sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pedofilia - do discurso à prática


A mídia recentemente tem direcionado sua atenção para vários casos relacionados ao tema pedofilia, bem como denúncias de abuso sexual de crianças e mulheres em vias e transportes públicos. A repercussão dos museus de arte, tanto na amostra Santander no Rio Grande do Sul, bem como no MAM em São Paulo, parece até mesmo orquestrada com um propósito maior. Não sou adepto de teorias da conspiração, mas também não acredito na coincidências desses acontecimentos. Como as coisas tendem sempre a piorar, como que em uma corrente do mal, em Paris o museu d'Orsay traz uma amostra onde o apelo publicitário é para que as crianças sejam ali levadas para ver gente nua.
Paralelamente aos debates iniciados sobre essas pretensas questões artísticas, no mundo real notícias sobre casos de abusos sexuais e ataques à mulheres e crianças em transportes e vias públicas repercutem todos os dias. Um menino deixado pelos pais em um presídio na cela de um estuprador "amigo" da família. e uma menina assediada em um ônibus na presença de outros passageiros são manchetes que ainda chocam as pessoas hoje em dia. Ainda que em circunstâncias distintas entre o "debate" e "realidade" literalmente nua e "crua", estamos falando de questões entrelaçadas, ou seja, a exposição e viabilização do sexo às crianças. Isso é novo? Isso é despretensioso?
É fato que que a sexualização de crianças não começou recentemente. Eu fui criança e adolescente nos anos 1980 e 1990 e sei que naqueles dias tudo isso foi tolerado e visto de uma forma mais "inocente" pela sociedade. Havia pouca polarização quanto à essas questões, pois mesmo já existindo a militância favorável às liberdades sexuais, sua agenda não era abertamente apresentada. Minha geração cresceu assistindo a Xuxa com suas roupas minúsculas de manhã, e filmes eróticos de madrugada. Antes da internet, pornografia era um material comprometedor, difícil de se adquirir. Era necessário se expor pessoalmente indo a uma banca de revistas ou locadora de filmes. Mas, com o advento da internet tudo isso mudou radicalmente.
Desde o final do século passado, o acesso à pornografia já não dependia mais de algum estabelecimento comercial fora de casa. O consumo dessa droga virtual passou a acontecer com toda liberdade e privacidade possível no recesso de um quarto fechado. Essas condições favoráveis ao pecado tornaram-se nas duas últimas décadas uma silenciosa e imensurável pandemia entre crianças e adolescentes que hoje, já adultos, sofrem em maior ou menor grau com as sequelas dessa maldição em suas vidas. Uma sociedade ativa e passiva quanto aos abusos sexuais propostos e praticados é o produto dessa panela de pressão sexual em que fomos cozidos nesses últimos anos.
Assim, não é despretensiosa toda essa suposta "arte", psicologia, ciência e políticas públicas favoráveis a sexualização das crianças. Há muito a mente dessa geração foi sendo fertilizada com pornografia, apresentada inicialmente como "entretenimento" apenas. Mas agora, o que antes era um passatempo promíscuo, vadiagem, revelou-se a plataforma para a perversão sexual de toda sociedade em teses científicas e teorias comportamentais. E além da mera teoria, na prática, aqueles que protagonizam casos de abuso sexual, seja em público ou não, são evidentemente consumidores vorazes de pornografia.
Nesse cenário maior, a pornografia é um rio de escórias do qual a sociedade atual vem bebendo a largos sorvos. Alguns direto da fonte, outros pelo encanamento. A exposição a ela não se dá apenas em sites ou materiais explicitamente voltados para o seu fim, mas na própria mídia em geral, especialmente no marketing. Os males que decorrem desse consumo voluntário ou involuntário é a frouxidão moral que se vê em parte dessa sociedade. A pretensão orquestrada de se contaminar a próxima geração de forma mais substancial e patente é de fazer sucumbir completamente qualquer conceito do que verdadeiro, justo e santo. Os assédios e abusos sexuais que hoje ainda são repudiados pela maioria, tendem a serem aceitáveis no futuro.
A essa altura do campeonato não teremos êxito nessa luta medindo forças em questões de ordem filosóficas simplesmente. O mero debate de ideias é inútil enquanto a outra parte incuba a imoralidade de anos, sem se dar conta disso. Sua cosmovisão hedonista busca hoje a legitimidade e seriedade que nunca lhe foram outorgadas no século passado. É necessária uma voz profética que chama de pecado a transgressão da Lei, de imoralidade o que transgride a boa conduta, de impiedade tudo que se opõe ao Criador e sua criação. Não me refiro com isso um ataque irrefletido, irracional, mas a denúncia da real dimensão do problema, que já se enraizou no coração das pessoas, e já se espalhou pelo globo. O que não podemos permitir é que o discurso aparentemente filosófico seja desassociado das práticas noticiadas que por enquanto ainda causam indignação. Para que a prática seja refreada, a teoria tem que ser denunciada e combatida. O machado precisa ser posto à raiz, e não meramente nos galhos.

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