que na Bíblia lhes é desconcertante. Portanto, só uma exposição e leitura integral da Palavra pode realmente ser confiável (Atos 20.27).
Enfim, equanto um idiota come a bíblia, literalmente, outro apóstata vomita a bíblica pelo amor a si mesmo.