segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Gerações que vão, geração que vem.


"Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade." Salmo 100.5


"Como afluíssem as multidões, passou Jesus a dizer: Esta é geração perversa! Pede sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas." Lucas 11.29

Se tem um assunto difícil de se tratar é esse: Geração! Tai um conceito no mínimo curioso. Não há uma definição exata quanto ao tempo de uma geração. Há quem fale em 100 anos, outros 80, 50, 25, e os mais modernos já falam em 6 anos por conta do rápido avanço tecnológico. Podemos afirmar sobre uma geração é que ela compõe-se por pessoas que convivem em uma mesma época, ou ainda, que tenham idades aproximadas. Mas sobre isso cabe ainda certa relatividade. Um homem de 80 anos que convive com um menino de 6 anos, pertence a uma mesma geração? Sim e não, acho eu. Conclui-se sobre isso que geração é um conceito essencialmente dinâmico. Não nascemos em safras, e por isso não podemos facilmente ser classificados segundo a "nossa geração".


O que tenho escutado de quase 2o anos para cá no meio evangélico é a seguinte frase: "Deus tem levantado uma geração". O propósito dessa geração divinamente erguida varia um pouco, ora fala-se em adoração e louvor, ora fala-se em fazer diferença (qual?), e ainda alguns, um pouco mais substancias, falam em pregar o evangelho. É tudo muito empolgante, tem-se a impressão que Deus está levantando uma geração como se recruta um exército - "O Senhor está levantando um grande exército"- lembram-se desse cântico?


Sempre existiram diferenças e divergências entre gerações. Mas nessas últimas décadas, no meio evangélico o que se tem visto é o sepultamento dos valores e da história de gerações passadas. Ao falar de uma geração levantada nesses dias, sugere-se que as anteriores não foram levantadas por Deus. Há quem diga explicitamente que a Igreja hoje vive uma dimensão mais espiritual. Isso é claro, em nome de algumas aberturas comportamentais e teológicas, ou por conta de experiências metafísicas que claramente contrariam a Escritura. De uma forma ou de outra, o que se vê é uma geração emsimesmada, que não consegue enxergar nada além do próprio umbigo, que despreza tudo o que já foi feito até hoje para o Reino de Deus.


Seguindo a máxima lulista do "nunca antes na história desse país", afirmam que somente nessas últimas décadas é que se tem feito algo em prol do evangelho. Dizer uma asneira dessa é negar a própria origem, pois com certeza, por mais esdrúxulo que um movimento neo-pentecostal seja, ele tem um pezinho em igrejas mais velhas, seja pentecostal ou tradicional. Eles não chegaram nesse país e desbravaram a nação imersa em idolatria. Seu “grande” avanço numérico deve-se a pessoas que um dia ouviram o evangelho em alguma denominação histórica, mas que certamente, por não conseguir conviver com a sã doutrina, ou por outro motivo de ordem pessoal, resolveram migrar para uma igreja mais tolerante, onde metas pessoais sobrepõe as causas do Reino.


Essa nova geração já nasceu velha, pois não têm o vigor da velha geração que desbravou um Brasil católico contando exclusivamente com a pregação da Palavra. Não estou com isso afirmando que essa geração passada era perfeita. A Igreja perfeita só existe na glória, e que nesse mundo ela só será assim quando houver novos céus e uma nova terra. Mas é nítida a diferença entre nós e os nossos pais. Essa minha geração na carne, não se compara em nada com o compromisso bíblico da geração que chegou a esse país há 150 anos atrás. Ainda que nascido a três décadas, quero fazer parte de uma geração cujo compromisso é pregar e viver o mesmo evangelho que meus pais.


Sei que de tempos em tempos Deus traz avivamento para o seu povo tornando-os numa geração exultante, forte e valente, que avança contra o inimigo confiando exclusivamente na vitória de Jesus no Calvário. Uma geração verdadeiramente levantada por Deus nunca olharia para si com arrogância, desprezando as que vieram antes. Consideremos alguns exemplos de gerações poderosamente usadas por Deus na história. Os reformadores nunca desprezaram o que foi feito de bom antes deles, ainda que tenha sido produto de uma geração que viveu a clausura de uma igreja apóstata que há tempos tinha se esquecido do real valor das Escrituras. Os apóstolos por usa vez, nunca desprezaram a mensagem dos profetas, muito ao contrário. Eles sabiam que o mesmo Espírito que um dia inspirou aquela geração agora falava através deles, claramente, o que fora anunciado sobre o Cristo.


Por que uma geração hoje desprezaria tanto as outras? Por que usaria de tamanha exultação para si mesma? Só posso crer que estamos diante de uma geração perversa que apostatou da Palavra de Deus e lançou-se aos modismos desse mundo. Essa é uma geração de artistas, astros e estrelas que têm luz própria, e eles sabem que a única maneira de se manter na história é à custa de seus próprios nomes. As gerações passadas todavia, usavam um nome muito antigo para se encontrarem igualmente iluminadas: Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.
Ps: A imagem que ilustra esse post é de um antigo albúm do Oficina G3, que ao meu ver foi um dos seus melhores. Apesar de fazer parte dessa geração, muito do que se dizia nesse disco já foi deixado pra trás.

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