sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Expectativas foram criadas

É curiosa a relação tão próxima, e ao mesmo tempo distante, entre as festas de final de ano. Primeiro as pessoas comemoram o Natal, de maneira mais contida e introspectiva. Com um afã religioso e involuntário, comumente chamado de espirito natalino, que possui os homens, lembram-se dos seus semelhantes buscando (ainda que temporariamente) promover o bem deles. Mas, poucos dias depois, um frenesi toma essas mesmas pessoas na celebração do Réveillon. Transbordantes de expectativas de um tempo melhor, valem-se de superstições através das cores das roupas, crendo que seus anseios sobrenaturalmente se realizarão. Extravasam a euforia de sobreviver a tudo que passou, e festejam antecipadamente as incertezas sobre o ano que virá. 

É uma semana cristã, e outra pagã. Uma em que olham para o passado, para o nascimento de Jesus, com todo sentimento de bem ao próximo. A outra em que vislumbram um ano novo, com pretensões de amor, saúde e prosperidade projetados para o futuro. É assim todos os anos. Mas tem que ser sempre assim?

Como no filme "O Feitiço do Tempo", ou na música "Cotidiano" de Chico Buarque, a sensação de estar preso no tempo é inegável. Alguns que percebem essas algemas, desejam algo além desse dia, ou desse ano. Algo que muito leva além dessa correnteza que nos arrasta a vida toda. Se refletirmos sobre todos os anos pelos quais já passamos, e mesmo aqueles que vieram antes de nós, como podemos esperar algo realmente novo deste que se aproxima? Somos obrigados a concordar com Salomão quando diz: "tudo é vaidade [...] nada há novo debaixo do sol" (Eclesiastes 1.2,9). Mas o que fazer com todas essas expectativas criamos? Onde elas devem desaguar?

Nossos olhos devem voltar-se mais um vez para o passado, para o primeiro Natal em Belém, e percorrer o caminho de Jesus até Jerusalém, e seguir além, saindo da sepultura até o céu. Só existirá um ano novo realmente novo quando o Natal não for apenas um feriado que nos traga uma reflexão temporária. Alguém já disse que a manjedoura está vazia, assim como a cruz e o túmulo, mas o trono não. É a direita de Deus Pai que nossas expectativas devem se desaguar. Lá, em Cristo, é devemos depositar nosso tesouro, as expectativas do nosso coração. Lá tomamos conhecimento da promessa do Novo Céu e Nova Terra que concretizará os anseios mais extraordinários que podemos ter.

Quando Jesus nasceu, expectativas foram criadas. Todavia, nenhuma expectativa se cumprirá com a mera mudança do calendário. Todo amor, saúde e riquezas que esperamos serão encontradas no Novo Céu Nova Terra. Lá também haverá festa, ceia, celebração como nunca antes em toda história. Não será por uma noite, nem por um ano, mas pela Eternidade.        

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