sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal Presente


É sempre muito chato falar em Natal contrastando-o com o consumismo oportunista da época. Fazer oposição à figura de Papai Noel, denunciar sua malignidade ao desvirtuar o significado do Natal, é enfadonho. Todo ano é assim. O consumismo e seu patrono configuram o "espírito natalino" que leva incontáveis pessoas a imaginar que o sentido do Natal é ser uma pessoa um pouco melhor, anda que por poucas horas, e as custas de presentes trocados. Tudo isso é muito triste e cansativo.
Mas em um certo sentido, a temática do presente não é de toda ruim para esse dia escolhido como lembrança do nascimento do Filho de Deus. O Natal não é tempo de presentes, mas em si mesmo é o próprio presente. Considerando os homônimos da palavra presente, podemos considerar a preciosidade do nascimento de Jesus em dois sentidos.
Primeiro é importante lembrar que o nascimento de Jesus é uma dádiva do Pai. João 3.16 diz que Deus amou o mundo e deu seu Filho para a salvação de todo aquele que nele crê. O nome Jesus já nos anuncia o quão poderoso é esse presente dos céus, pois ele veio salvar o seu povo dos seus pecados (Mateus 1.21). O próprio Jesus se dá para nós, uma vez que ele mesmo entregou sua vida por amor de nós (João 10.17,18). Receber esse presente só é possível pela fé em sua pessoa e obra: Crer que ele é o Filho de Deus que viveu e morreu para nos salvar e dar vida eterna. É preciso ao mesmo tempo confessá-lo assim (Romanos 10.10).
O Natal também é presente pois para sempre o Filho de Deus veio habitar conosco. O Eterno se fez temporal, mas ao mesmo tempo nos introduziu a eternidade. Deus se fez homem para sempre, ele tabernaculou conosco como a glória do Pai (João 1.14), para nos estabelecer eternamente em seu reino. Mesmo que por pouco ausente fisicamente, ele disse que estaria conosco pelos séculos dos século (Mateus 28.20). E, quando no Novo Céu e Nova Terra, vivermos sempre com ele, isto é, aqueles mesmos que o receberam e foram feitos filhos de Deus (João 1.12), poderemos então contemplá-lo com nossos próprios olhos. Nada é maior que isso, que a comunhão com nosso Senhor. Nossa fé hoje deve nos lançar a essa promessa. Nossa esperança maior deve estar nessa comunhão, mais do que em qualquer outra coisa.
Portanto, antes de pensar em qualquer outro presente perecível nesses dias, é bom louvar a Deus pelo presente eterno e mais valioso que já foi dado a alguém: Jesus Cristo, o Filho de Deus. Também não devemos fazer isso uma única vez ao ano, mas todos os dias, pois Ele é sempre digno de adoração. Faremos isso na eternidade, comecemos pois desde hoje.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vítima de nós mesmos... ou, o "Viticismo"


Nao sei se já falei sobre isso nesse blog, se sim, vamos lá outra vez: As vítimas que vitimizam os outros. Algumas pessoas, passando-se por vítimas, tornam outras pessoas também suas vítimas com defesas que são verdadeiros ataques. Passando-se por coitados, lançam a razão de suas mazelas sobre outras pessoas que de alguma forma podem ou não estar relacionadas a elas. Onde quero chegar com tudo isso?
Tenho acompanhado uma novela virtual que me fez pensar em tudo isso. Imagine um pastor que foi desligado do campo onde estava por razões que cabem ao seu presbitério, e que por esse motivo se sente vítima do "sistema de homens que querem tão somente prejudica-lo". Em um site de relacionamento o indivíduo torna-se uma metralhadora giratória, lançando ataques e ameaças contra a IPB, seus concílios e pastores. Sobre esse cenários, consideremos duas possibilidades.
A primeira é que o pastor não estava a altura para o trabalho, sendo por justa causa despesado do campo. Essa seria uma excelente oportunidade de reavaliar seu ministério, onde errou, no que precisa melhorar e acertar, ou se realmente é vocacionado. É uma oportunidade de autocrítica, e de reconhecermos que nem sempre (e muitas vezes) podemos estar aquém do que o ministério pastoral exige de nós. É melhor sofrer uma dispensa assim, do que fazer perecer a obra do Reino.
A outra é que a dispensa se dê por motivos injustos. Pode ser o caso de política do conselho ou do presbitério, um puxão de tapete por motivos pessoais, e não pelo mau desempenho do obreiro. Pessoas que sofrem tal injustiça têm nessa situação a oportunidade de se dizerem realmente perseguidas por causa do Reino. Uma vez que o indivíduo desemprenha bem o seu trabalho, e isso é manifestação da graça e do poder do Senhor Jesus, aqueles que se levantam contra ele estão na verdade perseguindo a Cristo (Mateus 5. 10,11; Atos 9.4). E nesse caso, a Palavra nos ensina a orar e bendizer nossos algozes (Mateus 5.44). Devemos nos humilhar como fez Davi ao fugir pelos fundos do palácio e suportar a afronta de Simei (2Sm 16.5-14). Crer que a paga para destes perseguidores pertence a Deus (2Tm 4.14).
O que percebo em ambos os casos, sendo justa ou injusta a dispensa, é que o obreiro pode vir a achar-se dono do campo, e por isso sente-se furtado. Igreja nenhuma é nossa, por mais tempo que estejamos em um lugar, por mais que tenhamos servido ali, tudo é de Cristo (1Co 3.21-23). De uma forma ou de outra, iremos passar, mas em Cristo nosso trabalho nunca é vão (1Co 15.58). Devemos dar-nos por satisfeitos simplesmente por ter tido a oportunidade de servir. E sendo esse o desejo maior do servo, agradar ao seu Senhor, deve seguir e buscar outro campo onde seja útil.
Em meio a tudo isso o nome de Cristo é desonrado. Igrejas sofrem e pessoas são inflamadas pelo ódio. E agora, com a inclusão digital, a maledicência corre à velocidade da banda larga. Um mal que deveria ser pessoal, torna-se uma novela virtual. Que Deus trate daqueles que semeiam contendas, gere em seus corações arrependimento, e console o coração dos injustiçados.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Benício... um ano depois.




Hoje meu filho Benício comemora um ano de idade. É o nosso primeiro filho, e nem preciso dizer que foi um ano completamente diferente dos demais. Se bem que, todo ano é diferente dos demais. Mas de certa forma, até uma certa idade, os anos são diferentes, mas sempre os mesmos. Isso é algo que não se experimenta quando mais jovem, anos diferentes e completamente diferentes.
Assim como o primeiro ano de casado, quando se descobre que existe uma vida além da sua própria, agora, eu e a minha esposa descobrimos que existe uma vida além da nossa. O egoísmo não se conjuga com amadurecimento. Uma boa fração do amadurecimento é deixar o egoísmo para trás. Grande é esse paradoxo, mas com a vinda dos filhos, estes nos ensinam o que devemos ensinar a ele.
De outra sorte, uma observação quase constante da parte daqueles que já têm filhos crescidos é "aproveite enquanto é pequeno, pois depois que crescem..." ou ainda "quando é pequeno é tão bom, depois que cresce...". Até entendo que existe um aspecto tenro, e seguro na primeira infância. Tê-lo nos braços quando se quer, saber que ele está sob nosso cuidado, pode até gerar um sentimento de controle, segurança, mas se amadurecer é deixar o egoísmo, devemos amadurecer com nossos filhos. O amor deve crescer com os filhos crescidos.
Pensando no que temos experimentado ao longo desse ano, um amor que cresce a cada dia, creio as dificuldades que provavelmente nos esperam podem ser vistas com outros olhos. O amor é aprendizado, e ao mesmo tempo ensino. Não podemos simplesmente amar cada vez mais nossos filhos, sem também ensiná-los a amar. Isso só é possível quando amamos a Deus sobre todas as coisas. Amar a Deus é deixar de lado nosso egoísmo, é caminharmos para o amadurecimento proposto em Cristo, à estatura de varão perfeito (Romanos 8.29; Efésios 4.13).
Por isso, o verdadeiro amadurecimento de nossos filhos passa pelo amor a Deus. Devemos fazer parte desse ensino, tanto pelo nosso testemunho de amarmos a Deus, como também amando nossos filhos, deixando o egoísmo e amadurecendo junto deles. Em todos os casos, procede de Deus o amor e a maturidade necessária para pais e filhos.

Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda tua força.
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
tua as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Deuteronômio 6. 5-7

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Importa agradar a Deus. E aos homens?



É desconfortável pensar que não se pode sempre agradar as pessoas. Desagradar é como sentir-se em dívida, deveríamos ter dado, ou prestado algo, e assim não o fizemos. E desagradável sentir-se em dívida, desagradar a outros.
Mas como equacionar o fato também de que a ninguém devemos dever coisa alguma, senão o amor (Rm 13.8)? Como conjugar o amor ao próximo, principalmente aos irmãos, e ao mesmo tempo agradar sempre a Deus?
De fato não podemos agradar as pessoas sempre por alguns motivos naturais. Primeiro que ninguém conhece todos os gostos de todos ao seu redor. E Também ninguém seria capaz de corresponder a todos esses gostos. Somos limitados, e diria também, somos o que somos, e como tais não nos ajustamos a tudo e a todos. Algo sempre vai desagradar o outro.
Mas e quando se trata de algo que decidimos não fazer, conscientemente não agradar? Quando somos conscientemente desagradáveis? Volto a questão anterior: Como conjugar isso ao amor ao outro?
Sabemos que não devemos agradar aos homens em detrimento de Deus. Quando chamados ao Sinédrio, Pedro e João deixaram isso claro as autoridades, quando estas lhes ordenaram não ensinar e nem falar em nome de Jesus (Át. 4.18-20). Quando agradar ao próximo implica em desagradar a Deus, não precisamos ter dúvidas do quanto seremos desagradáveis. Seja por ordem legal, seja em um relacionamento pessoal ou profissional, devemos estar prontos para nos tornarmos persona non grata.
Por outro lado, se realmente considerarmos o amor da perspectiva verdadeira, do prisma de Deus, devemos lembrar que amar não é ser agradável sempre, e ainda mais quando estamos cientes de que os caminhos do outro são caminhos de morte. Não estou dizendo que temos licença para ofender ou atacar, mas que por vezes, quando expressamos a verdade em amor, contra pecado praticado pelo outro, é assim que as pessoas se sentem, atacadas e ofendidas. Estas, se de fato estão em pecado, se esqueceram de que primeiro atacaram e ofenderam a Deus, e que é para o próprio bem delas que estamos acentuando o seu erro.
Não é porque somos perfeitos, ou juízes, mas porque antes de tudo amamos a Deus, e temos zelo pela sua Palavra e o que ela requer de nós. É também porque amamos a outra pessoa, e desejamos que ela esteja em paz com Deus, e sabemos que isso só é possível por meio de Cristo. Por isso confrontamos o pecado com a Palavra, porque ela nos aponta Cristo como imagem perfeita, como devemos ser (Rm 8.29).
Certamente, desagradando tantas pessoas, teremos também a sensação desagradável de nos sentirmos distantes da maioria. Mas se verdadeiramente temos buscados agradar a Deus por meio de sua Palavra, e ela nos incumbe isso, vivamos pela fé de que o que é elevado entre os homens e abominável a Deus (Lucas 16.15).

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Produzidos a nossa imagem e semelhança


Ontem assisti ao filme O Planeta dos Macacos - a Origem. Tinha grandes expectativas para esse filme, as quais foram correspondidas. Tentarei não ser spoiler aqui, vou me ater ao que já está exposto na própria sinopse do filme.
Esse filme se presta a explicar porque a terra ficou dominada por macacos, conforme os outros dessa mesma série - Planetas dos Macacos (1968, 2001). Uma droga confeccionada para curar o mal de alzheimer é testada em chimpanzés, e esta desenvolve em um deles uma capacidade intelectual extraordinária. De início tudo corre bem, mas para efeito da trama, grandes problemas surgirão. É justamente esse efeito de uma droga produzida para curar um mal, que traz outros maiores para o planeta. No futuro a terra passa a ser dominada por símios.
Apesar dessas coisas se passarem na tela do cinema, elas seriam plausíveis segundo a teoria darwinista, levando em conta uma evolução provocada. Já para um criacionista, o filme não passa de uma boa ficção.
Todavia meu ponto não é considerar a ficção darwinista, mas o que de real o filme apresenta. A pesquisa para a cura do alzheimer a partir de testes em macacos, é feita deixando de lado um certo rigor ético que poderia existir. O protagonista humano da história é um cientista que procura essa cura para ajudar o seu próprio pai. Ele ignora alguns limites éticos visando um bem maior, mas sem pesar as consequências. Quando ele se vê frustrado a primeira instância, depois obter temporariamente bons resultados, ele procurar ir mais fundo ainda, na esperança de erradicar a doença do seu pai.
Não posso deixar de ver um paralelo nas pesquisas de célula tronco e alguns problemas consequentes. Visando curar muitas doenças, tais pesquisas têm rompido com os limites éticos, fazendo uso de embriões humanos como matéria prima para cura das mais variadas doenças. Não quero me opor aqui as pesquisas que visam a cura, mas levantar a questão dos limites da ética. Ainda que não seja fã de Nietzsche, não posso deixar de concordar com sua célebre frase: Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. Ou seja, lutando contra uma mal apela-se para outro. Lutando pela vida, despreza-se a própria vida.
Um outro problema surge então, a comercialização da cura. É certo que toda pesquisa como essa tem por trás de si um grande financiamento de grupos interessados no mercado farmacêutico. Ainda que possa existir pessoas motivadas pelo bem estar do próximo, a alavanca financeira visa o lucro. E pelo lucro sobre a vida, as pessoas são capazes de matar.
Há ainda o problema de imaginar-se superior a morte. A ideia de vencer a morte por seus métodos científicos é uma dos maiores sinais de prepotência humana. Não reconhecer que para si foi posto um limite, que a vida nunca avançará além do tempo que lhe está proposto debaixo do céu, é uma arrogância de quem se vê como seu próprio deus. Considerar que existe uma cura para morte, ou para as más formações genéticas, é desprezar que a vida após o pecado é marcada pela morte; que desde o nascimento já carregamos sinais de nossa sentença prévia. O que está em jogo não é a cura em si, mas o triunfo humano sobre as mazelas do corpo amaldiçoado pelo pecado. É como uma nova Torre de Babel no âmbito medicina.
De um certo ângulo, a evolução no filme símia parece um grande feito da ciência, ainda que colateral. Mas fica claro, ainda que estampado em uma ficção, que o homem, ao reproduzir (ou produzir) sua imagem e semelhança em animais, piora em muito a sua realidade. Gera muito mais morte e destruição que o alzheimer em si. Tomando essa perspectiva fictícia e aplicando aos nossos dias, temos um futuro terrível, marcado por uma ciência maligna. Não temos ainda um quadro claro das consequências das pesquisas feitas em células tronco embrionárias, mas certamente, sendo feitas à custa de vidas "descartáveis", com a simples função de "curar" outros males, certamente trará sobre nós um mal maior.

PS.: Não desconsidero a capacidade intelectual que Deus dá ao homem para produzir cientificamente. Toda boa dádiva procede de Deus (Tiago 1.17). Questiono o mau uso do dom divino à serviço da soberba e da ganância.

Quero voltar...

Não é culpa do Benício eu ter parado as postagens. Mas é fato que depois dele algumas coisas nunca mais serão as mesmas. O tempo é uma delas.
Quero voltar a escrever, e também voltar a treinar muay thai. Estou procurando tempo para isso.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Filhos da Aliança




Nesse domingo, 03 de julho, meu filho Benício foi batizado. Uma ocasião como essa é motivo de muita alegria para mim e para a Candice. Durante o culto vespertino na Igreja Presbiteriana Alvorada, nosso filho foi recebido na familia da Aliança no batismo ministrado pelo Rev. Higor Cabral, meu amigo e irmão. Como diz vovó Lalinha, mãe da Candice, muitos foram ali prestigiar.
Mas todos sabem o que boa parte dos evangélicos pensa a respeito do batismo de crianças nas igrejas presbiterianas. Julgam de maneira preciptada o batismo infantil das igrejas reformada como o mesmo praticado pelos romanistas. Quanto a isso, faço algumas consideraçoes.




  1. O batismo de crianças na Igreja de Roma tem efeito regenerador, pois sendo um dos 7 sacramentos, é um dos meios pelo qual a pessoa recebe a salvação galgada por Jesus. Esse não é o entendimento presbiteriano. Não batizamos por medo de que nossos filhos morram "pagãozinhos".


  2. Entre os reformados o batismo infantil não tem efeito salvífico, antes, expressa a fé dos pais de que seus filhos também fazem parte da família da Aliança, pois o Pacto que Deus fez com os homens, sempre incluiu não apenas os pais mas também os filhos. A circuncisão ordenada a Abraão no Antigo Pacto foi substituida pelo batismo no Novo. Esse entendimento da Aliança do Antigo Testamente extensivo ao Novo é subtendido e crido em virtude de sermos uma só Igreja.


  3. Em nenhum texto sobre batismo nega-se a aplicabilidade dessa ordença aos infantes. Em Atos é plausível que crianças tenham sido batizas junto de seus pais crentes. Na história, no segundo século, há relatos de crianças que eram batizadas. Até os dias da Reforma, apesar do desvio doutrinário romanista, o batismo infantil era prática inconteste. Apenas apartir do movimento Anabatista tal prática tornou-se revogável para alguns.


  4. Pessoalmente, entendo que é muito melhor batizar meu filho para que ele possa mais tarde reafirmar a fé de seus pais, do que deixa-lo aparte da Igreja, entregue a si, para tão somente um dia ele venha afirmar por si, essa mesma fé. De outra sorte, ele também pode não vir a crer como seus pais, sendo ou não batizado na infância.


  5. Muitas coisas são impostas aos filhos: nome, horários (de comer, dormir, banho), ingresso na escola. Não vou esperar meu filho chegar a uma certa idade para que tome certas decisões. Por que eu deixaria meu filho entregue a si quanto a algo que é muito maior que qualquer outra coisa nessa vida? Assim como o atalaia de Ezequiel 33, os pais crentes devem responsabilzar-se por ensinar o bem e advertir os filhos do mal. Isso faz sentido pleno quando os filhos são vistos como povo de Deus.


  6. Enquanto tiver sobre ele responsabilidade, vou criá-lo como integrante da família da Aliança, falando-lhe ao mesmo tempo das bençãos dispostas e de sua responsabilidade. Inculcando que o sinal meramente não é suficiente, mas que é necessário crer e obedecer os preceitos da Aliança. Todavia, uma vez que o sinal lhe foi concedido, ele é ainda mais responsável mediante a graça que lhe está proposta.

Sou grato a Deus porque um dia quando ainda pequeno fui batizado na Igreja Presbiteriana de Cuiabá. Desde então me entendia como membro da igreja, e, no tempo oportuno, Deus me chamou graciosamente, fazendo-me crer em seu Filho como meu único Senhor e Salvador. Minha esperença é que assim como o Pastor da minha alma me chamou para si, também chame o meu filho Benício para o seu rebanho.

Ps.: Foto meramente ilustrativa. Benício não foi batizado por imersão como a imagem parece sugerir. rsssss.



sábado, 30 de abril de 2011

Parece, mas não é.



O Lata Velha dessa tarde fez uma forte campanha a favor do homossexualismo. Como sempre, com uma história tocante, de um homem trabalhador com um carro detonado, que por algum motivo maior foi escolhido para receber esse mesmo carro completamente novo. A grande diferença na história desse senhor é a sua relação há 11 anos com um transexual.
Ele, Alex, Tem um filho e é divorciado, mas ainda mora na mesma casa com a ex-mulher, como amigos. Trata-se de um homem de mais de 40 anos, que trabalha com instalação de rede de computador, aparentemente batalhador e de semblante sério. Vive porém esse relacionamento incomum. O transexual atende pelo nome de Alessandra, e se parece realmente com uma mulher. É formado psicopedagogo e vive em uma casa humilde, assim como Alex.
No caminho até a casa de Alessandra, Alex conta para Luciano Huck como foi à história de seu relacionamento. Afirmou não ser gay, pois para ele Alessandra é uma mulher. Descobriu que Alessandra era transexual após um mês de namoro, mas que nunca ouviu de sua boca que ele era homem. Contou que sofreu uma agressão certa vez em uma festa por estar com Alessandra e alguns amigos travestis. Já na casa de Alessandra, Huck perguntou ao transexual a respeito de sua autodescoberta. Alessandra contou que desde pequeno se sentia diferente, e já na adolescência não se via encaixado no mundo masculino, e que por isso sempre se viu mulher.
Não existem maiores detalhes a respeito da história dos dois. Aparentemente, uma história de luta, superação, amizade e respeito. Alessandra, operado há 6 meses, tem toda aparência de uma mulher. Mas as aparências nem sempre são o que são. Todo o contexto dessa história apresentada parece comprovar que a opção feita por Alex e Alessandra é correta. Parece, mas não é. Se não fosse pelo fato majoritário de que Deus criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança, que, macho e fêmea os fez, e que por isso ambos, Alex e Alessandra estão em contradição com a Palavra do Criador, tudo poderia tornar-se aceitável num contexto de "amor". Estes dois homens precisam ouvir a Palavra que lhes mostra o concerto de Deus para suas vidas em Cristo, não para viverem bem, pois aparentemente já vivem assim, mas para viverem segundo a vontade santa e perfeita de Cristo, que não é aparência, mas eterna.
Não é a história do homem que determina o certo e o errado. Não se trata de ajuste ou arranjo social ou cultural. Trata-se da ordem pela qual homem e mulher foram criados. Trata-se do Senhorio de Deus sobre sua criação. A sociedade cada dia mais parece viver bem à vontade com as escolhas humanas, todavia, ela não percebe que nisso ela já está sofrendo o juízo do Criador. Em tudo isso Deus já os entregou (Romanos 1.24, 26, 28). O que aparentemente é liberdade, amor e realização, um dia se revelará em condenação e maldição eterna.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

II Congresso Internacional de Teologia no Mackenzie - Esboço 2




Calvino e a Ação Socio-politica


Palestra dada pelo Dr. Augustus Nicodemus




Retomando a proposta de postar o esboço de algumas palestras do congresso de teologia do Mackenzie, segue a preleção do Rev. Nicodemus.





  • O pensamento de Calvino no âmbito social não pode ser separado nem de sua teologia, nem de seu contexto histórico.




  • Genebra: contexto político antes de 1536 - modelo hierárquico.



  1. Bispo (príncipe da cidade)


  2. Magistrado.


  3. Conselho.



  • Depois que adotou a Reforma Protestante houve uma inversão: o Conselho assume o lugar do bispo, e a Igreja (representada anteriormente pelo bispo) desce para o escalão do conselho.


  • Isso deixa claro que antes de Calvino chegar ali, mudanças sociais já vinham acontecendo (Guilherme Farrel e o Conselho).


  • Mas o que Calvino pensava com respeito a atuação social do cristãos?



  1. As causas das mazelas sociais decorrem do pecado.



  • Pecados sociais daquela época: a) estocagem de alimentos; b) monopólio; c) especulação; d) juros excessivos.


  • Os males sociais eram produzidos por corações corruptos.

2. O conceito de Senhorio de Cristo sobre a vida e a criação.



  • A obra da redenção atinge também o cosmos e a sociedade.

3. A Igreja deve, portanto, servir de modelo de restauração, ainda que parcialmente.



  • Nesse sentido, a responsabilidade social da Igreja é:

A) Ministério didático. Instruir os cristãos com respeito a mordomia. Guardar o dia do Senhor. Repreender o agiota e o vagabundo.

B) Ministério político. Igreja e Estado são instituições que procedem de Deus. Esferas distintas, mas laceadas.



  • O Estado deve manter a ordem; sustentar a Igreja; zelar pela pregação fiel. É importante lembrar do contexto político de Genebra apresentado anteriormente, visto que o Conselho da cidade supervisionava a Igreja. Também o Estado deve zelar pela pregação fiel tornando-a livre.

  • A Igreja deve orar pelas autoridades; adverti-las quando se desviarem do temor de Deus (consciência do Estado); recorrer ao Estado para sanções contra atentados a ordem (Servetus).

C) Ministério Social. Os diáconos devem: a) administrar os bens destinados a comunidade; b) distribuir esses bens; c) cuidar dos doentes.




  • A ação da Igreja assim é marcada pela consciência do Reino, Justiça, Evangelho e Arrependimento.

sábado, 26 de março de 2011

Quando a morte é lucro.


Fomos acordados às cinco da manha, por uma ligação de uma amiga. Ela comunicava que a mãe de uns amigos falecera. Eu não consegui dormir desde então. Não consegui deixar de pensar em minha mãe. Lembrei-me de algo semelhante, quando estudava em Brasília. Ao voltar de uma programação da igreja, chegando à casa do Dr. Pickering onde morávamos, vi um colega chorando ao lado do telefone. Ele me disse: meu pai morreu. Isso soou em minha cabeça o fim de semana inteiro na exata senteça que ele pronunciou: meu pai morreu! Era como se meu pai tivesse morrido.


Quem pode dizer está pronto para a morte? A sua própria ou a de alguém próximo? Em São Paulo, há alguns anos, eu a presenciei. A mãe do meu cunhado infartou diante dos meus olhos. Nunca havia presenciado alguém morrer. Seu olhar era de alguém que estava sendo tomada a força. Ela nos olhava como quem pedia para ficar. Estávamos eu, seu outro filho e uma neta. Nada podíamos fazer.


A morte não é uma agente pessoal. Não se trata de um ser, uma entidade. Ela também não age deliberadamente, escolhedo suas "vítimas" como em um filme. Ela é simplesmente a paga dos nossos pecados (Romanos 6.23), uma sentença judicial sobre o pecado. E, pecadores como todos somos, receberemos esse salário no fim da vida. Na morte, diz o poema de Suassuna em o Auto da Compadecida, tudo se iguala:


Cumpriu sua sentença, encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.


Mas como falar da morte de outra maneira? Como não enxergá-la enquanto condenação? Dizer que a morte é lucro parece absurdo. Que ganho alguém pode ter na morte? As agências funerárias talvez. Mas em sua própria morte, o que alguém poderia lucrar? Nem quando se pensa em seguro de vida, pois ele existe em prol dos beneficiarios, e não do segurado.


Esse ganho do qual Paulo fala, que contrasta com o salário de todos, é na verdade toda sua expectativa e esperança sobre essa vida. Para o apóstolo a vida e a morte se resumia em seu ganho maior: Jesus Cristo. Ele sabia que em seu corpo Jesus era engradecido - ou em outras palavras - glorificado. Ele era prisioneiro de Cristo em Roma (Efésios 3.1; Filipenses 1.13), e se continuasse vivo, experimentaria mais e mais da graça de seu Senhor. Mas quando morto, iria para junto de Jesus, o que é incomparavelmente melhor (Filipenses 1.23). Se viver com Cristo é ganho, estar com Cristo é o ganho a mais. Esta certeza sobre a morte, só pode existir em uma vida com Cristo. Se Cristo não é o meu ganho aqui, não o pode ser lá. Se não considero todas as coisas para glória de Cristo, não poderei ser glorificado com Ele na morte.


Aos olhos do SENHOR, a morte dos seus santos é preciosa. Paulo devia ter em mente o Salmo 116.15 quando falou em lucro. Mas porque mesmo os que estão em Cristo ainda sentem tanto desconforto na morte? A morte física, não obstante ter sido mudada de salário para lucro (no caso dos santos), ainda é nossa inimiga, uma vez que Jesus não a subjulgou finalmente (1 Coríntios 15.26). Ainda somos pecadores, ainda somos humilhados em nosso corpo pela corruptibilidade. Nesse sentido, na morte bebemos o último gole amargo dos nossos feitos dessa vida. Podemos vislumbrar o que sentiu o Senhor em sua aflição no Getsemani. Ele, é claro, numa intensidade que nunca sequer imaginaremos, pois sendo santo, experimentou o peso de todos os nossos pecados. Na cruz Ele morreu a morte de todos os eleitos. Pagou a dívida eterna que constava contra nós.


É tão somente por causa dessa certeza na qual fomos salvos, que podemos olhar para morte como lucro. Somente porque Jesus venceu a morte, ressuscitando ao terceiro dia, é que podemos encará-la com tal expectativa. É por sabermos que nada mais consta contra nós que desejamos estar finalmente junto do Pai. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas em sua conversão (Ezequiel 33.11). Quanto a nós, não sei se podemos dizer que temos prazer na morte, mesmo na dos convertidos. Contudo, o que sei é que através dela estaremos finalmente próximos de Cristo, pois na sua morte fomos unidos eternamente ao Pai em amor.

sábado, 19 de março de 2011

II Congresso Internacional de Teologia no Mackenzie - Esboço 1


Nos dias 14, 15 e 16 desse mês participei na Universidade Presbiteriana Mackenzie do II Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja, cujo preletor principal foi o Dr. Wayne Grudem. O tema foi "A atuação do cristão na esfera pública. As palestras do Dr. Grudem eram sinteses dos capítulos do seu livro Politics Acording to the Bible - obra ainda não publicada em português.
Esta e as próximas postagens deste blog são esboços que fiz a partir de duas palestras do Dr. Grudem e uma do Dr. Nicodemus.



  • 5 Visões Errôneas da relação entre Cristianismo e Política.

  • Apartir de Jó 12.23 Dr. Grudem afirma que a nação brasileira foi levantada por Deus. É Ele que conduz soberanamente a história das nações conforme o seu propósito. As nações devem engajar-se nesse propósito para a glória de Deus.


  • Em meio a esse engajamento, uma vez que Deus reina sobre todas as nações, como não deve ser a relação entre cristãos e o Estado (toma-se Estado aqui como sinônimo de Governo).


  1. O Estado não deve forçar uma religião sobre uma nação.


  • Com base em Mateus 22.21 fica claro que existem duas esferas distintas de autoriada - a religiosa e a do Estado. Jesus não diz exatamente o que se deveria dar a Deus e a César, mas fica claro que uma não deve sobrepor a outra.

  • Em Lucas 9.52-56 observa-se que o "método de evangelismo" proposto por Tiago e João não foi aceito por Jesus. Dr. Grudem brincou que sendo os samaritanos da vila exterminados, a próxima vila teria 100% de aceitação para a pessoa de Jesus. Mas o caso é que os discípulos não tinham o direito de tirar a vida dos samaritanos porque não receberam Jesus.

  • Dr. Grudem comenta que quando passa em frente a um templo busdista, ou a uma mesquista, sente ao mesmo tempo tristeza e alegria. Tristeza por saber que ali as pessoas estão sendo enganadas, distanciadas da Verdade. Mas alegria por saber que em seu país há liberdade religiosa.

2. O Governo não pode excluir a religião da esfera pública.



  • Muda-se de "liberdade de religião" (liberdade religiosa) para "liberdade da religião" (livre de religião).

  • Na prática, isso vem acontecendo sempre que algum tipo de manifestação religiosa (oração, dez mandamentos) é proibida em algum local público, ou algum tipo de cerimônia.

  • Também tem-se aplicado tais sanções religiosas no que diz respeito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quando contexta-se a legitimidade de tal união, cortes norte-americanas afirmam que a religião não pode interferir a decisão pessoal do cidadão. Dr. Grudem argumenta que religião diz respeito a escolha que as pessoas fazem quanto a igreja que frequentarão, e não no que diz respeito a união civil. Pode até existir razões religiosas por trás de muitas leis, mas isso não estabelece religião.

  • A liberdade de expressão naturalmente é tolhida nesse processo.

  • Como servos de Deus para o bem da sociedade (Rm 13.4), o Estado não pode ignorar absolutos morais, os quais são muitas vezes esboçados na religião.

  • Na Bíblia temos vários exemplos de servos de Deus que aconselharam governantes: José do Egito, Daniel, Isaías, João Batista, etc.

3. Todo Governo é demoníaco e mal.



  • Greg Boyed afirma com base em Lucas 4.6 que Satanás preside todas as nações. Quando ele as oferece a Jesus, este não lhe contradiz afirmando que elas não lhe perteciam. É preciso lembrar que Satanás é mentiroso, e a prova inconteste disso é a exata resposta de Cristo: Somente Deus deve ser adorado.

  • Ao contrário do que Satanás diz, a Bíblia afirma em vários momentos que o governo das nações pertence a Deus (Daniel 4.17; Romanos 13.1-6; 1 Pedro 2.13-14).

  • É falacioso dizer que Jesus nunca se pronuncio quanto a autoridade do Estado, uma vez que a Bíblia como um todo trata a esse respeito. É preciso lembrar que toda a Bíblia é carregada da autoridade de Jesus, e não somente os Evangelhos.

  • Dr. Grudem lança a questão: o pacifismo poderia ter parado Hitler?

  • Falta-lhe a percepção de que tanto o evangelho, quanto o governo, são estabelecidos por Deus para restringir o mal na sociedade.

  • Boyed em suma [minhas palavras] defende uma perspectiva hippie de sociedade, uma visão anarquista.

4. Evangelize, não faça política.



  • Eis a idéia de abstenção.

  • John MacArthur em Why Government Can't Save You afirma que o envolvimento em questões de ordem governamental não são vitais para nossas vidas espirituais, para o testemunho de justiça ou no avanço do Reino de Cristo.

  • Dr. Grudem disse que poderia escrever também algo como que Por que a Igreja não pode salvar sua casa de um incêndio.

  • Fomos chamados para boas obras.

  • Se oramos por bons governos, não deveríamos igualmente trabalhar por bons governos. Ensinar nas igrejas a esse respeito é uma boa obra.

  • MacArthur fala que um governo nada pode fazer em prol do avanço do evangelho. Dr.Grudem responde com uma simples observação nas duas Coreas. Basta pensar que se tratava de um mesmo país, um mesmo povo, uma mesma língua, mas com diferenças absurdas.

  • O evangelho integral inclui transformação da sociedade. Se o propósito da Igreja sobre terra é apenas evangelizar, onde fica o amor ao próximo, na medida de atos práticos em benefício ao outro?

  • Na história é visível quantas leis em benefício da humanidade foram criadas em contextos cristãos.

5. Faça política e não evangelismo.



  • Boas leis são o bastante.

  • Esse "evangelho social" tem seguidores nos flancos liberais.

  • Em certa escala, são necessárias pessoas com o coração transformado para proporem ou cumprirem boas leis.


A Visão Bíblica significativa de influência no Governo.



  • Dr. Grudem faz menção de grandes homens na Bíblia que marcaram seu tempo e sua sociedade pela influência política em obediência a Deus.

  • José no Egito. Moisés da mesma sorte.

  • Daniel na Babilônia.

  • Jeremias junto aos cativos.

  • Neemias enviado da Pérsia para Jerusalém.

  • Ester na Pérsia pelos judeus.

  • No N.T, João Batista e Paulo falaram a governantes, e exerceram influência.

O primeiro capítulo do livro do Dr Grudem, onde se encontra a íntegra dessa preleção está disponibilizado aqui em pdf.

Posso dizer particularmente que estas palavras sem dúvida constituem um embasamento poderosamente bíblico para que cristãos se envolvam na política, tendo em mente o governo de Deus sobre os povos, e nossa responsabilidade de exercermos segundo sua Palavra a justa e boa influência sobre a sociedade onde vivemos.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"Eu Sou"


Eu sou Asafe! O Salmo 73 é como um espelho para mim, quando eu leio e me vejo refletido naquelas palavras. Aquela revolta é minha; aquela amargura é minha; aquele turbilhão de sentimentos acontecendo dentro de mim. Como ele eu me alimento de lágrimas, me farto de angústia e me embriago em minha loucura. Faço as mesmas perguntas que um dia ele fez, sinto a mesma dor que um dia ele sentiu. Meus olhos vêem a vida como um dia ele viu, e avaliou e se revoltou. Uma revolta contra os perversos que enriqueceram e se deleitaram na prosperidade ilícita. Uma inveja revoltante contra o mundo, que premia os arrogantes e favorece os ímpios. Enfim, uma revolta contra Deus, julgando minha retidão inútil e vã. Eu sou Asafe ao carregar esse peso, a difícil tarefa de refletir sobre o sentido da vida à luz de tantas injustiças e incoerências. Eu sou Asafe caminhando pelas ruas e esquinas da vida, observando estarrecido que ela, aparentemente, continua a mesma.
Eu sou Moisés! No deserto de sua culpa, no abandono do Egito para viver em solidão a sua frustração consigo mesmo. Ao reler a narrativa de Êxodo 2 sou convencido que como ele eu tenho o coração cheio de boas intenções, mas as mãos manchadas de culpa. Ele assassinou um egípcio, eu matei tantos em meu coração. A fuga foi para ele o único caminho possível; de fugas e esconderijos a minha vida é constituída. É verdade que Deus usou o pecado de Moisés para cumprir seus propósitos, mas isso não o livrou da dor, do sofrimento e da decepção consigo mesmo. Além do fato que ele se sentiu incompreendido pelos seus próprios irmãos hebreus. Quantas noites solitárias, quantas peregrinações diárias foram precisas para que Moisés se reencontrasse! Eu sou Moisés em meu deserto, sou ele em minhas culpas. Peregrino por aí em busca de respostas, muitas vezes sem perspectivas, na esperança de que um dia eu saiba que os meus pecados foram úteis aos seus propósitos.
Eu sou Elias! Quando medito em sua vida narrada no Primeiro Livro de Reis percebo, especialmente no capítulo 19, que o medo que ele sentiu é o mesmo que me apavora. Medo da vida, medo especialmente das consequências da vida, medo do que é certo... simplesmente medo. Não é falta de fé, nem mesmo depressão, é a ferida aberta de minhas fragilidades. Ah! Como eu sou como Elias. Como ele meu primeiro impulso é pensar na morte, na cessação da dor, no fim de todas obrigações. A visão obliterada pelos acontecimentos é a mesma, a incapacidade de ver Deus agindo na história também. Sinto-me na caverna, cansado e desestimulado, Meus argumentos com Deus são lógicos para mim, é a mais pura versão da realidade. Não há mais nada a fazer, nada que possa mudar essa realidade que enxergo. Eu sou Elias, em sua solidão profética, em seu abandono ministerial, em sua luta interna. Eu sou Elias, em sua mágoa com seu povo e sua estima abalada. Eu, também, sou Elias.
Eu sou muito mais, sou Jó em sua calamidade, sou José em sua relação tumultuada com seus irmãos. Sou Davi, sou Pedro, sou João, e muitos outros espalhados pelas páginas da Bíblia. Sou todos e sou eu. Vivo e sinto o que eles viveram e sentiram, mas afinal sou apenas eu mesmo, vivendo a minha história. Mas espero, como eles, aprender a tratar a minha revolta, a minha culpa ou o meu medo. Espero como eles fazê-lo na dependência de Deus, reconhecendo que "nenhum de seus planos pode ser frustrado" (Jó 42.1). Espero entender que o caminho que eles encontraram para vencer os desafios da vida e a reencontrar a alegria da existência foi na oração. Momento em que seja no Templo (Asafe), seja no deserto (Moisés), seja em Horebe (Elias), Deus falará comigo. E em meio às minhas orações direi: "Ouve, Senhor, a minha súplica e cheguem a ti os meus clamores " (Salmo 102. 1).

Jôer Corrêa Batista - meu mestre, irmão e amigo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Crentes Incrédulos


Crer em algumas coisas requer desacreditar outras. É extremamente incoerente dizer-se crente e ao mesmo tempo acreditar em tudo. Não se pode sustentar idéias ou conceitos auto-excludentes, e por isso ser verdadeiramente crente em Jesus Cristo implica em ser incrédulo quanto a tudo que contraria sua Palavra.

Sendo assim, em certas circunstâncias, sermos considerados incrédulo não chega a ser uma ofensa. Dependendo de quem fala e daquilo que afirma ou pratica, ser incrédulo perto desse tipo de gente é o certo. É nosso dever manifestar incredulidade para com certas pessoas e suas palavras.

A Palavra de Deus destaca o tratamento dado aos falsos profetas em Deuteronômio 13. 1-3:
Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma.

Não são dignos de crédito aqueles que conclamam os filhos de Deus para servirem outros deuses. Na Mesopotâmia podia ser mais fácil que hoje para os hebreus distinguirem o SENHOR dos falsos deuses. Mas isso ainda é nosso dever, uma vez que falsos profetas se levantam no meio da Igreja para desviar os crentes. Todo aquele que prega outro evangelho, Paulo é taxativo, deve ser considerado maldito (Gálatas 1. 6-8). Na Antiga Aliança existia licença para matar os falsos profetas, hoje, ainda que vivos, eles devem ser anatematizados pelo povo de Deus.

A Confissão de Fé de Westminster XIV.2 afirma:
Por essa fé o cristão, segundo a autoridade do mesmo Deus que fala em sua palavra, crê ser verdade tudo quanto nela é revelado, e age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças e abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura; porém os principais atos de fé salvadora são - aceitar e receber a Cristo e firmar-se só nele para a justificação, santificação e vida eterna, isto em virtude do pacto da graça.

Este texto deixa claro que o verdadeiro objeto de fé encontra-se em tudo quanto é revelado por Deus em sua palavra. Essa fé na prática evidencia que a confiança sobre a justificação, santificação e vida eterna, restringe-se exclusivamente na pessoa de Jesus Cristo.

Crer em Jesus Cristo limita à sua pessoa toda esperança de salvação, sem que nada nem ninguém possam concorrer para este fim. Crer na obra do Espírito Santo significa crer no propósito que o próprio Senhor especificou a seu respeito (João 14.26; 15.26; 16. 12-14), e não em performances solo desconexas da Palavra que Ele mesmo inspirou.
Ter fé na Soberania do Pai é crer que Ele tem pleno poder e sabedoria sobre todas as coisas, ordenando-as livre e inalteradamente de maneira que tudo quanto acontece está sob seu controle, sem com isso afirmar ser Deus o autor do pecado e nem fazer dos homens marionetes (CFW III.1). Crer nas Escrituras é obedecer a tudo que é prescrito como vontade de Deus, e confiar em sua bondade revelada. Isso implica em não crer em nenhuma outra palavra atribuída a Deus que vá de encontro ou acrescente ainda que uma vírgula aos registros canônicos.

De outro ângulo, os verdadeiros incrédulos ainda que se digam crentes em Jesus Cristo, negam, acrescentam ou até mesmo desprezam estas coisas. São assíduos à visões, mas cegos quanto ao evangelho, otimistas e triunfalistas em seus maus caminhos, mas fadados a destruição.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Duas vozes, um só louvor


Benício está me ensinando louvar o nosso Deus em novas circunstâncias. Quando Jesus cita o Salmo 8.2, falando do perfeito louvor que provém de crianças de peito, creio se referir ao choro que para alguns é tão insuportável. De fat0 não é prazeroso escutar choro de criança. Por menor que seja, meu filho é um verdadeiro amplificador. Mas ainda assim, entendo que existe mais por traz desse choro que um simples som irritante. É em meio a tudo isso que tenho aprendido um pouco mais sobre louvor.

O Salmo é usado por Jesus num contexto de resposta aos sacerdotes e escribas do templo que se indignaram por causa das palavras que meninos diziam acerca de Jesus:

E foram ter com ele no templo cegos e coxos, e curou-os.
Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,
E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor? (Mateus 21.14-16)

É irônico o fato de que aqueles homens nunca se indignaram com o que era feito de errado no templo. Os vendilhões usavam aquele espaço há tempos, fazendo dali uma verdadeira feira, e nunca foram sequer repreendidos por isso. Jesus os espulsou e passou a curar. Quando o Senhor fez isso, trouxe prufunda inquietação entre as autoridades do templo, e o louvor dos meninos os fez protestar.

O Salmo oito fala sobre o o poder do Deus criador. A força dEle não provém de cavalos, nem de carros ou do alarido de guerra dos pagãos. Todavia, mesmo o choro de pequeninos é suficiente para suscitar o seu poder. O Deus todo poderoso não necessita da força de ninguém. Ele mesmo é o socorro dos fracos.

Quando vejo meu filho chorando, e sei que quase sempre está querendo mamar, percebo também o quanto somos fracos. Sei que sem os seus pais, sem ninguém por perto, ele choraria até desfalecer. Sem outra pessoa para suprir suas necessidades ele morreria. Assim nós, sem Deus, estamos mortos. É como cantamos "a força do homem nada faz/ sozinho está perdido". E não podermos clamar por outro nome senão o de Jesus. Aqueles meninos exaltavam o nome de Jesus, o Filho de Davi, pois somente nEle há força. Mesmo crianças pareciam compreender isso, ao passo que os sacerdotes e escribas não. Aqueles meninos eram a exegese viva da passagem que Jesus menciona.

Sempre que meu filho chora, e o tenho nos meus braços, lembro-me de cantar louvores a Deus. O choro dele e minha voz desafinada tornam-se um só louvor. Sei que assim como ele precisa de leite, eu preciso da graça de Jesus, e que somente nEle tenho socorro em minhas aflições. Espero que o Benício aprenda desde cedo essa lição, sabendo que sua maior necessidade é da graça do Filho de Davi. A Ele pois toda glória!