Introdução: Por que parece tão mais fácil
que tenhamos comunhão com estranhos em certas cituações? Basta observar uma
torcida de futebol, ou as amizades cultivadas fora de casa. A comunhão em casa
parece sempre mais difícil.
Narrativa: Davi escreve esse salmo mediante
as circunstancias que sucederam sua posse como rei. Se por um tempo ele era
visto como inimigo por parte do povo, e por isso os irmãos (Israel)
encontravam-se divididos, logo a nação se uniu sob seu governo pela providência
divina.
Proposição: Tanto Israel como a Igreja hoje sempre
enfrentaram uma realidade oposta a esse salmo. Como
deveria ser comum e natural dizer que união dos irmaos é boa e favorável. Mas,
apesar da afirmação do salmista, a experiência parece sugerir outra realidade.
De fato, a falta de comunhão é um problema, em boa parte das famílias, como
também em muitas igrejas. O lugar onde se deveria constatar a proximidade das
pessoas em amor, compromisso, por vezes deixa a desejar. Isso é uma terrível e
triste constatação. Em contrapartida,
existe um forte movimento no sentido de que a Igreja seja mais unida.
Que tanto na congregação local, como na denominação e entre as denominações
evangélicas, haja comunhão entre os irmãos. Este anelo é legitimo, mas o que
nos falta para tanto? E o que podemos fazer nesse sentido? Este salmo
extraordinário no fala onde encontramos a Verdadeira
Comunhão.
Mas antes de prosseguirmos nesta analise
pelo salmo, é preciso definir a idéia de união, ou comunhão na Bíblia:
יחד yachad procedente 1) união, unidade adv 2)
junto, ao todo, todos juntos, igualmente.
κοινωνια koinonia 1) fraternidade, associação,
comunidade, comunhão, participação conjunta, relação 1a) a parte que alguém tem
em algo, participação 1b) relação, comunhão, intimidade 1b1) a mão direita como
um sinal e compromisso de comunhão (em cumprimento ao ofício apostólico) 1c)
oferta dada por todos, coleta, contribuição, que demonstra compromisso e prova
de de comunhão.
Não se trata de mero ajuntamento, ou
conformidade em algo, mas um laço que torna algo comum entre nós maior que nós
mesmos.
1. Ela vem de cima.
a) Não produzimos comunhão. Por maior que
seja nosso esforço, e até com boa intenção, esta não pode ser gerada de nós
mesmos. Nos dois casos ela vem de cima, desce sobre a cabeça, e desce sobre o
Hermom e sobre Sião.
b) Procede de Deus certamente, pois unção
do sacerdote é ordenação divina (Ex. 30.30-32; Lv. 8.12), tanto quanto as
chuvas e o orvalho que regam a terra (Dt. 11.11).
2. É para o culto exclusivo para Deus.
a) O óleo derramado sobre Arão, que não
desceu para as vestes, mas apenas sobre a cabeça e a barba, enxarcando a gola,
nos faz entender que a comunhão ordenada pelo Senhor é para seu culto.
b) O óleo precioso era santo, nenhum outro
homem podia recebe-lo a não ser o sacerdote. A comunhão é santa, é para Deus
somente.
c) O sacerdote era ordenado para que
tivesse outra vez comunhão com Deus, pois ele fazia propiciação dos nossos
pecados.
e) Em suma, não podemos ter verdadeira
comunhão entre os irmãos fora das ordenanças de culto que Deus o faz, nem fora
da comunhão que Deus no traz pelo sacrifício de Jesus.
3. É para serviço e frutificação da Igreja.
a) O orvalho que rega a terra era para
mantimento do povo. A despeito da terra árida, não faltava suprimento para os
filhos de Israel.
b) Da mesma sorte, em Cristo somos
capacitados para servir, como corpo. A despeito de nossas fraquezas, somos
fortalecidos no Senhor para toda boa obra ( Jo. 15. 4,5).
c) A comunhão nunca visa interesses
egoístas, mas a provisão comum aos irmãos.
4. É para sempre.
a) Não se trata de momentos especiais, ou
com prazo de validade. A comunhão verdadeira é para sempre.
b) a benção e a vida em Cristo nos lança
para algo que ultrapassa a realidade dos nossos dias, e nos faz visualizar pela
fé a comunhão eterna proposta. Por isso, mais do que circunstancias
passageiras, o culto e o serviço devem voltar-se para o que é eterno.
Conclusão:
De fato, os nossos pecados se opõe em tudo
a comunhão ordenada por Deus. Desde Israel até nossos dias, é o que nos priva
de viver mais intensamente essa comunhão. Mas certamente a obra do Senhor não é
menor, e a cada dia nos propõe mais e mais comunhão em si, no Corpo. Certamente
o sacrifício de Jesus não foi em vão, e em Cristo não é vã toda boa obra.
Certamente o que Deus faz dura para sempre, e por isso devemos olhar para a
Igreja na certeza de que a comunhão boa e favorável não é enganosa, mas verdadeira.