sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal Presente


É sempre muito chato falar em Natal contrastando-o com o consumismo oportunista da época. Fazer oposição à figura de Papai Noel, denunciar sua malignidade ao desvirtuar o significado do Natal, é enfadonho. Todo ano é assim. O consumismo e seu patrono configuram o "espírito natalino" que leva incontáveis pessoas a imaginar que o sentido do Natal é ser uma pessoa um pouco melhor, anda que por poucas horas, e as custas de presentes trocados. Tudo isso é muito triste e cansativo.
Mas em um certo sentido, a temática do presente não é de toda ruim para esse dia escolhido como lembrança do nascimento do Filho de Deus. O Natal não é tempo de presentes, mas em si mesmo é o próprio presente. Considerando os homônimos da palavra presente, podemos considerar a preciosidade do nascimento de Jesus em dois sentidos.
Primeiro é importante lembrar que o nascimento de Jesus é uma dádiva do Pai. João 3.16 diz que Deus amou o mundo e deu seu Filho para a salvação de todo aquele que nele crê. O nome Jesus já nos anuncia o quão poderoso é esse presente dos céus, pois ele veio salvar o seu povo dos seus pecados (Mateus 1.21). O próprio Jesus se dá para nós, uma vez que ele mesmo entregou sua vida por amor de nós (João 10.17,18). Receber esse presente só é possível pela fé em sua pessoa e obra: Crer que ele é o Filho de Deus que viveu e morreu para nos salvar e dar vida eterna. É preciso ao mesmo tempo confessá-lo assim (Romanos 10.10).
O Natal também é presente pois para sempre o Filho de Deus veio habitar conosco. O Eterno se fez temporal, mas ao mesmo tempo nos introduziu a eternidade. Deus se fez homem para sempre, ele tabernaculou conosco como a glória do Pai (João 1.14), para nos estabelecer eternamente em seu reino. Mesmo que por pouco ausente fisicamente, ele disse que estaria conosco pelos séculos dos século (Mateus 28.20). E, quando no Novo Céu e Nova Terra, vivermos sempre com ele, isto é, aqueles mesmos que o receberam e foram feitos filhos de Deus (João 1.12), poderemos então contemplá-lo com nossos próprios olhos. Nada é maior que isso, que a comunhão com nosso Senhor. Nossa fé hoje deve nos lançar a essa promessa. Nossa esperança maior deve estar nessa comunhão, mais do que em qualquer outra coisa.
Portanto, antes de pensar em qualquer outro presente perecível nesses dias, é bom louvar a Deus pelo presente eterno e mais valioso que já foi dado a alguém: Jesus Cristo, o Filho de Deus. Também não devemos fazer isso uma única vez ao ano, mas todos os dias, pois Ele é sempre digno de adoração. Faremos isso na eternidade, comecemos pois desde hoje.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vítima de nós mesmos... ou, o "Viticismo"


Nao sei se já falei sobre isso nesse blog, se sim, vamos lá outra vez: As vítimas que vitimizam os outros. Algumas pessoas, passando-se por vítimas, tornam outras pessoas também suas vítimas com defesas que são verdadeiros ataques. Passando-se por coitados, lançam a razão de suas mazelas sobre outras pessoas que de alguma forma podem ou não estar relacionadas a elas. Onde quero chegar com tudo isso?
Tenho acompanhado uma novela virtual que me fez pensar em tudo isso. Imagine um pastor que foi desligado do campo onde estava por razões que cabem ao seu presbitério, e que por esse motivo se sente vítima do "sistema de homens que querem tão somente prejudica-lo". Em um site de relacionamento o indivíduo torna-se uma metralhadora giratória, lançando ataques e ameaças contra a IPB, seus concílios e pastores. Sobre esse cenários, consideremos duas possibilidades.
A primeira é que o pastor não estava a altura para o trabalho, sendo por justa causa despesado do campo. Essa seria uma excelente oportunidade de reavaliar seu ministério, onde errou, no que precisa melhorar e acertar, ou se realmente é vocacionado. É uma oportunidade de autocrítica, e de reconhecermos que nem sempre (e muitas vezes) podemos estar aquém do que o ministério pastoral exige de nós. É melhor sofrer uma dispensa assim, do que fazer perecer a obra do Reino.
A outra é que a dispensa se dê por motivos injustos. Pode ser o caso de política do conselho ou do presbitério, um puxão de tapete por motivos pessoais, e não pelo mau desempenho do obreiro. Pessoas que sofrem tal injustiça têm nessa situação a oportunidade de se dizerem realmente perseguidas por causa do Reino. Uma vez que o indivíduo desemprenha bem o seu trabalho, e isso é manifestação da graça e do poder do Senhor Jesus, aqueles que se levantam contra ele estão na verdade perseguindo a Cristo (Mateus 5. 10,11; Atos 9.4). E nesse caso, a Palavra nos ensina a orar e bendizer nossos algozes (Mateus 5.44). Devemos nos humilhar como fez Davi ao fugir pelos fundos do palácio e suportar a afronta de Simei (2Sm 16.5-14). Crer que a paga para destes perseguidores pertence a Deus (2Tm 4.14).
O que percebo em ambos os casos, sendo justa ou injusta a dispensa, é que o obreiro pode vir a achar-se dono do campo, e por isso sente-se furtado. Igreja nenhuma é nossa, por mais tempo que estejamos em um lugar, por mais que tenhamos servido ali, tudo é de Cristo (1Co 3.21-23). De uma forma ou de outra, iremos passar, mas em Cristo nosso trabalho nunca é vão (1Co 15.58). Devemos dar-nos por satisfeitos simplesmente por ter tido a oportunidade de servir. E sendo esse o desejo maior do servo, agradar ao seu Senhor, deve seguir e buscar outro campo onde seja útil.
Em meio a tudo isso o nome de Cristo é desonrado. Igrejas sofrem e pessoas são inflamadas pelo ódio. E agora, com a inclusão digital, a maledicência corre à velocidade da banda larga. Um mal que deveria ser pessoal, torna-se uma novela virtual. Que Deus trate daqueles que semeiam contendas, gere em seus corações arrependimento, e console o coração dos injustiçados.