quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Natal é Jesus nascer no coração?


Tenho pensado na afirmação de que Natal é Jesus nascer em nossos corações. Eu mesmo já disse isso, e participei de uma cantata onde uma das músicas fazia esta colocação. Mas não seria isso algo semelhante a afirmação de Bultmann quando diz que a ressurreição de Jesus se deu no querigma, ou seja, na experiência subjetiva dos discípulos em sua proclamação? Creio que em parte não, mas também em parte sim.
Como disse, eu mesmo já me vali dessa afirmação para apontar a necessidade de conversão das pessoas diante da mensagem de que Jesus nasceu nesse mundo. Que o evento do Natal não pode ser apenas mais uma festividade de fim de calendário, mas uma realidade na vida das pessoas pelo milagre da regeneração. E com isso, nunca tive a pretensão de esvaziar a historicidade do Natal em função de algum tipo de subjetividade supersticiosa de fim de ano.
Mas, por outro lado, se deixamos de pregar o evento histórico, e suas implicações bíblicas, acabamos por subtrair a essência da mensagem natalina: a encarnação de Jesus, o fato de que veio ao mundo nascido de mulher, pela obra do Espírito Santo, para salvar seu povo dos seus pecados.
Sei que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro, e não tenho nenhuma crise quanto a isso. Não vejo escândalo algum em separar um dia do ano para celebrar o fato de que o Filho de Deus veio a esse mundo em conformidade com o que as Escrituras dizem a esse respeito. Mas não posso fazer (como a mídia e o comércio o fazem) dessa data um dia místico no ano. E para isso é preciso afirmar não somente a necessidade individual de crer, como também aquilo em que se deve crer.
Portanto, não quero criticar o uso da expressão "nascer no coração", mas apontar a necessidade conjunta de se afirmar toda a história do nascimento de Jesus, pois do contrário, a fé não nos é outorgada (Romanos 10.17). Afirmar o "nascimento de Jesus nos corações" sem a mensagem bíblica por traz dessa obra regenerativa, é contribuir para a superstição que reina no pensamento moderno, é somar com a mensagem humanista de fim de ano de que o homem é intrinsecamente bom. Jesus só pode nascer no coração dos homens quando, pela obra regenerativa do Espírito, eles são levados a fé na Palavra de Deus que, nesse caso específico, descreve o evento histórico da encarnação do Messias anunciado no Antigo Testamento.
Que Deus nos ajude a sermos fiéis em sua proclamação (1 Coríntios 4.2).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tropeços Mortais


O efeito devastador que escândalos podem causar nas igrejas e sociedade, pode ser comparado aos mortos em um guerra, e as mortes de crianças abortadas criminosamente. Por escândalos aqui, me refiro aos de dois tipos: morais e teológicos.
O escândalo moral, que geralmente se dá em áreas de ordem sexual, financeira e ainda vícios socialmente condenáveis, pode ter o mesmo efeito midiático de uma guerra. Ou seja, sua repercussão é maior, mais detalhada, e de um impacto mais intenso nas pessoas. Mas, não minimizando os horrores de uma guerra, ou desprezando sua malignidade, podemos dizer que os estragos ainda são menores se comparados aos números do aborto.
Falando em números, podemos tomar o parâmetro da Segunda Guerra Mundial, onde cerca de 60 milhões de pessoas foram mortas. A Segunda Guerra durou de 1939 a 1945, ou seja, 6 anos praticamente. O número de abortos por anos gira em torno de 46 a 55 milhões todos os anos. Em outras palavras, quase uma Segunda Guerra Mundial todos os anos em crianças mortas. Mais uma vez quero dizer que não estou desqualificando uma atrocidade em razão da outra, mas apenas demonstrar que apesar da gama das mortes  silenciosas de bebês, a visibilidade daquelas ocorridas em guerras é muito maior. Poderíamos discorres sobre os horrores de ambos os tipos de genocídios, mas não é esse o meu foco aqui.
Quero apenas demonstrar que os escândalos de ordem moral têm proeminência em sua repercussão, na atenção dispensada pela maioria. Seus efeitos são mais facilmente percebidos, e por isso podem causar maior impacto. A palavra  "escândalo" significa literalmente tropeçar em uma pedra, cair por sua causa. Um escândalo moral tem o poder de tornar mais evidente uma queda individual ou coletiva. Tanto o que praticou alguma imoralidade, quanto os que por causa desse ato de outrem, abandonaram a fé.
Mas o escândalo teológica, o abandono da ortodoxia em razão de ensinos e práticas heréticas, é como um veneno que mata aos pouco, silenciosamente. Apesar de estar estampado na cara de muitas denominações, publicado e proclamado por seus proprietários e falsos profetas, nada disso causa tanto impacto. O silêncio ao qual me refiro não é o de seus emissários, os quais tem o microfone nas mãos. Falo a respeito de serem poucas as vozes de contestação a mentira proferida de maneira perversa. Falo do consentimento dos que discordam, mas acham que se trata de um mal menor. Uma coisa não deveria sobrepor a outra, ambas precisam ser tratadas com firmeza bíblica. Tanto o jovem que adulterou com a madrasta (1 Coríntios 5.1-5), quanto os falsos mestres judaizantes (Gálatas 1.8), são tratados com dureza por Paulo.  
De uma forma ou de outra, pessoas mortas espiritualmente são segregadas da Verdade pelos escândalos. Sei que da parte de Deus, soberanamente aqueles que se escandalizam e abandonam a fé (no sentido da verdade bíblica revelada), é porque nunca foram crentes de fato (Hebreus 10.38, 39), nunca foram regenerados pelo Espírito para verem o Reino (João 3.3). Mas, de outra sorte, apesar de serem inevitáveis os escândalos, pesa sobre os que o produzem um ai terrível (Lucas 17.1,2). Devemos nos ater para ambos os escândalos com o entendimento de que são mortais, e igualmente intoleráveis. Não me refiro com isso a ideia de que são imperdoáveis - Deus pode restaurar o faltoso tanto de uma fraqueza quanto da outra - mas que não podemos nunca ser condescendentes com o pecado, seja na carne ou nas palavras.                 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Inocência e Humildade não salva vidas


Alguns dias atrás, uma moça tentou me vender um chocolate por R$ 2,00 no semáforo para ajudar na programação dos jovens de sua igreja. Perguntei qual era sua denominação, e ela me disse que era de uma dessas "...al de alguma coisa de Deus". Perguntei sobre os dízimos que eram recolhidos na igreja, e ela respondeu que estes não eram destinados para os jovens, mas para outras incumbências da igreja. Eles mesmos precisavam arrecadar o dinheiro para promover festas para evangelizar. A justificativa dela para isso era que as pregações não eram suficientes para alcançar pessoas que gostam de festas. Tive pena dela, mas não comprei o chocolate. Infelizmente não tive tempo de lhe falar sobre o verdadeiro evangelho: o semáforo abriu.
Fiquei com a impressão desses jovens pedindo dinheiro no semáforo, como a que tenho dos Testemunhas de Jeová batendo de porta em porta aos domingos pela manhã. Ambos estão ali num esforço desgraçado, se expondo a humilhação, com o intento de salvar pessoas do inferno, mas tudo em vão. Digo isso por dois motivos simples.
Primeiro, porque a salvação não se dá por nenhum esforço, sacrifício ou humilhação humana de qualquer pessoa. Em outras palavras, apesar de se disporem para essa "obra", eles mesmos não podem salvar ninguém, por maior que seja sua vontade (Romanos 9.1-3). Foi pela obediência de Cristo, tanto não pecando, quanto entregando-se a morte, que recebemos vida eterna e salvação. Este sim, o Deus que se fez homem, é o único que pode salvar outros homens.
Segundo, porque todo esse esforço deles, assim como desconsidera o sacrifício de Cristo, igualmente desconsidera o poder de sua Palavra. No caso dos Testemunhas de Jeová, a questão nem chega a ser sua estratégia, pois se dispõe a estudar suas bíblias com as pessoas. O problema é que não creem na verdade a respeito de Cristo, como o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade, nem no Espírito Santo como Deus também (assim como tantas outras heresias). Penso que o evangelho da prosperidade também é outro evangelho (Gálatas 1.9), herético não por negar a divindade de Cristo ou do Espírito, pois isso eles não o fazem, mas por confundir a salvação na terra com o descanso do céu, descontextualizando promessas bíblicas, tornando-as em mentiras. Um excelente texto a esse respeito foi escrito pelo Rev. Augustus Nicodemus em seu blog. Mas não apenas sua teologia é mortífera, como também suas estratégias, as quais são infelizmente praticadas em muitas igrejas não necessariamente heréticas. Em suma, entendem que a pregação do evangelho não é o método mais eficaz para se alcançar as pessoas. É preciso promover o que agrada ao gosto delas, e daí surgem festas e o que mais o coração do homem puder imaginar. Toda a Escritura da testemunho de que sempre foi pela exposição da Palavra que os homens foram alcançados ao longo da História. O Senhor Jesus não usou outro método que senão a pregação da Palavra.
A cegueira destas pessoas não as justifica. Apesar de me compadecer delas, sei que seus corações estão entulhados de pretensões e soberba. Digo isso em razão das observações acima. O pensamentos daqueles que se desviam de Cristo, sua obra e Palavra é sempre altivo, pois faz de sua própria obra, de suas palavras e mecanismos, o bote salva-vidas para resgatar outros. Mas o caso é que esse bote esta furado. São cegos que imaginam poder guiar outros cegos. Mal sabem que se precipitam junto aos demais para o inferno (Mateus 23.15ss).

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

E se você pudesse começar tudo de novo?


           
            Muitas pessoas acreditam que se tivessem uma segunda chance na vida, tudo seria diferente. Creio que, pelas implicações lógicas, começar tudo de novo certamente é começar diferente. A grande questão é se as coisas seriam melhores. Ou, melhor dizendo, se as coisas seriam endireitadas.
            Sim, é possível começar de novo. Mas isso não é o suficiente, é preciso começar direito. Tornar as coisas diferentes, por piores que elas sejam não significa torna-las melhores. Sempre é possível piorar. É preciso que o novo começo seja como uma nova estrada, endireitada, aplainada como um tapete, e na direção verdadeira.
            A Palavra de Deus nos fala em um novo começo, o novo nascimento! Jesus diz no Evangelho de João 3.3: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Ou seja, novo começo é possível, e na direção certa, do Reino de Deus.
Não se trata de reencarnar, mas nascer do Espírito Santo. Essa é uma obra maravilhosa que Deus faz em nós, transformando nosso coração pecaminoso, duro como uma pedra, em um coração de carne, vivo e sensível a sua Palavra. Nos tirando da morte do pecado, conduzindo-nos para a vida em comunhão com Ele.
Esse Novo e Vivo caminho (Hebreus 10.20) é o próprio Jesus, que nos salva pelo seu sacrifício perfeito na cruz. Que nos dá o seu Espírito que gera nova vida em nós. Que nos reconcilia para sempre com o Pai.
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (João 14.6)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Uma excelente palavra sobre o Movimento do Parto Humanizado

Esse texto é da Dra. Suzy Meira, médica anestesista no Rio Grande do Sul. Foi postado no blog Cartas Brasilienses da Dra. Juliana Buzzinaro. Trata-se de um excelente texto para quem se dispõe a realmente informar-se e formar-se a partir de fatos.  Sendo assim, segue o texto.
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"Ante as marchas pelo parto em casa, que estão acontecendo pelo Brasil, os posts de amigas queridas, os direitos das pessoas, suas idéias e sentimentos sobre seus direitos e papéis, minha realidade como mãe de 3 filhos saudáveis (nascidos um de cesárea e dois de parto, com e sem analgesia, e amamentados por 9 meses, um ano e meio e outro por dois anos e meio), e sendo médica anestesista, que trabalha há 18 anos em centros obstétricos bem heterogêneos entre si... com pacientes com realidades psicossociais, culturais e financeiras mais heterogêneas ainda... O privilégio que tenho de presenciar o transbordar de muitas vidas lindas que vêm a esse mundo... E também o respeito e o apoio que já comparti quando o karma vence o dharma, e todo o esforço humano tem que se render, ante à impossibilidade de ajudar para a vida que não conseguiu nascer... Convido a pensarmos juntos sobre alguns pontos:


Acredito que a todo abuso de poder, mesmo que leve séculos, haverá uma revanche cultural, social. Para um lado, para qualquer lado, a esmo, ou direcionada por ideologias, entusiasmos, sentimentos verdadeiros, o que for. Certo é que uma revanche ocorrerá. E também de algum modo alguma coisa melhorará, mesmo que no início se penda para o extremo oposto. Isso é assim desde que o mundo é mundo. Com reis, senhores feudais, bispos, magos, médicos, senhores de engenho, aristocratas, políticos... que exerceram algum tipo de autoritarismo, inclusive o de pais e mães de todos os séculos, que também exercem grandes poderes no mundo todo, em cada lar.
Hoje, em diversos segmentos, estamos presenciando essas revanches.


Tudo isso junto me faz pensar...
Se existirá um, talvez mais de um caminho que seja ao mesmo tempo justo e afetivamente aconchegante e confortável, e também espontâneo, instintivo, mas com segurança verdadeira.


Alguém poderá me dizer: 'Ora, mas segurança, risco zero, desde que se nasce, não se tem. A única certeza é que um dia vamos morrer.' Mas não precisamos atravessar a rua em uma faixa de segurança, sem olhar muito para os lados, porque se acredita que tudo funcionará bem, ou que se esteja com tudo sob controle. Muitas variáveis podem se interpor nessa situação. Variáveis que não estávamos esperando, dificuldades de um país em desenvolvimento, dificuldades sociais, econômicas, financeiras. Tantas coisas podem acontecer. Não estou em absoluto comparando um parto em casa com atravessar na faixa sem olhar para os lados. Mas estou propondo que se olhe realmente para todos os lados da situação.


Ninguém pode afirmar que tudo que esteja a princípio bem, vá continuar assim.


Há duas semanas, uma gestante em início de trabalho de parto, com tudo bem, no hospital, teve subitamente um descolamento de placenta. Será que todos sabem o que isso significa?
Para essa mãe, que recebeu atendimento imediato, pois já estava dentro de um local que, além de parto, faz também cesárea, teve sua vida salva, apesar do sangramento profuso. O mesmo não foi possível com seu bebê. Apesar de toda a rapidez de um centro hospitalar obstétrico. Um bebê gordinho, perfeitinho, rostinho parecido com a mãe. Não suportou. Tentar de tudo. Toda a equipe envolvida, agilizando tudo. Impossibilidade. Imobilidade. Silêncio. Dar a notícia. Apoio. Choro e desespero de quem esperava tanto por alguém. Aceitação de que não se é deus. Em um hospital. Ao menos tudo que a tão criticada medicina possa fazer, foi feito.
E se fosse em casa? Em casa de parto? Onde quer que fosse? E se não der tempo, no caso de um imprevisto?


E se o bebê sofrer antes de nascer, com oxigenação insuficiente? Ou se ele tiver que nascer rápido, por risco iminente de morte?


Parece que sou hiper pessimista, fantasiosa até, mas quem vive diariamente as mínimas porcentagens onde tudo vai bem e em pouquíssimo tempo já tem que melhorar pra ontem, para garantir o direito da vida..., sabe o quanto dói para qualquer profissional da saúde e para uma mãe ver um bebê morto, ou asfixiado, com permanente lesão cerebral. Muitas crianças, após alguns anos, começam com déficit de aprendizagem, convulsionam sem muita explicação e vai se ver lá atrás, tiveram partos longos, difíceis, com dificuldades de oxigenação do bebê.


Claro que não significa que vá acontecer uma tragédia todo dia, mas se o 'felizardo' fosse seu bebê... e você não estivesse no melhor lugar do mundo para salvar a vida dele, pelo motivo mais verdadeiro, instintivo e procedente que fosse, você não sentiria nenhuma culpa de levar uma criancinha com retardo mental de carrinho pelo resto da sua vida?


Sim, me parece muito importante o direito de escolha, o respeito.
Mas antes de tudo, o direito à vida. E vida sã. O direito de respirar, de se oxigenar.
Bebês com cérebro funcionando, com toda a sua complexidade e potencialidade.


Morria muita mãe de parto há não muito tempo atrás. Nascia muito bebê 'abobado', como minha bisa dizia. Tá certo, era pra fora, em lugares distantes de um centro. Mas alguém já pensou no tempo que levaria uma paciente para entrar numa ambulância, ou mesmo de carro particular, no trânsito, para chegar em um hospital e lá dentro, estar numa sala de cirurgia e iniciar uma cesárea?
Será que realmente uma estatística inglesa pode ser totalmente aplicada aqui no Brasil, onde nem quem chega ao hospital consegue ser atendido e algumas vezes, nem sobreviver? E na urgência da urgência, então...


Estatísticas de 0,60 e poucos para 1,27% não são significativas?
Será que os europeus tomariam as mesmas diretrizes se tivessem, em profusão, o seguinte material psicossocial junto com o nascimento dos bebês:
Um bebê, a tia que assistiu ao nascimento. Ao ser perguntada se o pai estava nervoso e não quis entrar, a mãe conta que ele estava no presídio há alguns dias, preso em flagrante por assalto a um estabelecimento à mão armada... Que ganhava bem, tinha carro e moto, mas resolveu assaltar. Àquele dia, ela não sabia que ele ia assaltar. Mas que ela estava tranquila, porque ia ganhar do governo ajuda financeira para cada filho...
A outra, uma barriguinha diminuta, o bebê não estava crescendo. Ela já tinha diminuído, mas ainda estava fumando 2 carteiras de cigarro por dia. Mas disse que vai tentar parar... Não fez nenhuma consulta de pré-natal, porque não teve tempo. Não lembra quando engravidou e não sabe para quando é o bebê...
Outra, na festa rave teve ruptura da bolsa, mas não percebeu... Alguém a traz ainda drogada. O bebê cheio de arritmias. Cesárea de urgência. Ela conta que agora vai ir na igreja e vai parar de beber e de usar crack. O marido assistindo ao nascimento e ela contando, rindo, que nem sabe de quem seja a criança...
Outra, 15 anos, engravidou no 'pancadão' (conhecem?) e portanto não sabe quem possa ser o pai da criança. A mãe que a filha pulava a janela de noite e ela nem via.
Outra, gestante de 13 anos sendo acompanhada no parto pela avó do bebê, de 28. A bisa tem 44. A tatara ( trisavó, para os mais exigentes...) tem 65. Perguntada porque nesse caso teve uma distância de vinte anos, esclareceu que a bisa era a terceira filha da tatara.


Fora o aspecto da saúde cerebral do bebê e de possíveis sangramentos da mãe, gostaria de ressaltar uma outra questão:


QUEM teria os privilégios de escolher em que lugar parir seu bebê? Não temos hospitais suficientes, mas disporíamos de casas de parto suficientes? Cesárea de urgência seria também na casa de parto?


E uma mãe mais desprovida financeiramente, que queira ganhar em casa?


Se algum dia, digamos que os tão criticados Conselhos permitissem ao médico realizar partos em casa, o SUS, que já paga mal médicos plantonistas, iria dispor de equipes a domicílio? Parteiras, doulas seriam pagas pelo SUS, para o conforto das gestantes em casa? Quem não tenha carro, nem dinheiro para táxi, esperaria uma ambulância que lhe levasse ao hospital?


Empoderamento, protagonismo da mulher, escolhas, direitos, nascimento digno... Não seria mais simples para uma gestante escolher, como ela certamente faz em relação a qualquer outra especialidade, um obstetra indicado por conhecidos, que tenha concepções mais em acordo com as suas?
Tipo ser 'bem parteiro', que tenha uma boa relação com as pacientes, que seja tranquilo e competente? Tem tanta coisa bonita que se faz em um hospital...


É que isso não aparece no youtube.


Não só em hospitais de convênios, mas nos hospitais que atendem predominantemente SUS, a equipe dá todo um suporte durante o trabalho de parto, e na hora explica o que vai acontecer, esclarece dúvidas, reassegura sentimentos, estimula potenciais. Tem gente que faz verdadeiras terapias breves unifocais, de urgência, com situações psicológicas delicadas da vida da gente. E também ajuda a tirar fotografias, porque às vezes os pais estão nervosos, podendo curtir o bebê tète-a-tète, e também aparecendo nas fotos. Sai cada zoom mais lindinho que o outro. Música da antena 1 tocando. O bebê fica no colinho da mãe. Toma peito. O pai ajuda a dar o banho e fica com o bebê no bercinho aquecido nos minutos que a mãe precisa para ficar pronta do parto ou terminar a cesárea. Depois o bebê fica todo o tempo junto da mãe, se ele estiver bem. Nossa... tanta gente boa fazendo um trabalho tão bonito, no meio de um hospital, mas sem bandeiras. Um potencial sem fronteiras.


Toda ideologia delimita, limita a realidade multifacetada, multifatorial, dialética.
Corre o risco de ser mais fechada que sua vontade inicial de abertura e mudança ante um fechamento.


Num país sem recursos bem administrados, com uma população com valores antagônicos, qual conduta é mais segura às suas necessidades "afetivas, psicológicas e fisiológicas"... Será que não esquecemos de ponderar também as necessidades patológicas de TODOS os envolvidos? Além das patologias físicas que emergem subitamente ante nossos olhos e coronárias... Há as patologias das gestantes com terror à dor, que trocam de médico se este não fizer cesárea; as que processam por qualquer motivo subjetivo se o médico explica da possibilidade de parto e não de cesárea, e algo não acontecer como na disneylandia; as que querem tirar antes o bebê para não ficarem com estrias; há gente apressada, sem paciência, estressada... Há pessoas autoritárias, com ideologias encerradas em si, acirradas, sejam médicos, enfermeiros, parteiros, doulas, gestantes, papais, repórteres, modelos, cantores, favelados, drogaditos, etc... e gestantes que não fazem ideia do que seja uma urgência obstétrica, ou que perderam a aula na facul sobre bactérias, sepse, endometrite, laceração de reto, com colostomia, de descolamento de placenta, ruptura uterina, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, SARA, atonia uterina...parada cardíaca, aspiração de mecônio, paralisia cerebral, hipóxia...
Tudo isso, a partir de uma coisa tão bonita, natural, simples e complexa, que é um parto.


Tudo pode acontecer.
Rogo ao senhor do tempo e de todas as variáveis...
Se alguém for ateu e for criticar meu também direito a achar alguma coisa, como todo mundo...
Então rogo apenas ao tempo e a todas as variáveis desse espaço, que é pura vacuidade... que é pura bênção,
que tudo vê e nos provê...
Que nessa unicidade, os movimentos da vida aconteçam como precisam acontecer, mas que cada vez menos gente morra por idéias, nem se prejudique com idéias de outros, ou se arrependa tarde demais por necessidades, instintos, concepções e sentimentos, sejam eles para que lado forem.
Que todos possam ser ouvidos.
Que cada vez mais pessoas se empoderem do que lhes pertence e que não se apoderem do que seja do outro.
Que tenhamos todos nossos direitos e opiniões respeitados, quaisquer que sejam.
Que possamos respeitar os vivos, os mortos que nos antecederam e também aqueles que ainda não nasceram, que nos sucederão.
Que haja cada vez mais espaço para a vida transbordar no cálice do nosso peito, da nossa alma.
E que todos nós nos responsabilizemos por nossos movimentos, alumiando, à luz da consciência do ser, nossas sabedorias, mas principalmente nossas ignorâncias.
Saúde a todos nós.


E muito amor a nos guiar na lucidez, na compaixão, na misericórdia, na gratidão, na tolerância."

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fé, a visão além do alcance!


Quando criança, um dos desenhos que mais gostava era ThunderCats. Nele, Lion-O quando pressentia algum perigo, usava a Espada Justiceira para ter "a visão além do alcance" (sight beyond sight! - literalmente "a visão além da visão"). Com um poder como esse seria realmente possível se precaver de perigos que pudessem nos espreitar.

Lendo Provérbios 7.21-23... "Seduziu-o com as suas muitas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o arrastou.E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede,até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida." ... cheguei a constatação de que pelos "olhos da fé" precisamos enxergar além das aparências que se nos apresentam. No caso, o texto de Provérbios adverte um jovem quanto a mulher adultera. Inicialmente esse moço encontrava-se errante da mulher, ou em outras palavras: procurando o que não perdeu, dando sorte para o azar, afinando a cabeça para cair o pescoço (7.6-9). Esta mulher enfim vai ao seu encontro, vestida para matar (v.10//27), sem nada a perder, e direta ao assunto (v. 11-13). Essa mulher era sínica, mas religiosa, imaginava-se livre de Deus e de seu marido em razão de seus votos ao primeiro e da ausência do segundo (v.14-20). O texto diz que o jovem a segue para a morte.

Salomão está aqui advertido contra o pecado, que apresenta-se como algo aprazível na vida de alguém errante - me lembrou a música "sou errante/ sou errada/ sempre distante/ sempre na estrada/ vou errando enquanto o tempo me deixar - Nada Sei do Kid Abelha. Esse jovem, característico em sua idade e gênero, não exime todos dos perigos do pecado, pois qualquer um está sujeito a tentação e queda. A sedução sexual também não é o único pecado proposto que conduz a morte (Tiago 1.15). Mas enfim, tomando o texto em sua aplicação direta, um jovem seduzido por uma mulher casada é levado pelas aparências à morte. É quanto a isso que somos advertidos na Palavra aqui.

Observando a perspectiva usada pelo autor para advertência do seu "filho", fica óbvio que a experiência fatal do outro deve pesar em nossos corações para gerar temor e livrar-nos de tamanho mal. Se alguém pudesse antever todos os males que estão por lhe suceder, seja numa "inocente" caminhada pela porta de uma mulher casada, e assim fugir dali, dos laços que estão para se lhe lançar, seria isso de grande valia. Pois é essa a visão que a Palavra nos dá de toda sedução pela qual a cobiça nos envolve, e que por isso devemos fugir das paixões da mocidade (2Timóteo 2.2). Essa visão além da visão só é possível pela fé no que as Escrituras nos afirmam quanto ao pecado e suas consequências. E por consequências, não me refiro meramente ao que sucede a um caso de adultério, mas abrangente ao juízo que o próprio Deus traz sobre o pecador. Pior do que as consequências em si, é a ira do Deus vivo (Hebreus 10.31).

Via de regra pensamos em fé de maneira positiva, otimizando as coisas. Mas fé não é nem otimista ou pessimista, ela toma por certo a realidade afirmada na Palavra de Deus, seja pro bem ou pro mal. Nesse caso, a fé faz-nos olhar com abominação e terror para o que tudo que é condenável e que está por trás das aparências (1Tessalonicenses 5.22). Seria como se o peixe pudesse ver além da minhoca, percebendo o anzol. Ou o rato enxergar além do queijo, descobrindo a ratoeira. Assim também, a mulher, sua lisonja e encantos, a aparente impunidade circunstancial, na verdade escondem a morte. Certa feita um professor meu disse que são trinta minutos de prazer, e o resto da vida de amargor.

O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e consiste em odiar o mal (Provérbios 1.7; 8.13). É tão somente pela obra do Espírito que podemos entranhar a Palavra a ponto de repugnar o pecado. É pela graciosa provisão do Senhor que podemos ser livrados do laço do passarinheiro (Salmo 91.3). Não devemos brincar de cabra-cega com o pecado, mas ter uma visão que excede a aparência das coisas. Pela fé, uma visão além da visão!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sobre o PARTO HUMANIZADO... ou... Se querem Respeito, Respeitem!


Tenho acompanhado mobilizações pelo chamado parto humanizado, e visto que o discurso é extremamente áspero contra os profissionais obstetras. Termos como frieza, violência, mesquinhez relacionadas a obstetrícia, dão a entender que essa categoria médica é formada por mercenários. O discurso radical dá a entender que o acompanhamento médico é um mal desnecessário, ou, quando em situações de risco, um mal necessário. Que o parto por cesária é uma violência condenável, como se fosse uma moléstia. Para melhor compreensão sobre o que quero tratar neste post, segue uma descrição dada pelo próprio movimento destacado neste site.


As bandeiras da MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO são:
1. Que a Mulher tenha o direito de escolher como , com quem e onde deve parir;
2. Pelo cumprimento da Lei 11.108, de abril de 2005. Que a mulher tenha preservado o direito ao acompanhante que ela desejar na sala de Parto;
3. Que a mulher possa ter o direito de acompanhamento de uma Doula em seu trabalho de parto e parto;
4. Que a mulher, sendo gestante de baixo risco, tenha o direito de optar por um parto domiciliar planejado e seguro, com equipe médica em retaguarda caso necessite ou deseje assistência hospitalar durante o Trabalho de Parto;
5. Que a mulher tenha o direito de se movimentar livremente para encontrar as posições mais apropriadas e confortáveis durante seu trabalho de parto e parto;
6. Que a mulher possa ter acesso a metodos naturais de alívio de dor durante o trabalho de parto, que consistem em: massagens, banho quente, compressa, etc;
7. Contra a Violência Obstétrica e intervenções desnecessárias que consistem em: comentários agressivos, direcionamento de puxos, exames de toque, episiotomia, litotomia, etc;
8. Pela fiscalização das altas taxas de cesáreas nas maternidades brasileiras e que as ações cabíveis sejam tomadas no sentido de reduzir essas taxas;
9. Pela Humanização da Assistência aos Recém-Nascidos, contra as intervenções de rotina;
10. Que a mulher que optar pelo parto domiciliar tenha direito ao acompanhamento pediátrico caso deseje ou seja necessário.

Voltando...
Minha esposa e meu pai são obstetras. Desde que me entendo por gente, a minha vida toda até hoje, acompanho o empenho desses médicos, sua dedicação, sua luta exaustiva para que crianças nasçam com toda segurança. Vejo a tristeza deles quando algo acontece fora do que esperava em uma conduta simples. Eles não são máquinas de extrair bebês, são pessoas que dedicaram anos de estudo e perícia para não por a perder duas ou mais vidas que lhe são confiadas. Aprendi com meu pai a detestar o aborto. Certa feita quando lhe ofereceram dinheiro para tirar uma criança, ele deixou claro que estudou para salvar vidas, e não tirá-las. Sou grato a Deus pela vida dele e de minha esposa, pela graça concedida a eles em sua profissão.

Em conformidade com a onda de "marchas" desses dias, com essa nomenclatura controversa de Parto Humanizado - afinal, seria a cesariana um parto desumano? - esses militantes querem arrastar profissionais responsáveis para suas decisões individuais. Querem dispor de um profissional médico para, em caso de alguma coisa der errada, ser ele o acionado como salvador da pátria. Ao que tudo indica, boa parte das mulheres que aderem a essa moda, são pessoas financeiramente confortáveis, e que acreditam que em casa dispõe de tudo para receber a criança, o que não é a realidade de todas mulheres. De fato, pode até ser que em alguns casos o parto natural ocorra sem nenhuma complicação, e que em qualquer lugar a criança nasça sem problemas. Seria excelente se fosse assim sempre, mas o caso é que não é. Os hospitais, e o acompanhamento médico, são os recursos mais indicados pela segurança que representam. Se não fosse assim, a sociedade não caminharia para esse entendimento ao longo de séculos, não "inventariam" os hospitais, nem haveria o aprimoramento da medicina em suas diversas áreas.

Quando alguém ataca essa ideia, sugerindo que os obstetras só pensam em dinheiro, creio eu que estão fazendo uma leitura pautada em si mesmos. Alguns dos que defendem essa bandeira, sendo até profissionais da saúde que não chegaram a tornar-se médicos, cobram valores elitizados para "acompanhar" as gestantes, e se tornarem naquele instante "melhores amigas". Creio que se a ideia é incentivo emocional e psicológico, por uma custo previamente acertado, chamem um psicólogo. Mas se é prestar solidariedade, esquentar água, fazer massagem; é o caso de chamar mães, irmãs, cunhadas, amigas, que podem desempenhar esse papel tranquilamente sem nada cobrar.

Penso que se a opção pessoal é parir de cócoras, na banheira, na fazenda, ou em uma casinha de sapê, que essas mães o façam sem exigir que os obstetras se responsabilizem por sua provável irresponsabilidade, uma vez que sem os recursos de um hospital, seria extremamente complicado reverter um eventual quadro grave que se apresentasse. Entendo também que em função de um certo desajuste emocional e psicológico que as mulheres podem atravessar durante a gravidez*, e principalmente no momento do parto, não é seguro confiar a elas a sua decisão de "parir onde, quando e com quem querem". Em suma, se querem realmente trazer ao mundo seus filhos como nos tempos das parteiras, que dispensem de vez os médicos, e assumam toda a responsabilidade.

(*) Não estou dizendo com isso que as mulheres são desajustadas ou descontroladas, mas que dada as circunstâncias fisiológicas de dor e apreensão nesse período, qualquer pessoa, inclusive homens em situações equivalentes, pode perde a razão. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Até quando SENHOR?

"Até quando, SENHOR?"... A pergunta de Isaías no capítulo 6.11 é quase sempre ignorada pela leitura missionária que se dá ao texto. Fala-se muito em "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" e "eis-me aqui, envia-me a mim.". Sei disso porque já fiz esse tipo de ressalva em pregações e peças teatrais encenadas sobre esse texto. A enfase é sempre na ideia do envio, consequentemente a centralidade esta no enviado, e não no SENHOR da seara e sua fala completa.
A palavra final com respeito a pregar de maneira que não entendam é via de regra desprezada, como se não estivesse ali. Após a disposição do profeta, que outrora, em sua imundície de lábios, era inaceitável para a missão, Deus declara as circunstâncias que acompanharão sua pregação. Cegueira, surdez, dureza de toda sorte para que não se convertam. Reconhecer que Deus cega o entendimento de alguns, e ensurdece-lhes os ouvidos para a verdade, seria o mesmo que reconhecer que Deus é soberano em todas as coisas, inclusive em salvar uns e condenar outros. Para aqueles cujos os olhos no texto se voltam para o homem, ao passo que desprezam a Deus, isso é inadmissível.
Quando Isaías diz "Até quando?", somos remetidos a nossa própria fraqueza diante da vontade de Deus. Um suspiro arminiano em nossa alma insiste em esquadrinhar os desígnios daquele que é justo e sábio em tudo o que faz, como se fosse de nossa competência saber tempos ou épocas (Atos 1.6,7). Mesmo assim, graciosamente o SENHOR nos responde que a santa semente permanecerá. Mesmo depois do fogo, a herança eterna esta reservada.
Até quando? Até se cumprirem os desígnios de Deus para com os habitantes da terra, até que a palha seja dispersada, o joio queimado, e o trigo seja recolhido ao celeiro. Esta é a promessa para os eleitos de Deus, que em tudo devem esperar no SENHOR, o mesmo que os chamou.

domingo, 29 de julho de 2012

Se não fosse minha avó... ou... A Doutrina da Providência



Deus em sua Providência levou minha Vó Domingas a conhecê-lo como Senhor e Salvador de sua vida quando estudava no Colégio Buriti, na década de 40. Foi através dela que o evangelho entrou em nossa família. Eu não conheceria a Salvação em Cristo se primeiro Ele não se revelasse a ela.
Nesse sábado, dia 28 de julho de 2012, Deus tomou-a para si. Sou grato por todo amor que Deus me concedeu em minha avó. Espero, no curso da Providência de Deus, ser igualmente instrumento da graça de Deus na vida de outros.



 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
CAPÍTULO V - DA PROVIDÊNCIA
I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.
Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5.
II. Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livre ou contingentemente.
Jer. 32:19; At. 2:13; Gen. 8:22; Jer. 31:35; Isa.10:6-7.
III. Na sua providência ordinária Deus emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra eles, segundo o seu arbítrio.
At. 27:24, 31; Isa. 55:10-11; Os.1:7; Rom. 4:20-21; Dan.3:27; João 11:34-45; Rom. 1:4.
IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo.
Isa. 45:7; Rom. 11:32-34; At. 4:27-28; Sal. 76:10; II Reis 19:28; At.14:16; Gen. 50:20; Isa. 10:12; I João 2:16; Sal. 50:21; Tiago 1:17.
V. O mui sábio, justo e gracioso Deus muitas vezes deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e dolo dos seus corações, a fim de que eles sejam humilhados; para animá-los a dependerem mais intima e constantemente do apoio dele e torná-los mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecar, para vários outros fins justos e santos.
II Cron. 32:25-26, 31; II Sam. 24:1, 25; Luc. 22:31-32; II Cor. 12:7-9.
VI. Quanto àqueles homens malvados e ímpios que Deus, como justo juiz, cega e endurece em razão de pecados anteriores, ele somente lhes recusa a graça pela qual poderiam ser iluminados em seus entendimentos e movidos em seus corações, mas às vezes tira os dons que já possuíam, e os expõe a objetos que a sua corrupção torna ocasiões de pecado; além disso os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Sataná5: assim acontece que eles se endurecem sob as influências dos meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros.
Rom. 1:24-25, 28 e 11:7; Deut. 29:4; Mar. 4:11-12; Mat. 13:12 e 25:29; II Reis 8:12-13; Sal.81:11-12; I Cor. 2:11; II Cor. 11:3; Exo. 8:15, 32; II Cor. 2:15-16; Isa. 8:14.
VII. Como a providência de Deus se estende, em geral, a todos os crentes, também de um modo muito especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela.
Amós 9:8-9; Mat. 16:18; Rom. 8-28; I Tim. 4: 10.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um abismo chama outro abismo...

Seguindo a mesma estratégia para normalizar o homossexualismo, afirmando tratar-se de uma predisposição congênita, os pedófilos começam a ser vistos como pessoas igualmente predispostas a atração sexual por crianças. Para galgar a aceitação social que hoje possui, o homossexualismo passou por várias análises psicológicas e neurológicas ao longo das últimas décadas, chegando-se a constatação, na opinião de muitos, de que tal comportamento é aceitável por ser inerente ao indivíduo. Como quem diz, "se a pessoa nasceu assim, assim deve viver". Desta sorte, hoje a pedofilia segue o mesmo processo, visando uma aceitação social tal qual o homossexualismo. É sempre válido lembrar que até o início do último século, o homossexualismo era visto na sociedade com o mesmo repúdio que o hoje é dispensado a pedofilia. 
Os links abaixo são de matérias feitas sobre a perspectiva de James Cantor, um psicólogo e cientista homossexual do Centro de Dependência e Saúde Mental da Clínica de Comportamento Sexual, que trabalha como professor associado de psiquiatria na Universidade de Toronto.


Matéria da CNN, pelo próprio James Cantor - Merecem compaixão os pedófilos? [em inglês]
Matéria de Chelsea Schilling sobre o mesmo artigo de James Cantor - Começou a normalização da pedofilia? [em inglês]
Tradução da matéria de Chelsea Schilling no blog de Julio Severo.


Em suma, comportamentos de natureza moral são contrabandeados para o campo da fisiologia cerebral. Como já descrito em outro post deste blog - A Patologização do Pecado - fica mais viável lidar com algo que aparentemente não tem concerto, ou punição prescrita. Como culpar ou punir um comportamento de ordem fisiológica, uma patologia sobre a qual não se tem domínio pleno? Nessa linha de raciocínio, chega a ser cruel exigir que uma criança com Down aja como as demais. Mas seria correto aplicar ao homossexualismo ou a pedofilia o mesmo tratamento?
O homossexualismo e a pedofilia não são doenças. São comportamentos de ordem moral, que ofendem e agridem a integridade física e psicológica do outro. E acima de tudo, ofendem a Deus em sua santidade, justiça e amor. Em suma, homossexualismo e a pedofilia são pecados, e isso não em razão de uma determinação da sociedade, mas em contrariedade ao que o Criador estabeleceu como norma. Não pode ser natural o que não segue a ordem da criação de Deus.
Homossexuais e pedófilos, que nem sempre estão associados*, mas que cada vez mais encontram-se próximos em seus interesses, podem tentar esconder-se em qualquer neurônio do cérebro humano, mas não poderão fugir da ira vindoura do Criador (Mateus 3.7).


(*) Creio que seja importante ressaltar que nem todo homossexual é pedófilo, e nem todo pedófilo é homossexual. Mas todo pedófilo que abusa de uma criança que seja do mesmo sexo que ele, no caso, um homem que abusa de um menino, ou uma mulher que abusa de uma menina, é homossexual.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Domingo eu preguei: A Comunhão Verdadeira - Salmo 133



Introdução: Por que parece tão mais fácil que tenhamos comunhão com estranhos em certas cituações? Basta observar uma torcida de futebol, ou as amizades cultivadas fora de casa. A comunhão em casa parece sempre mais difícil.

Narrativa: Davi escreve esse salmo mediante as circunstancias que sucederam sua posse como rei. Se por um tempo ele era visto como inimigo por parte do povo, e por isso os irmãos (Israel) encontravam-se divididos, logo a nação se uniu sob seu governo pela providência divina.

Proposição: Tanto Israel como a Igreja hoje sempre enfrentaram uma realidade oposta a esse salmo. Como deveria ser comum e natural dizer que união dos irmaos é boa e favorável. Mas, apesar da afirmação do salmista, a experiência parece sugerir outra realidade. De fato, a falta de comunhão é um problema, em boa parte das famílias, como também em muitas igrejas. O lugar onde se deveria constatar a proximidade das pessoas em amor, compromisso, por vezes deixa a desejar. Isso é uma terrível e triste constatação. Em contrapartida,  existe um forte movimento no sentido de que a Igreja seja mais unida. Que tanto na congregação local, como na denominação e entre as denominações evangélicas, haja comunhão entre os irmãos. Este anelo é legitimo, mas o que nos falta para tanto? E o que podemos fazer nesse sentido? Este salmo extraordinário no fala onde encontramos a Verdadeira Comunhão.
Mas antes de prosseguirmos nesta analise pelo salmo, é preciso definir a idéia de união, ou comunhão na Bíblia:
יחד yachad procedente 1) união, unidade adv 2) junto, ao todo, todos juntos, igualmente.
κοινωνια koinonia 1) fraternidade, associação, comunidade, comunhão, participação conjunta, relação 1a) a parte que alguém tem em algo, participação 1b) relação, comunhão, intimidade 1b1) a mão direita como um sinal e compromisso de comunhão (em cumprimento ao ofício apostólico) 1c) oferta dada por todos, coleta, contribuição, que demonstra compromisso e prova de de comunhão.
Não se trata de mero ajuntamento, ou conformidade em algo, mas um laço que torna algo comum entre nós maior que nós mesmos.

1. Ela vem de cima.
a) Não produzimos comunhão. Por maior que seja nosso esforço, e até com boa intenção, esta não pode ser gerada de nós mesmos. Nos dois casos ela vem de cima, desce sobre a cabeça, e desce sobre o Hermom e sobre Sião.
b) Procede de Deus certamente, pois unção do sacerdote é ordenação divina (Ex. 30.30-32; Lv. 8.12), tanto quanto as chuvas e o orvalho que regam a terra (Dt. 11.11).

2. É para o culto exclusivo para Deus.
a) O óleo derramado sobre Arão, que não desceu para as vestes, mas apenas sobre a cabeça e a barba, enxarcando a gola, nos faz entender que a comunhão ordenada pelo Senhor é para seu culto.
b) O óleo precioso era santo, nenhum outro homem podia recebe-lo a não ser o sacerdote. A comunhão é santa, é para Deus somente.
c) O sacerdote era ordenado para que tivesse outra vez comunhão com Deus, pois ele fazia propiciação dos nossos pecados.
e) Em suma, não podemos ter verdadeira comunhão entre os irmãos fora das ordenanças de culto que Deus o faz, nem fora da comunhão que Deus no traz pelo sacrifício de Jesus.

3. É para serviço e frutificação da Igreja.
a) O orvalho que rega a terra era para mantimento do povo. A despeito da terra árida, não faltava suprimento para os filhos de Israel.
b) Da mesma sorte, em Cristo somos capacitados para servir, como corpo. A despeito de nossas fraquezas, somos fortalecidos no Senhor para toda boa obra ( Jo. 15. 4,5).
c) A comunhão nunca visa interesses egoístas, mas a provisão comum aos irmãos.

4. É para sempre.
a) Não se trata de momentos especiais, ou com prazo de validade. A comunhão verdadeira é para sempre.
b) a benção e a vida em Cristo nos lança para algo que ultrapassa a realidade dos nossos dias, e nos faz visualizar pela fé a comunhão eterna proposta. Por isso, mais do que circunstancias passageiras, o culto e o serviço devem voltar-se para o que é eterno.

Conclusão:
De fato, os nossos pecados se opõe em tudo a comunhão ordenada por Deus. Desde Israel até nossos dias, é o que nos priva de viver mais intensamente essa comunhão. Mas certamente a obra do Senhor não é menor, e a cada dia nos propõe mais e mais comunhão em si, no Corpo. Certamente o sacrifício de Jesus não foi em vão, e em Cristo não é vã toda boa obra. Certamente o que Deus faz dura para sempre, e por isso devemos olhar para a Igreja na certeza de que a comunhão boa e favorável não é enganosa, mas verdadeira.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sua Dívida Paga?! Seu Nome Limpo?! Saiba como...

Vejo muitos anúncios afirmando que dívidas podem ser pagas, ou até mesmo apagadas. Que nomes sujos na praça podem ser limpos. Sinceramente não sei como alguém pode realmente facilitar um pagamento de dívida para outro, sem criar outra dívida, igual ou maior. Mas sei de alguém que pagou a maior de todas as nossas dívidas, sem com isso exigir que pagássemos um centavo sequer de volta.

A dívida que consta contra todo ser humano, seja rico ou pobre, criança ou velho, homem ou mulher, brasileiro ou estrangeiro, está relacionada ao pecado. Todos pecaram e foram separados da glória de Deus (Romanos 3.23). O pecado é contra Deus, e coloca o pecador em dívida para com o Ele. O pecado é desde Adão, e isso é uma herança que todos receberam indiscriminadamente (Romanos 5.12). Assim, maior que qualquer outra dívida que alguém possa ter, o pecado torna a realidade de toda humanidade lastimável. E todos terão de prestar constas dele no Dia do Juízo.


Ninguém pode pagar essa dívida, a não ser Jesus. Ele é Deus, e se fez homem, para que assim pudesse não somente receber em si, o juízo que destinou aos homens, sem com isso ser injusto, como também se fez homem, para que desta forma representasse seus irmãos diante da morte. Assim, uma vez que o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23), Jesus morreu nossa morte para pagar pelos nossos pecados. Sim, ele morreu a morte, ou seja, ele morreu a morte de outros, porque Ele mesmo nunca pecou, e por isso não precisava morrer. Mas porque nos amou, com o imenso amor do Pai, se entregou para que não fossemos condenados a morte eterna (João 3.16).

Certamente, qualquer anúncio na praça que afirma limpar o nome, e perdoar dívidas, gerará outras dívidas maiores. Só Jesus escreveu com seu próprio sangue nossos nomes no Livro da Vida, para que não fossemos condenados a morte eterna (Apocalipse 20.15). Só Ele o fez por sua imensa graça e amor, pois nunca pudemos, nem poderemos pagar.

Creia de todo o seu coração que Jesus é Deus, que Ele está vivo, pois ressuscitou.
Confesse com sua boca que Jesus é seu Salvador, que o sangue que Ele derramou te perdoou de todo pecado.

[Texto produzido para folheto de evangelização]

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Julgue e seja julgado

Gosto muito de comida chinesa, por isso meu julgamento não é sobre a culinária, e nem ao povo chines. Mas quando fazia os módulos do mestrado no Andrew Jumper, nunca tive coragem de comer em um restaurante que funcionava atrás do prédio. Em todas as minhas idas a São Paulo, exerci meu critério de julgamento sobre aquele lugar em benefício da minha saúde. O cheiro era simplesmente insuportável. Esse restaurante não existe mais, creio que por causa do bom senso da população, ou por alguma medida do centro de vigilância sanitária. Julgar é uma das coisas mais comuns e práticas da vida, fazemos isso todos os dias. O problema é que em aspectos filosóficos e comportamentais, as pessoas preferem negligenciar isso em nome de uma suposta bondade para com o outro.

Minha palavra nesse post não é contrária a Escritura. Não quero contradizer Mateus 7.1 de maneira alguma. Ao contrário, quero firmar-me no todo do que Jesus disse nessa passagem que segue do primeiro versículo ao quinto deste capítulo. Esse texto, como muitos outros na Bíblia, é tirado do seu contexto e apresentado com uma outra proposta diferente.

De maneira quase mítica, não julgar os outros tornou-se regra infalível para muitos. É uma justificativa bíblica para uma "imparcialidade respeitosa". Essa turma da tolerância e respeito se esquece que a regra áurea da interpretação é: a Bíblia interpreta-se a si mesma. É necessário considerar o texto no todo, e em seu contexto, antes de sustentar qualquer parecer nesse sentido. Nesse caso, "não julgueis, para que não sejais julgados" serve, via de regra, para coibir as pessoas de apresentar qualquer parecer contrário a outros. Em outras palavras: Não expresse opinião alguma que denigra o outro ou sua conduta - por mais que essa seja condenável. O fundo desse "parecer contrário ao parecer contrário" (é irônico, mas é isso) é uma suposta paz entre as pessoas, respeito e tolerância para com o diferente. É uma ideia carregada de um ar de piedade para com o próximo, mas que na verdade é imerso em relativismo. "Não julgueis para não ser julgado" é sempre usado em discussões, proposto por quem aparentemente sustenta uma opinião diferente, mas que ainda assim tem a "grandeza" de conviver com o outro sem contradizê-lo. É um cala-boca para os julgamentos "preconceituosos", partindo daqueles que preferem manter-se imparciais, num sinal de equilíbrio. Pois bem, julguemos esse parecer a luz do texto.

Quando Jesus chega a esse ponto, caminhando para o fim do Sermão do Monte (Mateus 5-7), ele já havia falado sobre as Bem-aventuranças (dessa parte todos gostam), consequentemente do serviço dos discípulos enquanto sal e luz do mundo, e segue com a verdadeira interpretação da Lei - num ato de julgamento às falsas interpretações dos escribas e fariseus - onde a hipocrisia da observância externa é condenada (5.17- 6.24). Jesus fala ainda sobre ansiedade, mostrando que os filhos do reino não tem necessidade disso, como os gentios (mais um julgamento étnico). Logo após o texto sobre "não julgar", Jesus fala de cães e porcos com referência aqueles que menosprezam o evangelho com zombaria, e pouco depois (7.15-23) sobre os falsos profetas, que apesar de sinais, profecias e expelirem demônios, seriam condenados ao fogo.

Todo esse contexto nos faz entender que a ideia primordial no texto em questão não é a proibição ao julgamento, mas evidentemente ao julgamento hipócrita (v.5) e parcial (v.2). Os mesmos hipócritas que se portavam em conformidade a lei apenas na aparência, também julgavam com parcialidade, a exemplo do que Jesus denuncia em Mateus 23.4. Eles eram carregados de pecado, mas viam nos pecados alheios algo mais pesado do que os seus próprios. O que Jesus aqui chama de argueiro (galho seco) e trave (viga) nos olhos; lá em Mateus 23.24 ele fala em coar o mosquito e engolir o camelo. Assim, a questão não é o julgamento em si, mas julgar sem antes se auto examinar. Ao contrário do uso indevido, o texto diz sim que se deve julgar o outro. Uma vez que não se julga parcialmente, cegado por um trave, é legítimo reparar no argueiro que está no olho do irmão e tirá-lo (v.5).

Para tanto é preciso usar critérios absolutos, não a mera comodidade de esconder-se em padrões morais que recomendam a si mesmo. Um exemplo nesse sentido, vem de Davi, que tinha consciência de sua pecaminosidade, e também, não obstante o seu pecado de adultério e assassinato, pede a Deus que o restaure do mesmo para que possa ensinar aos transgressores (Salmo 51.5-13). O evangelho restaura o pecador, e essa graça deve ser compartilhada pelos crentes a todos. Mas isso é impossível se negarmos a verdade ao faltoso, por receio de ofendê-lo exercendo sobre sua conduta o devido julgamento.

O Evangelho do Reino ensinado pelo Senhor era a exata antítese do que viviam os escribas e fariseus (7.28). Tinha autoridade por que não era da boca para fora. Isso não exclui o julgamento, mas em si já é um julgamento aos hipócritas. Observando a vida de Jesus, veremos que ele julgou e foi julgado. Em todo o seu ensino ele apresentou conceitos contrários aos vigentes na condição caída em que se encontra o homem. Seu julgamento era diferenciado porque partia de um absoluto, em outras palavras, dele mesmo, a Verdade (João 14.6). No aspecto humano do decreto, esse foi um dos motivos pelo qual o Sinédrio se sentiu tão incomodado com ele, e que os levou a julgá-lo e condená-lo a morte. O fato de Jesus não ser como eles, e denunciá-los (julgá-los), os fez sentirem-se incomodados e dispostos a calar o Senhor com a morte. Jesus julgou, e foi julgado e morto. Mas ressuscitou e voltará para julgar finalmente todos na terra, separando-os como quem distingue ovelhas de cabritos (Mateus 25.31-33).

É segundo os critérios de Cristo, ou seja, sua Palavra, as Escrituras, é que somos chamados a julgar todas as coisas (João 7.24; 1 Coríntios 2.15; 5.12; 6.3-5; 1 Tessalonicenses 5.21,22). O Senhor mesmo não veio trazer paz, mas espada (Mateus 10.34-35). Não nos cabe um papel passivo, covarde, timído, frente a tudo que ofende a santidade e sabedoria de Deus. Optar por um posicionamento neutro, em cima do muro, é o mesmo que negar o absoluto que se encontra na revelação bíblica, assumindo um relativismo pós-moderno de convivência pacífica. Isso constitui até mesmo falta de amor para com os perdidos, relegando-os a cegueira da ignorância e morte. Uma vez que a Palavra da Verdade abriu-nos os olhos, temos mais que a obrigação de julgarmos, temos nessa mesma medida o dever de ensinar pelos critérios do evangelho, como fez o nosso Senhor e Mestre Jesus.

sábado, 19 de maio de 2012

Um deus voyeur

Certamente Pelágio, João Cassiano e Armínio e muitas outras pessoas [curtiram isso].

Assisti hoje o filme "The Adjustment Bureau" (lit. O Escritório de Ajuste) - que no Brasil ficou com o título "Agentes do Destino". Mais uma vez a a intenção é caracterizar o conceito de Livre-Arbítrio como a principal razão do ser humano, ou sua qualidade maior. Contrastado com uma tentativa de controle desastrada de "agentes" (anjos?), o Presidente (Deus?) quer que as pessoas descubram por si como se conduzir, sem a necessidade de sua intervenção soberana. 
A tese é de que a vontade "livre" e o amor do ser humano, uma vez bem executados, podem excluir toda ação soberana de Deus na história. No final das contas, um deus assim não passaria de um voyeur cósmico. O conceito de fé é completamente invertido, uma vez que ao invés de crermos nEle, Ele é quem crê em nós. 
Essa lisonja ao homem nada mais é que a pura arrogância, a soberba ateísta de pensar que Deus pode ser minimizada a um espectador, enquanto que as escolhas humanas tornam-se a personagem central da história. O mais irônico é que tudo é retratado em um filme, cujo roteiro foi adaptado por George Nolfi de um conto de Philip Dick. Certamente um diretor ou escritor se contradizem muito ao sustentarem tais idéias, salvo o caso de apresentá-las como de fato são: apenas uma ficção. 

sábado, 12 de maio de 2012

A grandeza de ser Mãe

Mãe e filho cuja esperança se encontram em Jesus Cristo.
Candice e Benício - Mãe e filho cuja esperança se encontra em Jesus Cristo.

O Deus criador é também o restaurador. Deus criou o homem e a mulher, e a ambos incumbiu do mandato cultural - crescei e multiplicai! (Gênesis 1.28). Para tanto, cercou-os de um lugar perfeito, aprazível. Todavia, como bem sabemos, a desobediência dos nossos primeiros pais, acarretaram na maldição sobre toda terra e seus habitantes.
Contudo, é extraordinária a graça e a misericórdia de Deus sobre esse casal. Em ato contínuo ao pecado, junto a sentença dada a Serpente, Adão e Eva ouvem a promessa de salvação para a si e seus filhos. O descendente da mulher esmagaria a cabeça de Satanás, ainda que este lhe ferisse o calcanhar. Em Gênesis 3.15 encontramos o primeiro evangelho anunciado pelo próprio Deus. Ao invés de destruir tudo, ou de anular a ação do homem e da mulher no plano da história, este lhes concedeu na promessa do Filho a esperança da restauração de todas as coisas. A maternidade era ali anunciada como instrumento de Deus para salvação.
Mas até que se cumprisse essa palavra, nada podendo fazer por si mesmos, homem e mulher foram expulsos do paraíso. Só lhes restava esperar a semente prometida. Não lhes foi dito quando, nem exatamente quem, mas que era certo que Ele viria. Desde então, ser mãe era esperar por aquele que salvaria sua família.
Tão somente quando veio Jesus, o Filho de Deus, concebido no ventre de Maria, veio com ele o triunfo sobre Satanás, e a vitória sobre a morte. No princípio a mulher participou diretamente da desobediência, para ruína da humanidade. Agora, Deus usou uma mulher, e sua obediência, para trazer ao mundo o Salvador. Pecadora como todos os demais, Maria reconhecia a necessidade que tinha de salvação, e por isso estava exultante na criança que era gestada em seu ventre (Lucas 1.46-55).
Portanto, desde o princípio, a grandeza de ser mãe encontra-se à luz da Semente prometida, da promessa do Filho Unigênito. O ofício de ser mãe é marcado como a restauração que Deus traz sobre a mulher, o homem e sua descendência. Em Jesus Cristo encontra-se todo propósito para o ser mãe, para restauração de si, mulher, do homem e de seus filhos.   

terça-feira, 1 de maio de 2012

É preciso experiência?


Alguns anúncios de jornal para emprego destacam - É necessário experiência na área. Alguns dias atrás refletia sobre a necessidade de experiência no aconselhamento bíblico. Não me refiro a experiência de aconselhar em si, mas a vivência relacionada aos assuntos tratados em uma conversa onde a outra pessoa espera uma orientação para sua vida. Seria necessário experiência pessoal em áreas específicas para poder aconselhar alguém? Ainda que alguns creiam que sim, em se tratando de um aconselhamento bíblico, obviamente a resposta é não.

Quando comecei meu ministério pastoral em 2003 era solteiro. Só me casaria três anos depois. Nesse período aconselhei casais, sem ter a experiência de ser casado. Aconselhei casais em vias de fato para o divórcio, e que pela graça de Deus retrocederam e permanecem casados até hoje. Também acompanhei casais que não perseveraram em seus votos. Confesso que é muito bom ver uma vida em comum restabelecida, e frustrante observar o fim de uma união, mas sei que minha parte é servir como instrumento nas mãos daquele que estabeleceu o casamento, daquele que melhor que qualquer um sabe o que é bom.

Se para um aconselhamento de casais a experiência de casado faz-se necessária, ousaria dizer que, seguindo essa mentalidade, em tratado-se de um caso de adultério, a recíproca seria verdadeira. Pensando assim, a lista seria infindável. Para aconselhar drogados, homossexuais, ladrões, avarentos, mentiroso, pessoas violentas seria preciso experimentar cada um desses pecados. Alguns comentaristas defendem que a doutrina dos Nicolaítas em Apocalipse 2.6,15 era justamente uma entrega as práticas carnais sobre o pretexto de poder vence-las. Ou seja, é preciso experimentar para poder falar a respeito com autoridade. Esse tipo de autoridade é completamente anti-bíblica.

Certamente, no exercício do aconselhamento bíblico sempre surgirão situações que desconhecemos pessoalmente. Nem todo mundo já sofreu desemprego, humilhação pública, traição no casamento. É praticamente impossível agregar em um conselheiro todas as experiências de vida possíveis. E nisso é que está a excelência do aconselhamento bíblico - ele não se pauta na experiência do indivíduo, mas no ensino das Escrituras.

Antes de qualquer experiência, o conselheiro precisa de conhecimento e convicção bíblica. Sua experiência é de fé em Jesus Cristo e sua Palavra. Uma pessoa que não maneja bem a Palavra certamente terá dificuldades em orientar corretamente as outras naquilo que devem fazer. Sim, a Bíblia é taxativa! Ela não expõe opções daquilo que é melhor ou pior, mas do que é certo ou errado, do que se deve ou não fazer. Ela autoridade sobre nossa vida (regra de fé e prática). Por isso trata-se de convicção, e não de simples assentimento. O aconselhamento bíblico trabalha com a Verdade, e não com teorias.

No aconselhamento bíblico, a fé em Jesus pauta-se em sua pessoa, ensino, vida, morte e ressurreição. Sabendo que Ele é Deus que se fez homem, e que por isso é Santo e suportou na carne as tentações sem nunca sucumbir, podemos apontar para as pessoas o padrão que nos foi dado, o propósito pessoal que Deus tem para nós em nossa restauração. Em outras palavras, como Deus quer que sejamos. Seus ensinos são tão atuais como o foram quando pronunciados por sua própria boca, pois não são o produto de uma mente secular, restrita ao tempo. Afirmar a contemporaneidade do ensino bíblico é o mesmo que dizer que é verdadeiro. Sua obra - vida e morte decorrentes de obediência, e ressurreição como sinal de triunfo, afirmam em suma ao aconselhado que em Cristo o preço pago pelos nossos pecados e a esperança sobre a mazelas desse mundo é real. Não podemos nos dar por vencidos por que Cristo venceu o mundo e a morte (João 16.33; Romanos 8.18; 1 Coríntios 15.20-22). Em outras palavras:
1. Não somos nós que amamos incondicionalmente os seus (João 3.16).
2. Não fomos nós que nos esvaziamos e nos humilhamos em obediência perfeita em favor dos seus (Filipenses 2.7,8). 
3. Não fomos nós que pagamos o preço de sangue pelos seus (Atos 20.28).
4. Tendo feito tudo isso pelos seus, Jesus ressuscitou e concede vida em abundância para aquele que crê em seu nome (Romanos 6. 1-8).
  
É tão somente por causa de Cristo é que podemos firmar uma palavra segura a alguém que recorre ao aconselhamento. Nossa experiência individual no assunto pode até ter o seu tem seu valor, mas tão somente quando ajustada ao ensino bíblico. É a Palavra a experiência necessária a todos, tanto o que aconselha como ao aconselhado. É a experiência verdadeira com Jesus pela fé em sua Palavra que nos credencia a servir como conselheiros. O aconselhamento bíblico nos aconselha a Cristo para a vida eterna (João 5.39).

sexta-feira, 27 de abril de 2012

De graça ou pela Graça?*

Dizem que “de graça até injeção na testa”. Por mais dolorosa que essa ideia possa ser, deixa claro que não pagar por algo compensa qualquer coisa. Talvez, por compensação é que ganhamos presentes no nosso aniversário, é a maneira de suavizar a o peso da idade. Mas, por que a idade pesa tanto? Certamente ficar mais velho no faz lembrar que a morte se aproxima.
Seria excelente então, se ganhássemos um presente que não nos deixasse morrer. Isso pode parecer impossível, mas nem tanto. A Bíblia nos fala em Vida Eterna, e nos diz que esse é um presente de Deus para os homens. Não se trata de uma compensação por que estamos envelhecendo e a morte se aproximando. É uma dádiva do amor de Deus justamente para os homens que estão mortos em seus delitos e pecados. Nunca um pecador poderia pagar por esse presente, pois não tem condição moral, intelectual ou espiritual para isso. Estando morto, não pode conseguir para si a vida, quanto mais vida em abundancia.
Jesus é Deus e homem. Ele é quem pagou por esse presente. Para nós não houve custo algum, mas para Ele o preço foi sua vida e seu sangue derramado na cruz. Por isso, a Vida Eterna não é de graça, mas pela graça, mediante o profundo e imenso amor de Jesus por nós.
Recebemos esse presente crendo que:
1. Jesus é Deus que se fez homem;
2. Que Ele viveu, morreu e ressuscitou para que tivéssemos a vida eterna, e para que não morrêssemos condenados pelo pecado.
Creia nisso e você viverá eternamente no amor de Deus.
Referencias bíblicas – João 3.16; 6.40,47; 10.10; 11.25; 15.12,13; Romanos 3.23,24

(*) Texto escrito para panfleto de evangelização.

sábado, 7 de abril de 2012

A Páscoa enquanto estatuto perpetuo


Vicit Agnus Noster, Eum Sequamur
Apesar de amplamente comemorada, principalmente por conta dos ovos de chocolate, a Páscoa, na verdade tem outro sabor. Assim como o Natal, esta celebração de origem judaico-cristã ganha todos anos conotações comerciais que ao mesmo tempo em que divulga a data, encobre seu sentido. Nesse caso, seria melhor por parte da mídia tentar ignorar tais festividades, a perverter sua mensagem.
Ao contrario da mensagem de um coelho e sua fertilidade, a Páscoa nos fala do Cordeiro e sua morte. Após derramar nove pragas sobre o Egito, lugar onde os israelitas eram escravos, Deus manda a ultima, na qual a Páscoa é instituída. O SENHOR mataria todos os primogênitos do povo egípcio, mas "passaria" (pacach) por cima de seu povo escolhido, uma vez que aspergissem sangue de cordeiros nos umbrais de suas portas conforme a ordenança dada (Êxodo 12.1-14). Certamente Deus, onisciente como é, não tinha necessidade de um sinal para não se confundir a respeito dos seus. Ele podia tranqüilamente cumprir sua Palavra simplesmente matando os egípcios. Mas, decorre deste sinal de sangue o motivo para a Páscoa tornar-se estatuto perpetuo (V. 14).
Primeiro, diferente das pragas anteriores, esta, conforme Deus determinou, seria insuportável para os egípcios (Êxodo 11.1). Até então, as pragas enviadas pelo SENHOR destruía a soberba egípcia, uma vez que sinalizavam o quanto não podiam confiar em suas divindades e provisões econômicas. Esta ultima definitivamente marcaria aquele povo em sua carne, posto que ninguém jamais havia vencido a morte. A primogênitura no mundo antigo assinalava a continuidade da vida, o direito de herança e sucessão. O filho do Faraó continuaria seu legado, os filhos dos homens eram seus sucessores, mas agora não mais. Esta ultima praga sinalizava que todos morrem debaixo das mãos de Deus, como cumprimento de seu juízo. Deus sapara então o dia da Páscoa para que isso fique claro.
Segundo, o povo de Israel não era diferente dos demais, e por isso era necessário que fosse coberto com sangue. Apesar de ser um povo escolhido, trazidos a existencia pela palavra de Deus dada a Abraão, em sua índole e conduta, desde os patriarcas, esse povo já havia demonstrado que era capaz dos mesmos pecados dos demais povos da terra. Mesmo após a libertação da escravidão, por quarenta anos no deserto, Israel deixou claro que era um povo de dura cerviz. Uma vez instalados na terra prometida, sua historia foi marcadamente de iniqüidade. Logo, ainda que escravos dos egípcios, os israelitas não eram meras vítimas, eram também escravos do pecado, e portanto merecedores da morte.
Terceiro, uma vez que o povo era passivo de morte por causa de seus pecados, fez-se necessario que inocentes morressem por eles. Por cada família um cordeiro sem defeito, macho de um ano, deveria ser tomado e morto (v.5). O cordeiro pascal deveria ser tomado como refeição na noite do êxodo, comido as pressas, uma vez que Deus traria grande devastação sobre aquela terra. Hebreus afirma categoricamente que "sem derramamento de sangue não pode haver espiação de pecado" (Hebreus 9.22). Por mais este motivo, fica claro que aquele povo escravizado era carente de um substituito para escapar da condenação.
Tudo isso foi deixado como estatuto perpetuo, para que todas as gerações soubessem o que Deus fez para libertar o seu povo da escravidão. As futuras gerações devereriam ser ensinadas a respeito deste dia (Exodo 12.14, 24-27; 13.1-16). Todavia, esse mesmo povo liberto do cativeiro egípcio, ainda seguia escravo do pecado, posto que o livramento de suas vidas não poderia vir do sangue de animais (Hebreus 10.4), mas do Cordeiro de Deus (João 1.29, 36). Todo A.T converge em Cristo, e principalmente essa passagem. O nome Jesus significa "que ele salvara o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1.21). Assim, ele tanto traz juízo sobre aqueles que não são seus, como foi com o Egito, como também salva os pecadores marcados com seu sangue. Ele é o Cordeiro Santo, sem pecado, entregue pelos pecadores para que sejam salvos. Ele é quem conduz o seu povo da morte para vida, como Israel foi tirado do Egito para terra prometida.
Por isso hoje celebramos não apenas a Páscoa, mas a Ceia do Senhor, uma vez que Ele também deixou para nós este sacramento como sinal de sua obra redentora em nossas vidas (Lucas 22.14-23). E como prova ainda maior de que a obra realizada por Jesus é maior que a de Moisés, para que seja incontestável da vitoria do Cordeiro sobre a morte, Ele ressuscitou. Moisés não pode ficar com o povo perpetuamente, não pode sequer entrar na terra prometida. Josué também descansou depois de estabelecido o povo em Canaã. Por isso podemos seguir a Jesus, pois Ele esta conosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mateus 28.20). E ainda resta-nos a expectativa, de quando estaremos com Ele no Novo Céu e Nova, ceiando e celebrando os seus grandes feitos. Nesse tempo, já não haverá nenhum confusão a esse respeito. Tenhamos pois nosso olhos fitos nesse Dia.