terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobre a Parada Gay, Iconoclastia e a Desfiguração da Imagem de Deus

Antíoco Epifânio 215- 162 a.C 
Vejo multiplicar-se na rede as fotos da Parada Gay desse último fim de semana em São Paulo, com imagens de um transexual caracterizado como Jesus crucificado. Com essa e outras imagens iconoclastas, observo também as manifestações de indignação de muitas pessoas. Percebo o quanto isso ofendeu a muitos, tanto evangélicos como outros seguimentos religiosos. Apesar do repúdio a essas práticas agressivas a fé, questiono a natureza da indignação a essas coisas.
Quero que fique claro de início que não defendo nenhuma anistia aos crimes de intolerância religiosa. Creio que os que praticaram tais ultrajes devem enfrentar os rigores da lei sobre seus feitos. Existe uma evidente incoerência entre o que exigem e o que praticam. Falam em respeito e tolerância às pessoas e suas práticas, mas não demonstram nenhum respeito ou tolerância a fé das outras pessoas. O que fazem em eventos como os da Parada Gay, e em outras ocasiões semelhantes, não somente é crime, como também de uma estupidez sem tamanho.
O que questiono mais incisivamente aqui é o sentimento que verdadeiros cristãos devem ter sobre tais manifestações dos movimentos homossexuais. Como devemos encarar tais ofensas e provocações de grupos sexualmente invertidos?
Parto de uma primícia simples: Nada que um homossexual faça em suas performances iconoclastas, ou seja, com o intuito de ofender a religiosidade cristã, é mais grave que o próprio homossexualismo em si. Homens ou mulheres homossexuais que se amarram em uma cruz, que se caracterizam aparentemente como Jesus, ou como santos católicos, não ofendem mais a Deus do que quando entregam seus corpos a desonra (Romanos 1. 26,27). Ao ofenderem a religiosidade alheia, o fazem somente aos sentimentos que alguns nutrem sobre ícones de sua fé. O que quero dizer com isso?
Não sou católico, e por isso não tenho nenhuma relação com qualquer imagem que se possa confeccionar de algum de seus santos. Com isso, tenho que ressaltar o que já disse: não endosso nenhum tipo de crime de intolerância e desrespeito a religiosidade de outrem. Como disse, isso merece o rigor da lei.
Mas o que dizer do uso da "imagem" de Jesus e da cruz? Cabe aqui algum tipo de indignação pessoalNão seriam símbolos da fé cristã vilipendiados? Não.
Um homem com barba e cabelo cumprido representa tanto Jesus quanto um punhado de algodão pode representar uma nuvem. Em outras palavras, você imaginar alguma semelhança entre ambos, mas simplesmente isso não faz com um represente o outro. Concebemos que Jesus tinha essa aparência por uma sacramentação histórica, mas isso não faz dessa caracterização a imagem de Cristo. A representação de Cristo que temos, e isso como ordenança dele próprio, é no pão que simboliza seu corpo, e no cálice, que aponta para seu sangue. Não posso por isso me sentir ofendido em lugar de Deus com alguém que se vista assim, ainda que sua óbvia intenção seja a de ultrajar Jesus Cristo.
E quanto a cruz? Afinal ela é parte vital da mensagem cristã. Sim, o madeiro é o lugar da expiação dos nosso pecados, é a prova do amor de Deus para com o seu povo. Mas não podemos tomar o objeto cruz como algo sacramentado em nós. O "escândalo da cruz" é outro (1 Coríntios 1. 18,23). Uma cruz ou um crucifixo em si não comunicam o evangelho. E, sendo assim, não imagino que Deus se ofenda com seu uso indevido.
A história nos conta de Antíoco Epifânio  em 167 a.C profanou o Templo em Jerusalém, sacrificando animais imundos e introduzindo ali imagens de Zeus. Isso evidentemente era uma afronta ao Deus de Israel, mas ainda assim, era não só previsto (Daniel 11.31; 12.11), como também proposto para apontamento dos Últimos Dias (Mateus 24.15). Se Deus não entrou em "crise" com o sacrilégio praticado em seu Templo, que foi estabelecido por ele mesmo em toda sua estrutura, será que Ele estaria indignado pelas performances porcas praticadas por homossexuais em seus desfiles para a morte? Imagino que não.
Creio que a justa indignação do Criador se volta contra a homossexualidade em si, sendo isso afirmado nas Escrituras (Romanos 1.18, 28-32; 1 Coríntios 6.10; Apocalipse 22.15). Essas pessoas estão de fato desfigurando a semelhança de Deus, uma vez que foram criados macho e fêmea, à imagem do Criador foram criados assim (Gênesis 1.27). A homossexualidade é uma afronta nevrálgica a ordem da criação, e, por isso, passível do juízo de Deus. Penso assim que não podemos nos indignar mais com caracterizações ultrajantes, do que com as ofensas diretas a Deus em sua imagem e semelhança. Parafraseando o ditado repulsivo: O que é um pingo d'água para quem já está encharcado?
Um outro ultraje maior, e passível de repulsa daqueles que amam a Deus é a torção das Escrituras. Sejam aqueles que justificam seu pecado pela Palavra, tornando o mal em bem, as trevas em luz, e o amargo em doce, bem como aqueles que se autopromovem como semi-deuses (Isaías 5.20). Usar Bíblia distorcidamente é uma afronta ao Senhor, é a quebra do terceiro mandamento "Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão" (Êxodo 20.7). Sinto uma grande ojeriza por esses que o fazem assim, sejam os militantes gays ditos evangélicos, sejam os pastores mercadores da Palavra. Para mim são inimigos de fato (Salmo 139.22). Vejo estes como os judeus descritos em Romanos 2.24, sendo eles a causa de blasfêmia contra o Nome de Deus.
Devemos assim ter maturidade a luz da Palavra para tratar com movimentos invertidos como esses. Devemos ter o foco no que realmente tange a Deus e sua Palavra. O que simplesmente ofende aos homens, pode até ser tratado na esfera jurídica, mas não pode causar tanta indignação quanto ao que afronta o Criador. 
A Palavra nos conclama a vencer o mal com o bem (Romanos 12.21). A arma poderosa que temos contra toda perversão, inclusive a sexual, é a pregação do evangelho, anunciando o amor de Deus em Cristo, o chamado ao arrependimento, e a anunciação do justo juízo sobre todo pecado. Nosso zelo deve estar sobre a Palavra e o que ela nos diz a respeito de Deus e do ser humano. E é dela que também devemos depender na guerra contra esse mundo que jaz no Maligno (1 João 5.19).