segunda-feira, 26 de março de 2012

Judas sabe o que sinto...

Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. (Epístola de Judas 3,4)

Tenho vontade de escrever sobre outras coisas, mas sinto o peso da necessidade de falar destes condenados que maculam o nome de Jesus. A inspiração do Espírito para Judas não correspondia a sua vontade, mas a necessidade de alertar os irmão a respeito de homens ímpios.

sábado, 24 de março de 2012

E Deus com isso?

O povo na ausência de Moisés, sentiu-se a vontade para proceder como lhes parecia melhor. Imaginavam igualmente que Deus estava fora. (Êxodo 32.1)

Em vista dos recentes acontecimentos envolvendo Valdemiro Santiago e Edir Macedo e sua guerra nada santa, ateus e idólatras de todas as espécies têm aplaudido efusivamente o que seria mais uma prova de que os evangélicos são a escória do mundo. Como se já não bastasse, uma semana antes da matéria televisiva, a revista Veja trouxe duas reportagens sobre pastores envolvidos com assassinato, tráfico de drogas e estupro – Marcos Pereira, da Assembléia de Deus dos Últimos Dias; e Mário de Oliveira, deputado federal e presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular. Como se todos fossem iguais, sedentos por poder e dinheiro, mentirosos e manipuladores da Palavra, a figura destes falsos profetas serve como carimbo das críticas lançadas aos cristãos de linha evangélica.

Alguns irmãozinhos, em suas fraquezas, se escandalizam ou negam os fatos. Não concebem essa realidade a luz de um Deus que têm tudo sob controle. Os que escandalizam-se apartam-se da Palavra, imaginando que ou Deus é muito fraco, ou não está nem ai. Sentem-se mais justos que o próprio Deus, pois em seu crivo moral a igreja chegou ao fundo do poço. Os incrédulos dos fatos, e crentes em mentiras, tentam tapar o sol com a peneira da perseguição. Criam teorias conspiratórias contra os “ungidos de Deus” e dicotomizam o bem e o mal entre igreja e mundo. Penso que algo precisa ser dito a esse respeito, quanto ao lugar em que Deus está, e nossa postura diante das circunstâncias.

Primeiro não podemos conceber que Deus está profundamente decepcionado com a Igreja, ou surpreso com os noticiários. Pensar que Ele esperava algo melhor de nós, e que em vista de tudo que se vê até hoje, foi um incalculável desperdício a morte de seu Filho na cruz. Não, Deus está onde sempre esteve, em seu alto e sublime trono (Isaias 6.1). A menos que sejamos adeptos do teísmo aberto, não podemos conceber que Deus está de mãos atadas diante dos acontecimentos, que Ele não previa ou que nada pode fazer no curso da história. Deus está muito mais ciente dos fatos que nós, uma vez que Ele determina e conhece previamente todos estes eventos (Atos 2.23) 1. Sim, Deus desde muito já afirmava a miscigenação de seu povo eleito com os réprobos, e ao mesmo tempo condenava-a. Apesar das ordem de que não se misturasse com os povos de Canaã (Deuteronômio 7.1-5), Israel abriu as portas ao sincretismo religioso. Deus não foi pego de surpresa pela desobediência de seu povo, Ele tanto previa como também determinaria o seu propósito sobre isso (Juízes 2.20 - 3.6).

Mas a culpa não é apenas dos vizinhos de Israel. Sejamos justos, mesmo antes desta miscigenação étnica e religiosa, Israel no deserto carregou consigo a idolatria dos egípcios, demonstrando sua constante inclinação para o que é mal (Êxodo 32. 1-6). E ao longo de toda a sua história no Antigo Testamento cometeram atos atrozes contra a Santidade de Deus. Essa era a Igreja naqueles dias. A Igreja nestes dias é o Israel do Senhor. Tanto há um continuísmo nesse sentido, que Paulo adverte-nos para não repetirmos os pecados de outrora (1 Coríntios 10. 1-12). Portanto, desde muito, e até hoje, é perceptível dentre o povo de Deus certa inclinação para o pecado, seja de idolatria, imoralidade ou violência. O joio sempre esteve plantado junto ao trigo, e Deus sabe disso, e no tempo certo trará juízo final sobre as sementes do mal (Mateus 13. 24-30).

Seguindo a mesma linha, no Antigo e no Novo temos esta evidência de falsos profetas e falsos apóstolos. Basta lermos os profetas bíblicos para conhecermos a descrição dos falsos profetas (Jeremias 23.25-32). E mesmo no Novo, Jesus já afirmava a manifestação de falsos profetas e cristos (Mateus 7.15; 24.24), e Paulo salientava a atuação deles e de falsos apóstolos e mestres (Atos 20.29,30; 2 Coríntios 11.13, 14; 1 Timóteo 4.3).

O Senhor da História não está surpreso com os acontecimentos, nem com os primeiros e nem com os últimos. As Escrituras relatam que estas coisas provam o povo de Deus, para saber se seus corações estão postos nEle, em sua Palavra. Também é dito que essas coisas servem de exemplo para nós, uma vez que Deus derramou juízo sobre esses homens no passado.

De nossa parte estejamos firmes na certeza da soberania, justiça e sabedoria de Deus. Engajados como verdadeiros profetas que afirmam a Palavra de Deus, tanto a salvação em Cristo, como a condenação daqueles que não têm temor de seu Nome. Sabemos que nesse Nome somos salvos, e que Ele há de julgar aqueles que falsamente o invocam dizendo “Senhor, Senhor” (Mateus 7.21-23).

segunda-feira, 19 de março de 2012

Ladrão que rouba ladrão... ou ladrão que denuncia ladrão.


Ontem o "Fantástico da Record", o programa Domingo Espetacular, apresentou uma reportagem de quase trinta minutos onde denuncia o "Apóstolo" Valdemiro Santiago de enriquecer a custa da Igreja Mundial do Poder de Deus. Duas fazendas compradas em dinheiro vivo em Mato Grosso, na região de Santo Antonio de Leveger somam o montante de R$ 50 milhões, contando as mais de 26 mil hectares e as quase 7 mil cabeças de gado. Nesse último quesito, a reportagem fazia questão de frisar a expressão "o rebanho de Valdemiro", numa alusão ao conceito de pastoreio. Aqui em Cuiabá nunca foi segredo que o dono da Mundial tivesse comprado terras e que por isso "amasse" tanto este estado.
 
A reportagem parece estar bem embasada nos fatos, apresentando documento de compra registrados no cartório da cidade vizinha da capital matogrossense. Também são denunciados imóveis de templos com aluguéis atrasados em São Paulo.

Mas o que não deixa de ser irônico é justamente o veículo de comunicação Record "prestando" esse serviço. Os motivos óbvios podem ser listados.
1. A Record pertence ao "Bispo" Edir Macedo, fundador e mandatário da Igreja Universal do Reino de Deus.
2. Valdemiro saiu da Universal e fundou a Mundial, uma imagem e semelhança da outra.
3. A Mundial esta completando 14 anos, mas foi a partir de 2007 que a denominação passou a crescer expressivamente. 
4. Recentemente Macedo tem se lançado pessoalmente ao ataque a Valdemiro. Entrevistando uma endemoniada como há muitos anos não fazia, colheu as informações de que aquele demônio era o cabeça na Mundial.

Na reportagem, quando mencionada o parentesco da Mundial com a Universal, é dito que a IURD foi fundada por Edir Macedo, dono da Record. Creio que essa distinção entre bispo fundador e empresário da telecomunicação visa justificar implicitamente a riqueza de Macedo. Valdemiro por sua vez, tira sua riqueza diretamente da igreja.

Mas é sabido e notório que a Record foi comprada com o dinheiro da igreja , que segundo Carlos Magno de Miranda, um bispo dissidente, com  milhões de dólares dados em 1989 por narcotraficantes do Cartel de Cali em troca de serviço de lavagem de dinheiro na IURD. Hoje a Record é diretamente financiada pela Universal com investimentos milionários em horários da madrugada para os programas religiosos.

Por isso, pode-se dizer que o aprendiz ainda está muito atras do seu mestre. Valdemiro não tem o poder de fogo de uma emissora que lhe sirva de esteio financeiro e leão de chácara ao mesmo tempo. Caso tente usar o seu tempo comprado na TV para se defender, pode piorar a coisa. Também, provavelmente pela origem matuta, cresceu muito os olhos em propriedades rurais, coisa que chama muita atenção. Edir Macedo dentre seus devaneios de grandeza, investiu em um mansão em Campos do Jordão com 24 suítes e uma réplica do Jardim do Getsemani.


Creio que Edir Macedo se sente muito seguro em jogar as sujeiras de Valdemiro no ventilador, imaginando ser imune a qualquer contra-ataque. Creio também que canibalismo entre as duas igrejas do "al" ainda renderá muitos frutos podres, com Valdemiro tentando vencer por baixo, atraindo o gado de Macedo. Trata-se de uma luta entre o Golias maior e o Golias menor, que no tempo propício Deus porá fim destruindo um e o outro.     

segunda-feira, 12 de março de 2012

Doutorado dos Apóstolos



O Presbítero Eli Medeiros esteve em Cuiabá no ano passado para a formatura do alunos do IBAA (Instituto Bíblico Presbiteriano Augusto Araújo). Nessa ocasião o amado irmão compartilhou algumas considerações pessoais sobre a vida acadêmica dos Apóstolos que achei muito relevante e oportuno publicar.
Muitas pessoas advogam que os apóstolos eram pessoas ignorantes, sem formação nenhuma, e, pautados nisso, afirmam ser desnecessária qualquer preparação acadêmica para servir o Reino. Isso é completamente contrário as Escrituras, até mesmo no que concerne aos não separados ministerialmente. Uma vez que somos instados a conhecer e amar a Bíblia (Deuteronômio 6.1-9; Josué 1.8; Salmo 1.2; Oseias 4.6; Mateus 22.29; João 5.39) certamente os que ensinam devem dedicar-se mais em seu estudo (1 Timóteo 5.17).
Segundo a observação de Eli Medeiros, no histórico dos Apóstolos podemos observar o cuidado de Jesus para com o seu ensino, formando homens intelectualmente e academicamente capacitados. Obviamente não estamos nos referindo a uma exata formação nos moldes de uma instituição de ensino contemporânea, mas ainda assim a uma formação acadêmica. O uso análogo feito aqui, é apenas para demonstrar que Jesus não fez as coisa de forma amadora, descompromissada, mas que seriamente investiu na organização do conhecimento de seus discípulos.
Antes de começar o histórico acadêmico dos Apóstolos, devemos salientar que o fato de serem considerados frente ao Sinédrio como iletrados e sem treinamento (Atos 4.13) não significava de forma alguma que eram analfabetos. Havia relativo desnível entre a formação teológica dos sinedristas e aqueles pescadores. Mas como todo judeu, sabiam ler e escrever, e também deveriam conhecer o suficiente das Escrituras desde a infância como era requerido a todos. Todavia, o enlevo dessa constatação é justamente o oposto: o Sinédrio reconhecia que haviam estado com Jesus, pela coragem com que falavam a verdade. É óbvio que estamos falando aqui da obra do Espírito, prenunciada por Jesus para seus discípulos para horas como essa (Mateus 10.19; João 14.26; 15.26-27; 16.13). Contudo, essa obra pneumática, como salientado em João, não se daria alheia aos ensinos de Jesus. O que Jesus fazia pessoalmente, agora o Espírito faria intimamente nos discípulos: ensinar o que devia dizer.
Pressupondo os níveis de ensino que temos hoje, tracemos um parâmetro da formação dos Apóstolos. Começando pelo seminário com Jesus, foram três anos de aprendizado. Era um único professor, mas este era ninguém menos que o Criador do Universo (Colossenses 1. 15-16,19), o Logos encarnado (João 1.1,14), a Sabedoria em pessoa (Provérbios 8). Não havia a necessidade de nenhum outro professor. A carga horária era de período integral  por três anos, e a metodologia de ensino teórico e prático. Jesus ensinava e também aplicava-lhes uma espécie de estágio supervisionado (Lucas 10.1). Esse curto período com o Mestre vale mais do que qualquer histórico escolar na face da terra. É válido lembrar que Paulo, como um nascido fora do tempo (1 Coríntios 15.8), também compartilhou dessa formação que os discípulos tiveram (Gálatas 1. 14-17). Apesar de ter sido formado aos pés de Gamaliel (Atos 22.3), Paulo carecia da mesma formação que os outros.
Pois bem, após os três anos de seminários, Jesus, já ressurreto, passa 40 dias com os Apóstolos falando das coisas concernentes ao Reino (Atos 1.3). Isso corresponde a um mestrado, uma vez que Ele pode aprofundar seu ensino a um nível que seus discípulos até  por três anos não poderiam suportar (João 16.12). Agora após sua morte e ressurreição, eles podem compreender.
O doutorado já sob a orientação do Espírito Santo, é atestado na composição do Novo Testamento (2 Timóteo 3.16; 1 Pedro 1. 11,12; 2 Pedro 1. 20,21). Esses homens que aprenderam de Jesus apresentam suas teses afirmando a Verdade que o mundo todo precisa conhecer. Estas "teses" estão disponíveis até hoje para consulta em toda parte da terra.
Mas porque Jesus investiu tanto no ensino de seus discípulos? Fica claro a partir de Atos 2.42 que a doutrina dos apóstolos era imprescindível para a vida da Igreja. O ensino de Jesus não podia se perder por falta de qualificação daqueles que ensinariam sua Palavra para todo o restante do mundo. A Igreja de Cristo é conhecida por sua Palavra, esta é Viva e habita no meio de seu povo. Devemos portanto com todo zelo nos dedicarmos ao seu conhecimento, sabendo que ela não meramente acadêmica, mas que nem por isso despreza a necessidade de formação. Advogar contra essa formação é ultrajar a obra do Espírito e de Cristo, é pressupor que o subjetivismo daqueles que se lançam ao ministério é suficiente para conduzir o rebanho. Todo o que é chamado para pastorear deve ter em mente que o alimento está disposto nas Escrituras, e que é estudando-as que poderá ensiná-las corretamente. 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Os Modernos Fariseus

"Da vaidade, fiéis servos Lutam por fazer-nos seus! Muitas vezes nos assaltam Os modernos fariseus. Mas se alguém procura ver-nos Sem a graça do bom Deus, Vencendo vem Jesus!"

Sempre tive um pé atrás com as críticas feitas aos fariseus. É claro que não estou falando das críticas feitas por Jesus a essa seita judaica daqueles dias. É precisamente por causa dos duros discursos do Senhor contra eles, que percebo uma imagem desfocada do que realmente pode ser chamado farisaísmo.
O conceito mais acentuado quando se fala em fariseus é o legalismo. Há um equivoco no próprio entendimento da palavra. A simples observância da Lei não é precisamente "legalismo". Quando perde-se de vista o espírito da lei, seu propósito maior, e toma-se como principal o cumprimento vazio de uma regra, então podemos falar em legalismo. A Lei nos foi dada como algo bom, é graciosa uma vez que nos conduz segundo o propósito sábio que Deus tem para nossas vidas. Mas quando toma-se a Lei sem cogitar a direção e a glória de Deus sobre ela, quando não passa de um rígido exercício moral para glória pessoal, a impressão que se passa é que apenas uns poucos e "melhores" homens podem alcançar. Guardar a Lei não é legalismo. Usar a Lei para exaltação pessoal sobre os demais sim.
Mas sim, os fariseus eram legalistas  (Mateus 23.4-7), e isso é parte de sua essência. Sua conduta moral, sua a observância da Lei, visava exclusivamente a promoção de uma imagem piedosa até mesmo por sua indumentária (V. 5). Ao mesmo tempo que se empenhavam em ensinar, sua satisfação era o fracasso de seus discípulos (V. 13). Mas aqueles que se graduavam em sua universidade eram até piores do que eles (V. 15). Esse verniz piedoso não condizia com a realidade de seus corações, uma vez que a observância da Lei em seu propósito divino é acima de tudo para com o próprio Legislador das almas. Deus conhece o coração de todo homem. Jesus sendo Deus podia com toda propriedade legislar sobre o coração daqueles homens legalistas, pois conhecia-lhes a intenção de se promoverem as custas da fraqueza dos demais. Sabia que ao mesmo tempo que seu exterior mostrava-se limpo, ocultavam um interior imundo, pois em nada temiam a Deus (v. 25-28). Todavia, nem só de legalismo vive um fariseu. Sua outra parte é a hipocrisia.
Em Lucas 12.1, Jesus esclarece que o "fermento dos fariseus" era a hipocrisia. O que levedava as massas era sua conduta dúbia diante dos enfrentamentos. O legalismo é a outra face da moeda daqueles que têm pavor de serem descobertos em sua imundície. Todo legalista é uma falso moralista já dizia o teólogo César Arruda. Apesar do esforço para provar-se melhor que os demais mortais, interiormente, pelo sensus divinitatis, o hipócrita sabe que diante de Deus ele ainda é reprovável. Mas lhe parece mais fácil se exaltar perante os homens, do que humilhar-se perante Deus (Mateus 23.12). Com isso provam que temem aos homens e não a Deus  (Lucas 12.4). Mesmo condenando a Jesus, não ousavam enfrentá-lo diretamente. O problema com Jesus não era necessariamente o seu ensino, mas sua popularidade. Seus esforços para desacreditá-lo vinham na tentativa de faze-lo tropeçar em suas palavras (Lucas 11.53,54). Teologicamente eram até próximos do ensino de Jesus (Mateus 23.3).
Na prática de sua hipocrisia, fizeram alianças com herodianos e saduceus para eliminar Jesus (Mateus 16.1; 22.15,16). E quando planejaram sua morte, o fizeram junto do Sinédrio (que era composto principalmente de saduceus). Estes mesmos sacerdotes hipócritas, quando questionados por Pilatos sobre a soltura do Rei do Judeus, admitiram o reinado de César sobre eles negando a Jesus.
A hipocrisia é a covardia institucionalizada na alma daqueles que fazem de tudo para não perder o prestígio e a glória dos homens. Se por um lado primavam pelo prestígio dos pequenos por sua "elevadíssima" conduta moral, diante dos romanos sucumbiram ao poder de um rei pagão rechaçando o reinado do Filho de Deus. A mesma alma elevada frente aos pobres era vendida aos poderosos pela execução de Jesus.
Mas e hoje, como se portam os modernos fariseus? Certamente não deixaram o legalismo e a hipocrisia, partes essenciais de seu caráter. Contudo, em um tempo em que a Lei não tem o mesmo prestígio, e que primar pela moralidade é visto como algo obsoleto, buscam em outros méritos a glória dos homens. Atualmente a moeda de maior valor é a realização pessoal pelas conquistas materiais. O poder temporal e o acúmulo do vil metal tem implicações espirituais. Ser rico e influente, creditando a um uso legalista da oração e o jejum, e a partir de votos e palavras de poder, têm grande aceitação em certas comunidades, principalmente entre os neopentecostais. Os sepulcros são caiados com riquezas, realizações profissionais e familiares. Alguns são comedidos em suas palavras, mas outros desbocados e desafiadores. 
O moderno fariseu, a exemplo de seus pais, tem a honra em seus lábios mas distante o coração (Marcos 7.6,7). Usam o nome de Jesus a todo tempo, mas para sua própria glória. Certamente eles não podem dizer como João Batista que "importa que Ele cresça e eu diminua" (João 3.30). O que fora dito a respeito de seus avós, os pais dos fariseus que mataram os profetas, e que Jesus afirmou a respeito daquela geração que intentou contra sua vida (Mateus 23.29-32), pode ser dito desta geração que procura assassinar a Palavra de Deus por meio de seus devaneios de grandeza. Em vão imaginam que podem roubar a glória daquele que é Rei dos reis, Senhor do Universo, Criador do céus e da terra, e por que por seu sangue preciosíssimo pagou o mais alto preço pelos seus, e venceu a morte. Essa glória nunca terão, nem dela farão parte.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ídolos de pau, de ouro e de carne.



O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro e cadeias de prata forja para ela.

O sacerdote idólatra escolhe madeira que não se corrompe e busca um artífice perito para assentar uma imagem esculpida que não oscile.
(Isaías 40. 19, 20)

É com ironia que Deus descreve a fabricação da imagem de um ídolo. Ainda que produzido com metais preciosos, e com madeira escolhida, é preciso perícia para que a imagem não oscile. Além de ser feita por mãos de homens, ainda precisa ser bem confeccionada, pois do contrário pode cair e quebrar. É diante de uma imagem como essa que outros homens se prostrarão e buscarão auxílio. É em um pedaço de pau coberto de ouro ou prata que se apegarão para sua salvação. Certamente seria mais proveitoso se buscasse socorro no próprio artífice.
Mas não só de pau, gesso ou metais precisos vivem os ídolos. Em nossos dias, ídolos de carne e osso se apresentam em pedestais midiáticos. Seu andor é a televisão, onde são beijados com gordas ofertas para o seu programa de salvação mundial e universal. Assim como os ídolos mortos, os vivos também não se sustentam sozinhos. Sem as contribuições financeiras oscilam e podem cair e quebrar-se. Os mesmos que prometem riquezas sem fim, ao mesmo tempo atestam sua carência apelando para os recursos alheios. Isso não é irônico?
Fato é que de pau, de gesso ou de carne, os ídolos atestam sua fraqueza e incompetência na provisão das necessidades dos homens. Eles mesmos dependem da boa vontade do artesão para sua sustentabilidade, ou dos pagãos (no sentido dos que pagam suas indulgências... rssss) para sua sobrevivência na mídia. 
Somente o Deus que criou toda as coisas pode ser nosso auxílio. Somente aquele que não é servido por mãos humanas, que é o doador e mantenedor da vida pode nos socorrer (Atos 17.24, 25). E mais do que a vida, ele nos dá vida eterna em seu Filho, que longe de um andor ou de uma tela de televisão, morreu na cruz para nos salvar. Ele ressuscitou, está vivo e deve ser adorado. Ele é Deus que se fez homem, e não um deus feito por homens.