terça-feira, 14 de dezembro de 2010

De Volta à 2010


Como disse no último post, as coisas não foram fáceis nos últimos meses, mas graça de Deus me bastou em todos esses dias (2 Coríntios 12.9). Consegui concluir meus trabalhos e ser aprovado na integralização do meu curso de teologia. Meu filho Benício nasceu no devido tempo, saudável e bonito. Ele tem sido uma fonte de reflexão sobre a perfeição de Deus e seu amor descritos na Palavra. Precisarei de mais de um post para compartilhar esses pensamentos.

Posso começar falando a respeito do tempo. No início deste ano, quando eu e Candice nos propusemos a ter um filho, estive muito ansioso para que isso se desse o quanto antes. Eu queria que ela parasse de tomar os contraceptivos imediatamente, mas não foi possível por causa de uma infecção de ouvido que ela teve. Tivemos que esperar até a segunda quinzena de janeiro, o que me deixou muito chateado. Passado pouco mais de um mês ela estava grávida. Hoje sei pela data em que meu filho nasceu, que se ela tivesse engravidado antes, o choque com o prazo de entrega dos trabalhos da validação, dia 19 de novembro, tornaria esses dias um caos. Graças a Deus pelo tempo dEle. Benício nasceu dia 24 de novembro. Um mês antes tornaria praticamente impossível a entrega desses trabalhos. Sei que Deus poderia ser igualmente gracioso, mesmo coincidindo as datas. Mas em tudo dou graças.

Lembro-me que no post escrito no ultimo dia de 2009, em tom pessimista, tinha a sensação de que aquele ano que não acabaria tão cedo. Me sentia cansado àquela altura, desmotivado para o que viria pela frente. Pois bem, agora 2010 está acabando, e sinto-me fortalecido para 2011 (Isaías 40.29) . Nem tudo foi como eu esperava, mas certamente Deus foi sobremaneira bondoso comigo em todas as coisas. Sou eternamente grato.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aviso aos Navegantes


Não tenho tido tempo para postar nos últimos meses em razão dos trabalhos a serem concluidos para integralização do meu curso de teologia. O preparo para a chegada do Benicio também tem tomado meu tempo. A sensação sobre o tempo nesses últimos meses tem sido antagonica. Tanto quero que novembro chegue logo para ter meu filho nos braços, como também sinto o peso desse mês enquanto prazo final para a conclusão dos meus trabalhos.

Que Deus me dê graça, e a graça.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um aborto contra outro aborto

O aborto tem sido o tema de maior peso nessas últimas semanas em vista da campanha eleitoral. A candidata peti-lulista Dilma, ex-guerrilheira, agora quer se tornar ex-militante pró aborto. Como tem sido amplamente noticiado, a partir de uma sabatina feita na Folha de São Paulo (video abaixo), em 2007, a ex-ministra defendeu abertamente a descriminação do aborto, o que em termos práticos quer dizer que qualquer gestante, por qualquer motivo, não poderia ser enquadrada em crime contra a vida por essa prática. Ou seja, o assassinato de uma criança que sequer nasceu não é crime, mas uma opção pessoal da mãe "sobre seu corpo".

Um braço evangélico da campanha de Dilma é o bispo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, o dono da IURD. O sobrinho do "Tio Donald gospel" diz ter perdido voto em sua candidatura a reeleição por causa da Dilma e a questão do aborto. Quanto incoerência. Como é sabido e notório, Macedo é a favor do aborto, por questões absurdas, as quais ele falaciosamente chama de "planejamento familiar". Sendo assim, tão incoerente quanto a mudança de discurso da Dilma, é a fala de Crivella de que perdeu votos por causa dessa questão, sendo essa posição defendida abertamente por seu chefe.

Ao assistir o video de Macedo* (video abaixo), tenho que confessar meu pecado. Enquanto ele defendia o aborto como uma forma de salvaguardar a sociedade de crianças que cresceriam desajustadas socialmente, eu só conseguia pensar no aborto dele. Usando o seu raciocínio, sendo ele mesmo um indivíduo desajustado moralmente, seria obviamente um candidato nato (ou nesse caso, não) ao aborto.

Mas não podemos nos deixar vencer pelo mal, mas sim vencer com o bem. A Deus pertence a vingança (Rm 12.19-21). Se não podemos abortar o Macedo, abortemos pelo menos as pretenções políticas de Dilma, pois isso sim, podemos fazer.

(*) Esse video inicia com uma citação bíblica fora de contexto. Isso bem reflete o que Dr Martin Lloyd Jones diz: Ensine o livro de Eclesiastes a sua igreja, antes que o diabo o faça.

domingo, 25 de julho de 2010

Sombra do que está por vir







Ontem, sábado , dia 24, tive pela primeira vez uma experiência de tato com meu filho. Ele já está com quase cinco meses, é um menino, e é muito agitado. Candice disse que começou a senti-lo mexendo nessa semana, e antes de dormirmos disse para eu colocar a mão em sua barriga. Pude senti-lo mexer também. Essa sensação de seus movimentos, ainda que incompleta, é maravilhosa.


Minha mulher além de ginecologista e obstetra, também é formada em ultrassonografia. Pelo menos duas vezes por semana ela tira um tempo em seu expediente no ultrassom para dar uma olhada em nosso filho. Na sexta-feira, no fim do seu expediente pude dar uma espiada nele. Manejei com muita dificuldade o aparelho de ultrassom, seguindo as orientações da "doutora-mãe-e-paciente". Tirando os aspectos rotineiros de saúde, o que mais me faz desejar vê-lo (se fosse posssível todos os dias) na ultrassom é o anseio por suas formas. Tentar enxergar o seu rosto, seus pezinhos, mesmo em imagens tão distorcidas e escuras é um sinal do quanto estamos ansiosos por sua vinda.


O toque através da barriga da mãe, as imagens de um ultrassom, tudo isso traz sensações limitadas, mas mesmo assim são gratificantes. É pouco, mas nos faz saber que nosso filho está perto e bem. Não é nada perfeito, mas é o que temos até o dia em que ele deixar o seu mundinho no ventre da mãe para adentrar o nosso aqui fora. Quando isso acontecer, não fará sentido ficar em frente a um monitor com imagens nada nítidas. Não ficaremos mais esperando seus movimentos ocultos na barriga de sua mãe. Nós o teremos em nossos braços, poderemos vê-lo, beija-lo, cheira-lo, e ouvi-lo. Enfim, teremos o nosso filho conosco, disponível a todos os nossos sentidos. O que é em parte será deixado para trás.


Depois desses dias me peguei pensando de forma análoga na vinda do Filho de Deus. No Antigo Testamento existiram muitos sinais de sua primeira vinda. A liturgia do povo de Israel, os sacramentos, e o próprio desenrolar da história apontavam para a vinda do Messias. Paulo nos fala em Colossenses 2.17 a respeito do que era sombra das coisas que estavam por vir, sendo os sinais que apontavam para a vinda de Jesus e sua salvação. Na antiga aliança Deus concedeu a circuncisão, tirou Israel do Egito instituindo a Páscoa, alimentou o povo no deserto com o maná, e muito mais. Todas essas coisas e ainda outras, apontavam para Aquele que selaria para si um povo tirado da morte do pecado, e que seria suprido por Ele mesmo, o Pão da vida.


É maravilhoso que hoje possamos contemplar na Palavra o Filho que já veio. Não há necessidade de voltarmos à sombra, uma vez que Ele se fez carne, e habitou entre nós (João 1.14). Mas nesse mesmo sentido, também hoje esperamos a segunda vinda de Cristo. Isso é muito claro todas as vezes que quando tomamos a sua Ceia e "anunciamos a sua morte até que Ele venha" (1 Coríntios 11.26). Cada vez que lemos a Escritura, depositamos nossa fé na obra consumada de Jesus, e lançamos nossa esperança em sua volta.


Os sinais da primeira vinda não mentiam, e assim sendo, podemos ter certeza de que os da segunda também não falharão. Será maravilhoso, uma vez que não o sentiremos mais no pão ou no cálice, mas que estará diante dos nossos olhos, ao alcance de nossas mãos. Sua voz será audivel, como era para Moisés (Deuteronômio 34.10).


Nosso filho deve chegar no fim de novembro. Ele ainda não tem nome. Não sabemos se será mais parecido com o pai ou com a mãe. Mas nós já o amamos, sem nome e sem aparência. Nos alegramos muito com cada sinal que temos dele. Mas é certo que tudo isso ainda é pouco, perto do dia em que o Deus o entregar em nossos braços. Quando Jesus voltar, nenhuma alegria, prazer ou satisfação nessa vida poderá ser comparada com o júbilo que sentiremos. A satisfação que já temos em sua Palavra e sacramentos se tornará infinitamente maior em sua presença. Obrigado Pai pelo nosso filho. Obrigado, pelo seu Filho.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ainda falando sobre "serviços prestados"


Nos últimos post falei dos fiéis clientes que desejam ser adulados para permanecerem nas igrejas. Demonstrei como muitas igrejas têm se desdobrado para agradar essas pessoas a ponto de perder de vista o propósito para o qual existem. Por muito tempo enxerguei essas comunidades como mercados da fé, onde eram oferecidos vários produtos conforme a necessidade do cliente. Mas recentemente tenho notado que algumas dessas comunidades mercantilistas têm se "especializado" em alguns ramos, mais precisamente falando, em alguns pecados. Dedico esse post ao caso das "igrejas gays".

O caso mais recente no Brasil é a da Igreja Cristã Contemporânea, que se apresenta como pioneira no movimento de inclusão de homossexuais em um sistema religioso. Trata-se de uma denominação que visa apoiar o pecado da homossexualidade, o qual é claramente condenado em Romanos 1.24-28. Baseados na suposta marginalização dos homossexuais, essa denominação assume o compromisso de resgatá-los dessa condição social através da inclusão desse grupo no Corpo de Cristo.

Não se pode confundir alhos com bugalhos. Primeiro é preciso esclarecer que há mais de uma década os homossexuais não devem ser vistos como um grupo marginalizado. Hoje eles são (no bom sentido) figuras ativas na sociedade, participando praticamente de todo mercado de trabalho. Lutam recentemente para ingressar no exercito fora do anonimato. A luta para constituir "família" através do "casamento" e pela possibilidade de adotar crianças, cada dia se torna mais próxima da realidade desse país. Se alguns ainda são marginalizados, isso se deve ao tipo de "trabalho", como no caso dos travestis que se prostituem. Mas fora esses, a maioria dos homossexuais desempenham funções sociais comuns às demais pessoas. Portanto, socialmente falando, a pós-modernidade já cumpriu a missão de resgatar os homossexuais da margem social.

Essa tentativa de inclusão postiça esconde outra intenção. A idéia de que ser plenamente incluso no caso da Igreja Contemporânea passa pelo conceito de ser parte do Corpo de Cristo. Como se não fosse suficiente que a sociedade em geral aceitasse o homossexualismo, esses militantes, que são frutos da cultura gospel, lançaram-se no encalço por uma igreja própria, a fim de tornar a dor da rejeição mais amena. Não basta ser aceito pelos homens, é preciso ser aceito por Deus. Não basta tomar a sociedade, é preciso tomar o Reino dos Céus.

O grande engano dos gays auto denominados evangélicos, é achar que a rejeição sofrida irá desaparecer quando fizerem parte de uma igreja. De nada vale ganhar o mundo e perder a sua alma (Marcos 8.36). Eles podem ser aceitos em toda sociedade, aceitos em uma igreja criada para si, mas perdem suas almas uma vez que ainda trilham o caminho para o inferno. Jesus é o único caminho de volta para Deus, e todo aquele que trilha esse caminho precisa deixar para trás a estrada da perdição (Mateus 7.13). A homossexulidade nada mais é que uma das muitas manifestações dos estado de perdição em que se encontra o pecador (1 Coríntios 6. 9,10). Nem eles, nem qualquer outro pecador que não se arrepende do seu pecado, pode entrar no Reino.

Essa louca tentativa de criar uma igreja que sirva de amparo para o pecado, nada mais é que uma armadilha terrível, uma vez que estão chamando o errado de certo, o amargo de doce (Isaías 5.20). Em Juízes 18 podemos ver como os filhos de Dã tomaram para si o levita Jônatas, para ser sacerdote de sua tribo a fim de encobrir todos os seus pecados de violência e transgressão. Esse mesmo levita já era sacerdote de um idólatra ladrão chamado Mica (Juízes 17), inaugurando em Israel a privatização do culto. Quando seguiu os homens da tribo de Dã, apenas seguiu seu instinto comercial, uma vez que fez do sacerdócio um comércio.

Hoje, dessa mesma forma, cria-se igrejas que servem aos pecados de cada um. Já existiam igrejas que serviam a ganancia, agora é a vez daquelas que servem a imoralidade. Assim como essas denominações caça-níqueis dividiram-se e multiplicaram, em franca competição, o futuro dessa nova denominação também é a divisão e a disputa pelo mercado homossexual.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O cliente sempre tem razão






No comércio é compreensível que a máxima acima seja aceitável. Uma loja vive de sua clientela, e por isso deve aplicar-se ao máximo no sentido de agradar os consumidores. A competitividade nessa área faz com que cada estabelecimento invista em meios para atrair e conservar esses consumidores. Acho isso uma troca justa, uma vez que o cliente que paga pelo produto disposto na loja merece ser valorizado. Em primeira instância ele é o sustento do dono e dos funcionários do estabelecimento.

Mas e quando o caso da frase acima refere-se aos membros de igrejas, seria uma afirmação justa? Já não é de hoje que igrejas têm sido comparadas com o comércio em geral. Isso não chega a ser nenhuma novidade, uma vez que na história da Igreja temos vários casos de tentativas de lucro com a fé alheia - basta lembra-se de Simão em Atos 8, e da venda de indulgências na Idade Média. É quase impossível nesses dias desassociar a idéia de empresas das igrejas, e por isso dizem abertamente "pequenas igrejas, grandes negócios". Uma igreja que funciona como um comércio não tem membros, mas sim clientes.

A cartilha empresarial das igrejas neo-pentecostais sustenta a máxima de não contrariar o cliente, e por isso ele sempre terá razão. Nunca me esqueço de um "artigo" que li em um boletim de uma igreja onde se dizia que a pessoa mais importante no culto é o visitante, e que por isso tudo deveria ser planejado para que ele se senta bem. Esse culto antropocêntrico reflete o pensamento de quem se esqueceu que o Senhor da Igreja é Jesus, e que Ele é o seu fundamento e edificador. MacArthur fala de um "ministério sensível aos interessados" quando se refere a algumas obras literarias que ensinam as igrejas a se adaptarem ao seu público alvo. A intensão parece nobre, pois soa como Paulo dizendo: fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns (1 Co 9.22). Porém, apenas parece. Paulo não está ali ensinuando que o culto deve ser moldado aos gostos ou estilos de vida. Antes, ele fala de sua disposição pessoal para chegar a todo tipo de indivíduo, quebrando barreiras que poderiam limitá-lo por questões pessoais. Paulo vivia para cumprir o propósito para o qual foi chamado (Fp 3.12), e nada deveria se opor a isso, principalmente algum tipo de indisposição pessoal. Por isso ele estava pronto a ir a todos, mas não tornar o culto segundo o gosto de todos.

Com essa idéia torta de tornar o culto atraente a todos estilos e gostos pessoais, as igrejas têm funcionado como um verdadeiro shopping center. Existe igreja para atender a todo tipo de "consumidores da fé". Em muitos casos, uma mesma igreja pode agregar programações que atendem à públicos diferentes com cultos direcionados. É a igreja com a cara de quem a frenquenta, não importando o tipo de vida que esses clientes vivem.

Nessas igrejas, obedecendo a máxima da razão que o cliente sempre têm, nunca alguiém pode ser contrariado. Os ouvintes podem até levar umas chacoalhadas com algumas palavras que soam duras, mas nunca no sentido de se pregar contra o pecado. A pregação que é na verdade uma palestra de auto-ajuda, pode chamar as pessoas à algum tipo de responsabilidade, e até usar palavras duras, mas nunca no sentido de afirma a completa incapacidade que a pessoa tem de se salvar. No fim dessas palestras, convencidos de sua capacidade inerente, o indivíduo se sentirá melhor consigo mesmo, pensado: "Sim, eu posso! Se eu venho fazendo algo errado, eu posso concertar." É sempre bom lembrar que por "errado" nem sempre se quer dizer pecado, e nesses casos de auto-ajuda, nunca.

A questão final que precisamos abordar é: Qual é a razão que temos para fazer parte da Igreja de Cristo? De sermos membros de seu corpo? Não somos clientes e nem consumidores da fé. A Igreja não é uma empresa e nem um comércio, e não é sustentada por nós. Que razão nos resta? É justamente porque estávamos perdidos, mortos em nossos delitos e pecados, sem razão alguma nesse mundo, é que devemos correr para a Videira onde temos vida (Jo15.1-5; Ef 2.1-4). Essa Vida que temos em Cristo, enquanto membros de seu Corpo, é a nossa única razão. Por essa mesma razão Pedro responde a Jesus quando os 12 foram questionados se queriam seguir seus próprios caminhos: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna...". A razão de tudo isso é que entregues a nós mesmos, não temos razão alguma, nada realmente faz sentido. A nossa razão para estarmos na Igreja é que não temos razão em nada nessa vida, se não em Cristo. Ele é e tem toda a razão de ser.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O evangelho proclamado também deve ser defendido


Existe uma severa crítica à crítica dentro das igrejas evangélicas. Algumas pessoas argumentam que o tempo que se gasta "criticando" teologias, ministérios e líderes, deveria ser dedicado ao evangelismo. Esse pensamento pseudo-espiritual tropeça na Bíblia e na História da Igreja Cristã.


Os apologistas nos primeiros séculos da Igreja aplicavam-se em defender o evangelho e a Igreja Cristã diante dos ataques sofridos da parte dos pagãos do Império Romano. Várias acusações infundadas contra o cristianismo nos primeiros séculos foram cotra atacadas por homens que gastaram tempo buscando provar que os cristãos não eram merecedores de perseguições como as sofridas naquela época. Os argumentos dos apolistas eram de cunho negativo e positivo, ou seja, por um lado demonstravam que o cristianismo nada tinha em comum com as acusações depreciativas, por outro demonstravam que o evangelho de Jesus era superiormente incomparavel a fé pagã e judaica. Justino Mártir e Tertuliano são nomes que se destacaram nesse propósito.

Por sua vez, os polemistas se aplicavam na luta pela pureza do evangelho dentro da Igreja, indo contra heresias que mesclavam mentiras a verdade, e se apegavam assim às doutrinas cristãs. Falsos ensinos como o Gnosticismo e Montanismo marcaram os primeiros séculos. Irineu escreveu a obra "Contra Heresias" para refutar doutrinhas gnósticas.

Falando mais especificamente dos polemistas, podemos dizer também que não foi só a partir do segundo século da era cristã que eles surgiram. Em certo sentindo, podemos achá-los na própria Bíblia. O apóstolo Paulo foi um vigoroso polemista, lutando contra heresias judaizantes (Gálatas - resistindo o próprio Pedro), como também lutando contra falsos apóstolos (2 Coríntios 11). João foi um forte polemista contra a heresia gnóstica que estava surgindo na Igreja no fim do primeiro século. Pedro combate intensamente alguns falsos mestres na sua segunda epístola, e Judas faz o mesmo emulando algumas das palavras do apóstolo. O próprio Senhor Jesus era forte polemista contra os abusos farisaicos de observação vazia da lei (Mateus 23). No Antigo Testamento, os profetas muitas vezes falavam contra os falsos profetas que profetizavam suas próprias idéias e sonhos.

A Palavra de Deus nos incumbe não só de anunciar as boas novas do evangelho, mas também de militar pela sua integridade para que toda e qualquer torção doutrinária seja tratada com o máximo rigor. É preciso postura como a que Paulo requer daqueles que um dia receberam o evangelho:


Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Galátas 1.8

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A religiosidade de cada um


O ser humano é uma criatura religiosa por natureza. Digo, faz parte das pessoas relacionarem-se com alguém ou algo que está acima delas. Isso não se encontra apenas na narrativa bíblica, mas desde os primeiros relatos da história humana em geral. Portanto, negar a própria religiosida como alguns fazem, com a intensão de parecer despretenciosos é um grande embuste.
A questão não é se somos ou não religiosos, mas como nossa religiosidade se manifesta. Isso reflete o tipo de relação e entendimento que se têm sobre quem o está sobre nós. Jesus conta uma parábola com o claro propósito de demonstrar como a religiosidade das pessoas pode ser tão antagônica, mesmo entre aquelas tão próximas. Ele fala a respeito de dois homens que foram ao templo com o mesmo propósito: orar. Um era fariseu, membro de uma rígida seita judaica, o outro era publicano, um coletor de impostos para Roma. Estes coletores via de regra eram associados com pecadores por cobrar mais do que o devido. Era um respeitado membro da sociedade e uma odiada pessoa no templo com um mesmo propósito: elevar suas preces a Deus.

Ambos oravam, um em pé e outra afastado. Um de si para si, o outro sem sequer erguer os olhos ao céu. Um dava graças, o outro batia no peito. Um enumerava suas qualidades e desdenhava do publicano, enquanto este pedia misericórdia e confessava-se pecador. Jesus declarou que o publicano voltou para casa justificado, e o outro não, pois que os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados.

Qual a grande questão entre os dois, afinal, sendo ambos religiosos? Seria o caso de desprezar todas as práticas enumeradas pelo fariseu e adotar uma vida libertina como a do publicano? Certamente que não. A grande questão encontra-se na postura diante de Deus. Como Jesus definiu claramente, a oração do fariseu era de si para si. No caso, Deus era apenas um pretexto para que ele estivesse ali se exaltado diante de todos e sobre o publicano. Aquilo que ele deveria fazer para glória de Deus, em sua oração servia para sua própria exaltação. Sua primeira expressão de “gratidão” era por não ser como os demais pecadores. Mas a Palavra ao contrario disso, afirma que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). O segundo motivo de gratidão do fariseu era a sua agende de boas obras: Jejum e dízimos. Mais um vez repito que a parábola não está condenado o ato de jejuar e dizimar. Todavia é nítido que isso não pode ser usado para a glória pessoal. Jejuamos porque carecemos de Deus em nossas vidas. Nada é mais importante que Ele, e por isso abrimos mão por vezes do nosso alimento diário a fim de expressarmos nossa fome por Ele. Os dízimos são dedicados na “casa de Deus” para o sustento da mesma, e isso não é mais que uma prazeirosa obrigação e sinal de gratidão diante do sustento que Deus provê para os seus filhos. Não se pode querer literalmente comprar glória pessoal pelos dízimos, mas sim devolver parte do que pertence a Deus, como sinal de gratidão e confiança. Assim, na íntegra a oração do fariseu negava a glória de Deus, tomando-a para si.

A oração e a postura do publicano era mais simples e contida. Ele provavelmente não estava em um lugar de destaque, pois o texto diz que estava afastado. Ele também não devia orar em alta voz, pois nem sequer os olhos ele erguia para o céu, quanto mais a sua voz. Além disso ele batia no peito, sinalizando contrição de sua parte. Sua curta oração rogava a Deus o seu favor, ainda que ele fosse pecador. Na verdade, a expressão propício tinha todo sentido particular para aquele lugar. O propiciatório, lugar onde se fazia sacrifícios pelos pecados cometidos pelo povo estava ali no Templo, era a tampa da Arca da Aliança onde os animais eram mortos. Aquele publicano parecia tanto saber quem era, como também com quem falava e onde estava. Ele sabia que era pecador, e que estava falando com Deus dentro de Sua casa.

A justificação é um ato que pertence a Deus. Jesus declara que o publicano desceu justificado, ou seja, ele saiu do templo diferente de como entrou. Ao passo que o fariseu saiu da mesma forma. A nossa religiosidade não pode ser de nós para nós mesmos. Não pode ser pautada em nossos atributos ou práticas religiosas. Nesse sentido, todos sobre a terra são religiosos, e isso em si não lhes acrescenta nada. As orações, jejuns e dízimos não nos recomendam a Deus. Ou fazemos isso em sua dependência e para sua glória, ou estamos entregues a nós mesmos. Nossa religiosidade deve ser segundo quem Deus é, e o que Ele fez e faz por nós. Deus é Senhor e soberano sobre a terra, diante de quem devemos nos apresentar com reverência, temor e fé. Sabemos que seu Filho é o supremo sacrifício, e que a cruz é o lugar da propiciação pelos pecados. Nós pecadores não temos outra esperança a não ser confiar na obra realizada na cruz, e crer que o Pai é quem nos justifica pelo sangue do seu Filho.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Conte o sonho... como sonho.


Apesar do meu blog não ser um diário de sonhos, aqui vai mais um (acho que terceiro). Faço isso em razão do sentimento que alguns sonhos me trazem. Não creio que o sonho seja algum tipo de revelação, mas considero digno de registro alguns que de alguma forma são interessantes. Um colega de ministério e blogueiro até me criticou por isso, mas não vou dizer o seu nome por que seria algo "dantesco" e "noutético" (rsss).

Pois bem, vamos ao sonho. Nele eu cheguava na igreja onde pastoreio para o culto de domingo, porém tudo estava completamente diferente. Primeiro que o templo não era nem o novo e nem o antigo, mas uma casa de esquina com varada de fora a fora. As pessoas tiraram os bancos de dentro do salão para o culto acontecer no quintal ao redor dessa varanda. Havia muita gente, mais do que minha pequena igreja possui em número de membros. Era mais estranho ainda a proposta de liturgia, onde ao invés de um culto simples, sendo eu o pregador, haveriam "atrações" diversas. Vi uma senhora de aparência emburrada e vi muitos jovens preparando-se para o que seria a "apresentação" do culto. Até então eu me contive e deixei acontecer para ver onde ia parar.

Começou então o suposto culto, e o que se viu foi um desfile apresentações artísticas. Não me lembro dos detalhes dessa parte do sonho, mas sei que ninguém pregava a palavra, eram apenas "performances". Um presbítero da minha igreja virou para mim e disse: vou para o cinema que eu ganho mais. Disse-lhe que tínhamos que enfrentar aquilo juntos.

Quando pela primeira vez tentei impedir a continuidade do "show", uma senhora da minha igreja tomou o microfone do sujeito que mais parecia um contador de causos que um pregador, mas passou para outra pessoa. A essa altura eu já estava no "púlpito" (que na verdade era a quina da varanda), e fique ali esperando para eu mesmo tomar o microfone e falar. Fechei os olhos e orei para que Deus falasse àquele povo que eram muitos. Quando abri os olhos dois jovens estavam indo em direção ao púlpito com um saco de pancada e vestido com roupas de luta. Peguei o microfone e disse que podiam se sentar.

Passei a falar para todos ali que não tinha nada contra artes marciais, e que até treino muay thai (o que não é sonho). Falei também que o púlpito não é lugar para tudo aquilo que estava acontecendo. Parafrasendo Paulo em Atenas (Atos 17.22), disse a todos que em tudo pareciam gostar muito de histórias, e que a Bíblia é um livro com muitas histórias. Disse ainda que a Bíblia e suas histórias eram diferentes dos demais livros de história por alguns motivos. Mencionoei então um texto do Evangelho de João onde ele diz:

Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (20. 30-31)

Nesse momento minha voz começou a falhar, e o sonho foi interrompido. Acordei pensando na diferença entre os registros históricos da Bíblia e dos demais livros. Considerei então dois pontos:

1. As narrativas históricas da Bíblia são fidedignas - podemos confiar em sua veracidade pois não se trata de "uma versão da verdade".
2. Estas narrativas foram registradas conforme a Verdade, de maneira que crendo nela, estamos crendo no Filho de Deus, para que assim tenhamos vida em seu nome. Nenhum outro registro histórico pode salvar o pecador.

Depois de pensar nessaa implicações do texto, pensei também no que poderia ter influenciado para a existência desse sonho. Pela manhã eu tinha conversado com alguns amigos pastores, e falávamos sobre a disposição dos jovens atualmente em transformar programações da igreja em festas que nem de longe apresentam um espírito cristão de comunhão, louvor e edificação para suas vidas. Basta um som alto e um ajuntamente até altas horas da madrugada para o evento ser uma benção. Um outro fator que acredito ter influenciado foi ter assistido essa semana o video de Davi Silva, integrante do ministério Casa de Davi, onde confessa que muito do que ele testemunhou e profetizou até hoje nas igrejas era mentira.

Pois bem, meu sonho foi apenas um sonho que achei interessante registrar. Não tenho nenhuma pretensão de que ele seja entendido como profecia ou que se lhe faça uma alegoria. Conforme determinou o SENHOR, conto o sonho como sonho.

Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, proclamando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração?
Os quais cuidam em fazer que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu companheiro, assim como seus pais se esqueceram do meu nome, por causa de Baal.
O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? -diz o SENHOR.
Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça a penha?
Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro.
Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse.
Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR.
(Jeremias 23. 25-32)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Silas Malafaia, o novo Tetzel


É claro que nos dias da Reforma existiram outros pregadores itinerantes que propunham a compra do céu aqui na terra. A venda das indulgências, recurso usado pela Igreja romana para angariar fundos para a edificação do seu reino do céu na terra, custou a milhares de pessoas o pão de suas mesas. Afirmava-se que os sacerdotes de então, tinham poder para conceder perdão sobre os pecados. Ainda que livres do castigo eterno pelo uso dos sacramentos, os pecadores podiam ainda sofrer alguma pena temporal no purgatório. As indulgências existiam justamente para diminuir ou remover esse sofrimento a partir de penitências praticadas. Estas começaram a ser negociadas a peso de ouro, tornando-se um mercado extremamente rentável para os papistas do século XVI.

Todavia, a figura de João Tetzel (1465- 1519) tornou-se emblemática para aqueles dias. Incubido de angariar fundos para a construção da Basílica de São Pedro pelo papa Leão X, "trombou" no território alemão com Martinho Lutero e suas Noventa e Cinco Teses. Graças a Deus pelo reformador, que não somente refreou essa imundícia, como também alavancou um processo pelo qual o mundo inteiro seria impactado pela pregação da Palavra de Deus. Como uma das partes da antítese da Reforma, Tetzel tornou-se memorável até os dias de hoje. Ele foi o agente maligno mais próximo do "epicentro" da Reforma. Como Satanás na vida de Jó, participou involuntariamente do mover de Deus naquilo que marcaria toda a humanidade a partir daquele século.

Hoje os "Tetzel's" modernos encontram-se mais dentro das igrejas descendentes da Reforma, que necessáriamente na Igreja romana. Centenas de vendedores de indulgência surgem com suas banquinhas trocando bençãos por dinheiro. Trata-se de uma verdadeira "feira da fé", tanto nas ruas como na mídia. É bem verdade que o chamariz não é mais o livramento das penas temporais sobre o pecado, mas a simples compra de bençãos terrenas emitidas do céu.

Aliás, pecado é um tema que não tem mais o mesmo peso de séculos atrás. Com uma igreja altamente secularizada, falar em punição sobre pecados não assusta quase ninguém, e nem é um bom recurso de marketing para atrair fiéis clientes. Fala-se diretamente de posses, bens e produtos adquiridos para o uso nesta vida. Vender o céu na terra tem hoje o significado de traze-lo para o "aqui e agora" nas mais variadas ambições que alguém pode ter. Para os mercadores da benção, a verdadeira pena temporal da qual os "santos" devem escapar é viver abaixo do padrão de riqueza estipulado pela sociedade consumista, ou em outras palavras, não ter menos poder aquisitivo que o "vizinho ímpio".

Destaco nesse texto, dentre os vários modernos vendedores de indulgências, a figura de Silas Malafaia. Fora outras cretinices teológicas já afirmadas (como seu namoro com a teologia relacional), sua sede por dinheiro recentemente parece não ter mais limites. Pouco antes do fim do ano passado, juntamente com o falso profeta Morris Cerullo, foi feito um desafio de R$ 900,00 para que Deus liberasse todas as benção ainda não dadas. Agora, como num recall (parece que a benção do Cerullo não funcionou como o esperado), com a ajuda de outro falso profeta, Mike Murdock, foi lançado o desafio de libertar 1 milhão de almas a partir da doação de mil reais de mil "parceiros" voluntários. Trata-se de um montante final de 1 milhão de reais, e a incrível conclusão que se pode chegar por esse calculo - R$ 1.000.000,00 divididos por 1.000.000 almas = uma alma por 1 real, o que indica que o sangue de Jesus vale menos que uma moeda. A promessa, praticamente a mesma de Cerullo, é a liberação de bençãos que o fiel cliente da banquinha de Malafaia ainda não possui. Pode ser desde um jatinho particular a uma tv LED.

Como disse em outro texto desse blog, não sei onde isso vai parar. Não sei se Deus levantará outro "Lutero" para deter tamanho mal propagado por esses homens de belial. No caso do Silas, não sei mais o que ele ainda pode pedir aos seus clientes. Entretanto, sei que o mesmo espírito que estava em Tetzel, hoje habita no televisivo vendedor de almas. Sei também que um dia, ele e todos os demais vendilhões do templo, do alto de seus milhões adquiridos do suor alheio, ouvirão: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lucas 12.20)
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Seguem os links dos videos da banquinha do Silas:

www.youtube.com/watch?v=SdxIRbm3gU8&feature=related

www.youtube.com/watch?v=gajL4e3JlRI&feature=related

www.youtube.com/watch?v=QXyTDsbjsnc

sábado, 3 de abril de 2010

E o filho se torna o pai...


Não é o que parece! A frase acima não é uma afirmação modalista. Apenas compartilho nesse espaço que Deus me concedeu a graça de ser pai. Candice e eu tivemos hoje a confirmação do teste de gravidez: POSITIVO!

Filhos são herança do SENHOR (Salmo 127.3), e por isso sou muito grato a Deus por nos conceder essa benção. É Ele o doador e mantenedor de nossas vidas, e por isso somos seus. Posso aqui inverter os papéis de Lucas 15. 31 - posso dizer ao meu Pai que tudo que é meu é dele. A minha vida é do meu Pai, e o meu filho também pertence a Ele.

Deus já conhece essa criança que até ontem era desconhecida de nós. Deus conhece toda a sua história.

Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe.
Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem;
os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda
. (Salmo 139.13-16)


Pai, obrigado por ser seu filho. Obrigado pelo teu Filho, meu irmão Jesus de Nazaré. Obrigado pelo filho que nos deste. Sejamos todos nós um no SENHOR!

sábado, 20 de março de 2010

O que ainda falta acontecer nas igrejas?


Eu ainda era seminarista quando pela primeira vez vi um cartaz convidando as pessoas para uma "Sessão de Descarrego" na Igreja Universal do Reino de Deus. Era 1999, eu estava em Goiânia e achei aquilo um absurdo. Cheguei a pensar que se tratava de uma campanha local, tamanho era aquele disparate. Para infelicidade de todos os que amam a Cristo e sua Igreja, aquilo não era apenas local e nem temporário, mas perdura até hoje como uma das coisas mais comuns entre o "povo de Deus".

Mas antes mesmo da Sessão de Descarrego, observando a IURD com seus copos d'agua sobre a televisão (técnica adptada e roubada de Alziro Zarur - fundador da Legião da Boa Vontade) tive uma "visão" de que as coisas não iriam parar por ai. Minha visão é claro não foi exatamente um insight, mas apenas a constatação escatológica de que a tendência até que Jesus venha é quase sempre piorar (Mateus 24.6-12; 1 Timóteo 4.1; 2 Timóteo 3. 1-5). Pois então, de 11 anos pra cá, conforme minha previsão as coisas vêm piorando.


Lembro-me de brincar com alguns colegas sobre as possíveis heresias que ainda podiam surgir. Era o caso da "Igreja do Cabide", ou seja, uma igreja para praticantes do naturismo. Recentemente li um artigo sobre evangélicos que são adeptos de tal pratica (ou filosofia de vida - como preferir).


Considerei igualmente a possibilidade de existirem programações na igreja que serviriam de "trampolins" para encontros sexuais entre os membros. Pois bem, em algumas terapias do amor encontradas por ai, o que se consegue ao fim da programação é justamente isso: sexo fácil. Não poderia ser diferente num encontro entre pessoas carentes e que nada sabem a respeito do temor de Deus.


Sem "prever" isso, mas não me surpreendendo mais, o tema "palavrão" tem gerado grande polêmica a custa de um texto do Pb. Solano no blog O Tempora, O Mores. Trata-se de uma crítica a um texto do Caio Fábio apologético ao uso do palavrão (http://tempora-mores.blogspot.com/2010/03/palavrao-so-pra-garantir-esse-refrao.html). Algo que deveria ser tão básico na vida cristã é motivo de debate e ofensas.


Previ mais coisas que ainda não aconteceram, e que sinceramente espero não ver. Não as menciono aqui obviamente para não dar idéias a nenhuma mente perversa. Mas, da maneira como a igreja tem caminhado, fica difícil pensar em mais atrocidades da fé. Depois de tantos escandalos envolvendo igrejas e líderes, fica a pergunta: O que ainda falta aparecer por ai até que Jesus volte?

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Espiritismo Segundo a Verdade




Considerando an passan algumas afirmações do Espiritismo, proponho nesse tópico uma abordagem reflexiva sobre onde eles acertam, mas onde também fatalmente incorrem no engano. Pode haver até um fundo de verdade, mas uma vez que se desencaminha para a mentira, perde-se e põe a perder para sempre.


Dizem os espíritas que todos os caminhos levam a Deus. Isso é uma grande verdade! Por mais que alguns cristãos verdadeiros irreflexivamente queiram negar essa afirmação, não se pode dizer que ela está completamente errada. Todos se achegarão a Deus um dia, e se apresentarão diante dele nesse dia de juízo, e ali serão julgados (Apocalipse 20. 11, 12). O problema da perspectiva universalista do Espiritismo ao falar em "caminhos que levam a Deus" é imaginar que todos estes conduzem o homem em uma condição aprazível, legítima, quando na verdade a realidade é outra. Apresentar-se diante de Deus por qualquer outro caminho é terrível, é caminhar rumo à condenação. Depois da morte não há outra instância na qual o homem se apresenta diante de Deus. (Eclesiastes 12.7; Lucas 16.22 -24). Mas o único Caminho que leva os homens a Deus na condição de filhos remidos e lavados de todos os pecados é Jesus (João 14.6). Esse é vivo caminho não se encontra dentre os demais, e por isso ele é único.


É dito também que sem obras ninguém pode ser salvo. Mas antes de falar mais, um parêntese: Não entendo que idéia de salvação pode existir para os que crêem na reencarnação. Mas relevemos isso e sigamos. Não é de todo errado dizer que o homem é salvo por obras. O que ocorre na verdade é que ele só pode ser salvo pela obra redentiva de Jesus. As obras do homem não têm valor algum para Deus, senão para a sua própria condenação. Mas a obediência de Jesus, sua vida e o que ele fez na cruz, são as obras pelas quais podemos ser salvos. O que é graça (e de graça) para nós, foi lei (e custou tudo) para o Senhor; é o castigo que nos trouxe a paz.


Mas ainda falando sobre obras, é válido lembrar a necessidade das boas obras. Onde se encaixam então as "nossas boas obras" muitas vezes requeridas? Certamente não servem para que sejamos salvos, uma vez que somente pela graça mediante a fé é que podemos ser salvos. Mas devem existir boas obras, uma vez que para elas é fomos salvos. Tratam-se das boas obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas pelas quais Ele é glorificado entre os homens e não nós (Efésios 2.8,10; Mateus 5.16). Não somos salvos por nossas boas obras, mas somos salvos para as boas obras.


E finalmente, o que dizer a respeito da vida após a morte? Sem dúvida temos que concordar com eles quando dizem que depois da morte há vida, mas parcialmente apenas, pois há uma diferença crucial no conceito de vida aqui. Vida não pode significar a mera existência do indivíduo. De fato, uma vez o homem existindo ele é imortal do ponto de vista existencial. Mas não pode ser apenas isso. Deus pretendeu muito mais para o homem ao criá-lo que meramente fazê-lo existir para sempre. A vida eterna da qual a Bíblia nos fala diz respeito à qualidade relacional com o Criador. A vida eterna que recebemos em Cristo é a comunhão imperdível com Deus, nosso Pai. Por isso, crer na reencarnação é completamente diferente de crer na ressurreição. Crer que randomicamente uma pessoa reencarna para "evoluir" é no mínimo um péssimo gosto para eternidade. Essas idas e vindas de corpo em corpo não é o que a Palavra prescreve para nós. Ao homem foi ordenado viver uma só vez, e depois disso o juízo (Hebreus 9.27). Esse juízo se dará ao homem quando este ressuscitar, o que é para todos no último dia. Por isso é crucial que o homem tenha parte na primeira ressurreição, a saber, o novo nascimento, pois só assim ele será livrado da segunda morte (Apocalipse 20.6).


Sendo assim, apesar dos "acertos", naquilo que o Espiritismo está errado ele é fatal. A verdade sustenta-se pela Verdade, e de maneira alguma pode encontra-se relacionada com a mentira. Uma heresia sempre parte do que é verdadeiro, pois do contrário não seria um desvio. É preciso olhar não só de onde parte uma doutrina, mas para onde ela nos leva. Só Jesus nos leva a Deus na condição de filhos resgatados da mentira e da morte.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cristãos e Corruptos - Qual o limite da relação?


Sem dúvida alguma Deus pode converter o coração de qualquer pecador. Seja o do mais perverso, ao mais (aparentemente) inofensivo . No caso de um político corrupto, um ladrão do dinheiro público, não pode ser diferente. Talvez o exemplo bíblico mais próximo dessa realidade seja o de Zaqueu, chefe do publicanos, que em Lucas 19 demonstrou arrependimento diante da "investida" de Jesus em comer em sua casa. Quando disse que abriria mão de metade de seus bens em favor dos pobres, e que restituiria conforme a lei aos que defraudou, Jesus exclama: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Em 1 Coríntios 6. 10, 11 já se dizia que na igreja existiam pessoas marcadas por muitos pecados em sua vida pregressa, dentre eles o roubo, mas que estes haviam se convertido.


Parto então do princípio de que na Igreja de Cristo existem santos lavados e remidos, que um dia viveram atolados no pecado, e dentre estes, podem existir pessoas que um dia se envolveram em corrupção política. Mas, o que se vê nos últimos anos no cenário brasileiro é uma contínua associação de líderes evangélicos com corruptos [praticantes], quando não, protagonizando a própria corrupção.


Em 2005, André Petry, então colunista da Revista Veja, escreveu um artigo chamado "Corruptos de Fé?" (http://arquivoetc.blogspot.com/2005/04/andr-petryos-corruptos-de-f.html ). Nele foi retratada a corrupção do deputado "evangélico" Alessandro Calazans, flagrado em uma filmagem pedindo propina quando presidia uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele foi inocentado pelos deputados "irmãos" (cerca de 25). Petry não destacou o fato de se tratar de um evangélico corrupto, o que ao seu parecer, não faz a menor diferença para com um espírita, católico, ou outro grupo religioso. Sua indignação foi com a associação dos irmãos no processo de absolvição, o que demonstra que a que uniu esses deputados estava acima de qualquer valor moral. Nunca gostei muito das posições adotadas por André Petry em seus artigos, mas devo admitir que sua crítica nesse episódio em questão foi bem imparcial.


Pois bem, cinco anos se passaram, outros escândalos relacionados a evangélicos também permearam as colunas da mídia. O mais recente, ocorrido em Brasília, onde a corrupção gospel se destacou através do deputado Rubéns César Brunelli, que orou junto com seus irmão em gratidão pela propina recebida. O distinto deputado é filho de Doriel de Oliveiro, fundador da Igreja Casa da Benção auto intitulado apóstolo. Este deputado tem em seu currículos de projetos de lei, destancam-se muitos projetos favoráveis aos evangélicos, em sua maioria festividades. Neste mesmo episódio também foi flagrado com as meias na mão, ou melhor, dinheiro na meia, o deputado Leonardo Prudente, membro da Sara Nossa Terra, denominação que pertence ao Bispo Robson Rodovalho. Até agora nenhum atitude pública foi tomada quanto a esse distinto membro da Sara. Paulo Otávio, que também têm estreitas relações com a Sara há muitos anos, é o vice-governador do DF, e está por um fio.

Como disse no início, creio no poder de Deus para converter homens atolados nos mais variados tipos de corrupção, e dentre eles o ladrões; mas o que dizer de homens que convivem com a verdade há muito tempo e não se arrependeram? O que dizer da relação entre pastores e esses homens? Onde fica a disciplina, uma das marcas de uma igreja fiel ao Senhor Jesus?

Não creio que a corrupção é como uma doença contagiosa, creio que "boi preto conhece boi preto". Creio que os corruptos se atraem, contrariando a lei da física de que os opostos é que se atraem. Esses corruptos da política encontraram apoio em outros corruptos, que antes de roubarem dinheiro, já assaltavam a verdade bíblica em benefício próprio. Nesse caso, ladrão que ajuda ladrão, tem a eternidade para condenação.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A Patologização do Pecado II


O pecado não pode ser confundido com doença, como já expus anteriormente. Mas, em certo sentido, as doenças servem para uma melhor compreensão da natureza do pecado. Como disse, as doenças são anomalias que causam um mal funcionamento do corpo, em suma, algo gravemente errado em nosso organismo que pode desencadear em morte.


Mas, se alguma coisa esta errada, empenha-se no conserto, e, quando se está doente, busca-se cura. Neste sentido encontramos a primeira proximidade entre o pecado e a doença. O pecado é uma evidência de que há algo errado no ser humano. Alguma coisa anômala encontra-se na humanidade que produz tantas mazelas em sua existência. O pecado é uma doença no sentido de que aponta uma disfunção moral radicada na humanidade. Isso deve nos fazer pensar que existe um perfeito funcionamento para o ser humano em sua conduta moral. Jesus é a perfeita humanidade que contrasta com todo o pecado cultivado ao longo dos séculos. Nele temos a cura para para esta enfermidade.


Em um outro sentido muito explorado na Bíblia, doenças são associadas ao pecado como ilustrações. As características das enfermidades apontam para os efeitos do pecado sobre o homem. O caso da lepra pode muito bem ser associado à insensibilidade do coração para com a própria miséria espiritual. A cegueira é como a incapacidade de ver a direção que Deus dá. A surdez não permite que se ouça a Palavra que salva. A paralisia de algum membro nos a incapacidade em obedecer ao mandato deixado por Deus. É bom ressaltar que isso tem carácter ilustrativo, e que não necessáriamente se aplica ao enfermo. Muitos cegos enxergam espiritualmente melhor do que pessoas que não têm nenhum problema de visão; muitos surdos da mesma forma ouvem melhor. Em todos esses casos, a Palavra é a cura para a cegueira, a surdez, a insensibilidade e a incapacidade do homem para com o que Deus têm para ele.


Finalmente devo expor a íntima relação entre doenças, pecados e morte. Enfermidades são associadas à morte como somar dois mais dois e encontrar quatro. Uma dença não tratada evolui para a morte. O que não se considera na maiorias das vezes é o sentido inverso dessa equação, ou seja, como a morte evolui para as doenças. Em Gênesis 3 podemos observar esse "fenômeno" quando Deus puniu o pecado com a Morte. Houve morte em vários sentidos. Primeiramente espiritual, pois o relacionamento harmonioso com Deus foi quebrado (v. 8). Depois a social, pois a harmonia entre homem e mulher também se desfez (v. 12). Houve finalmente morte física, pois o homem não continuaria íntegro como fora criado, pois seu corpo seria separado de sua alma (v. 19). A morte física foi o último juízo aplicado por Deus sobre a humanidade por causa do pecado, e faz com que todos se lembrem que existe um julgamento sobre todos os seus atos. Muitas doenças são consequências do estilo de vida que se têm, não havendo zelo pela própria integridade física.


Assim, o pecado indiretamente é a fonte de todas as doenças, pois estas são agentes da morte física. Mas como afirmou-se no início, assim como há uma expectativa de cura para todas as enfermidades, há expectativa de santidade frente ao pecado. Deus criou o homem perfeito, em todos os sentidos, inclusive físico e espiritual. Todavia, à semelhança de uma pandemia, o pecado entrou na humanidade por Adão. Porém, Jesus trouxe cura para essa enfermidade mortal. Não é por acaso a associação que encontramos em Isaias 53. 4-5:


Certamente ele tomou sobre si as nossas infermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o refutávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.


Fica claro que nossas enfermidades ali estão em paralelo com as nossas transgressões, e que o sofrimento de Jesus é a causa de nossa paz e cura. Somos restabelecidos à Deus por meio de Cristo Jesus, que morreu a nossa morte na cruz. Como diz o título do livro de John Owen "A Morte da Morte na Morte de Cristo". Somos assim mais que curados, somos ressuscitados. Estamos livres não de qualquer enfermidade, mas da maior de todas elas, a Morte.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!!! Trízimo?!?!?

O ApósTOLO Valdemiro Santigo, no mês de dezembro de 2009 lançou a sua rede em busca dos peixes estampados nas notas de 100 reais. Em uma campanha em que ele pede o trízimo, ou seja, o dízimo para cada pessoa da trindade, mais uma vez promessas de ganho maior são lançadas sobre o consumidores da fé caça-níquel.

Como de costume, o saquitel (furado - pois sempre tem outra campanha para abastece-lo) é acompanhado com uma cartinha, bem ao estilo daquela que as crianças mandam para o Papai Noel. O falso apóstolo e os seus jagunços sobem o monte com essas cartas para que Deus possa responde-las. Segundo o Mazzaropi* Gospel, com os 70% restantes, o investidor fará coisas que nunca fez(?), que o mesmo irá arrebentar no ano de 2010.

Diante de abominações como essa me pergunto: Até quando Senhor?

(*) É até uma ofensa à memória do grande comediante Mazzaropi essa comparação, mas tá pra nascer sujeito mais jeca que esse Valdemiro.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Não estamos sós!


A solidão assusta muita gente. Fugindo dela muitas pessoas se lançam em comunidades, reais ou virtuais, em busca de compania. Atualmente, a excessiva exposição pública é uma maneira de sobrepor a solidão ao extremo - é possível hoje "ter 1 milhão de amigos", ainda que nunca os tenha visto em carne e osso.


Nesse mesmo sentido, muitas pessoas querem se sentir acompanhadas de Deus. Dizer que não está sozinho porque Deus está presente pode ser muito confortante. Considerá-lo um amigo tem sido um recurso que muitos têm adotado, ainda que em muitos casos se trate meramente de um conhecimento virtual. Contudo, a compania de Deus tem o seu outro lado, por vezes ignorado.


Não gostar da solidão, nem sempre significa querer uma compania 24 horas todos os dias. É muito bom ter amigos, mas todos querem um espaço para si. Mesmo aqueles que sacrificam sua intimidade em busca da fama se ressentem da exposição excessiva. Como num pendulo, ora fogem da solidão, ora procuram estar sozinhos. Mas com Deus não existe esse espaço pessoal, Ele está sempre lá.


Deus não é como um amigo virtual. Ele não pode ser bloqueado no MSN, nem deletado da sua conta do orkut. Ele não pode ser tratado apenas como um número infinitamente majoritário na sua lista de amigos, que serve apenas para aumentar o seu cacife como alguém popular. Ele sim tem uma "lista" de amigos chamada de Livro da Vida, onde adicionou na eternidade aqueles por quem daria o seu sangue. Ele é onipresente, e sendo assim, não temos privacidade alguma. Ele é onisciente, não se pode esconder nada de seus olhos. A Palavra diz que Ele nos conheceu ainda no ventre de nossa mãe, quando éramos substância informe; que nos cerca por trás e por diante, e que não existe palmo no mais profundo abismo ou no mais alto céu onde se possa dEle esconder (Salmo 139). Ele é o Deus que me vê (Gênesis 16.13).


Quando nos sentimos abandonados, sozinhos nesse mundo, esses atributos de Deus parecem confortantes. Mas quando estamos cheios de si, dedicados a qualquer tipo de autosatisfação, isso se torna incomodo. Não podemos esconder de Deus nada a nosso respeito, e se cremos que Ele é Santo, sabemos que há muitas coisas que temos feito das quais não se agrada. Não podemos fugir, e isso é terrível. Mas, por outro lado, convencidos e arrependidos do nosso pecado, é maravilhoso que encontremos nEle santidade. Não podemos pensar como nosso pais que em algum lugar do jardim, escondidos atrás de folhas despistariamos Deus. Tudo está diante dos seus olhos (Provérbios 15.3). E não se trata de mero conhecimento externo, Ele conhece o nosso coração melhor que nós mesmos (Jeremias 17.9, 10).


A solidão é terrível, mas a presença de Deus também pode ser. Só podemos nos render aos seus pés, ou perecer diante dEle. Em sua compania não existe meio termo, ou Ele é nosso maior e melhor amigo, ou o pior inimigo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mais um sonho que me tirou o sono


Acordei há 30 minutos (5:50) e não consegui dormir mais. Tive um pesadelo, não exatamente como o que tive quando estava nos Estados Unidos e que registrei nesse blog (14/07/09), mas com o mesmo teor: Guerra. Na verdade, não chegou a ser pesadelo em seu exato sentido, pois não houve imagens aterrorizantes, mas o sentimento deixado foi perturbador.

Era noite, eu estava nos Estados Unidos, em um jardim no meio de várias casas, provavelmente em um condomínio, jogando sinuca com uns rapazes que não conheço.Havíamos acabado de sair do culto de domingo. Perdia o jogo de lavada, quando um dos rapazes que estava em uma cadeira com notebook se aproximou e interrompeu o jogo nos chamando para sair. Ele disse que tínhamos que fugir, e então notei que pessoas de outras casas já estavam correndo. Nos disse então que o país estava sendo invadido. Disse que precisava voltar para a casa da minha irmã, e ele respondeu que não havia tempo. Acordei.

Não se foi a imagem do sonho em si, mas a idéia de uma iminente guerra. Acordei pensando em minha irmã e sua família, em atentados com homens bomba, devastação como só conhecemos nos livros de história. Pensei depois em Mateus 24.6-7, quando fala-se em rumores de guerras, pestes, fome e terremotos.

Sei que tudo isso tem se cumprido ao longo dos séculos conforme a Palavra do Senhor, e como diz o texto, é só o princípio das dores. Mas não deixa de ser terrível imaginar ou sonhar com essas coisas. A recente tragédia no Haiti, assim como tantas outras ao longo desses últimos anos, onde milhares de vidas foram ceifadas, me faz sentir cada vez mais perto disso que é só o princípio. E quando chegar o fim propriamente dito, a grande tribulação (Mt. 24.21)? Só a perseverança de Deus sobre os seus santos para nos guardar nesses dias que ainda virão.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Patologização do Pecado I


O pecado pode ser considerado uma pandemia? Seria ele uma doença alastrada em toda a humanidade desde da queda de nossos primeiros pais? Em certo sentido entendo que não, mas em outro vejo que sim. Não estou sendo contraditório, eu explico. Neste primeiro texto exponho como o pecado não pode ser entendido como enfermidade. No próximo, trato da proximidade e semelhanças que existem entre pecado e doença.

De alguns anos pra cá o pecado vem sofrendo uma certa alteração em seu sentido essencial, e vem sendo retratado como se fosse uma doença. É a patologização do pecado, ou seja, o processo pelo qual trata-se um mal moral como se fosse uma doença. Ora, uma doença deve ser entendida enquanto uma disfunção do organismo, uma anomalia que causa dano a saúde do indivíduo. Isso está primariamente relacionado ao corpo humano, sua constituição física. Apesar das mais variadas causas que as doenças podem ter, em si, a doença é um agente amoral. Sobre ela não se pode atribuir culpa, pois também é um agente impessoal.

Quando o pecado é visto como doença, e o pecador como doente, terceiriza-se a culpa do mesmo, e torna-o em uma vítima das circunstâncias. O tratamento para uma enfermindade não significa uma tranformação moral, mas a priori a aceitação orgânica de algum composto (remédio) que possa expulsar a doença do organismo e adequação à hábitos salutares. Tudo isso passa muito longe da realidade do pecado.

Existem, ao meu ver, duas formas pelas quais se têm patologizado o pecado: a espiritual e a psicológica. Esta primeria se dá quando o pecado é atribuido diretamente à demônios que têm legitimidade sobre a pessoa por algum pacto feito por ele ou por alguém relacionado a si. A solução deve ser encontrada em uma sessão de descarrego ou quebra de maldições. Os babalorixas evangélicos que se utilizam das mais variadas técnicas místicistas para "libertação". Esses miseráveis desconhecem Colossenses 2.14,15. Pode parecer extremamente cômodo ver os seus pecados atribuídos ao Diabo, mas se assim o fosse, Jesus não teria que morrer na cruz, mas simplesmente expulsar todos os demônios da terra.

A outra forma de patologização se transveste de um ar mais contido, aparentemente mais culto e menos ocultista. Mas isso a outra ponta da mesma ferradura. Atribuindo o pecado a algum tipo de trauma psicológico sofrido em algum momento da vida, troca-se apenas a suposta causa (de um espírito para um evento), mas é mantida a estratégia de tirar do indivíduo a responsabilidade pessoal. Algum trauma sofrido não dá a ninguém o direito de pisar a lei de Deus, como se a obendiência estivesse vinculada a um histórico de vida feliz e perfeito. O salario do pecado é a morte, e qualquer sofrimento menor que esse não dá ao ser humano o direito de rebelar-se contra Deus. Uma safra de psicólogos formados em cursos de fim de semana ministrados em igrejas, têm se aventurado a tratar em grupos de apoio pessoas escravas do pecado. Acreditam que perdoando a si, aos outros, ou até mesmo a Deus, o indivíduo pode ser restabelecido e se ver livre de suas mazelas.
Tanto na espiritualização, quanto na psicologização, recorre-se ao passado, a um pacto ou um trauma infligido pelos pais aos filhos, o que obviamente contraria a Palavra de Deus quando se diz:
Naqueles dias, já não dirão: Os pais comeram as uvas verdes, e os é que filhos se embotaram. Cada um, porém, será morto por sua própria iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão. (Jeremias 31. 29,30)

O pecado é um mal moral e tem como causa primária e maior o próprio indivíduo. Ele não é vítima, mas réu, e deve responder por seus atos e pensamentos que desacatam a santidade de Deus. É extremamente covarde e estúpido atribuir a causas externas ou terceiros essa responsabilidade. A disfunção que existe é de ordem moral, e deve ser tratada pessoalmente contestando o pecador. Em suma, a transferência do pecado, seja com argumentos espiritualistas ou psicológicos, não coincide com a verdadeira cura que a Bíblia apresenta. Não é necessário ao pecador fé em Jesus Cristo, sua cruz e ressurreição. Não demanda a morte do velho homem e um novo nascimento, mas simplesmente um ajuste, ou uma melhora efetuada pelas terapias ou despachos praticados em igrejas evangélicas. Tudo isso nega a verdadeira enfermidade em que o homem se encontra: A Morte Espiritual.

sábado, 2 de janeiro de 2010

BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE - Milton Nascimento (letra)


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão"
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Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino do céu.
Mateus 18.4