segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Primeiro ensaio sobre o Tempo: O mito da História Cíclica.


Um dos grandes males do homem, em razão de seu curto tempo de vida, é achar que o melhor ou o pior da história encontra-se junto dele nos seus dias. A síndrome do "nunca antes na história desse país" não é uma patologia apenas do presidente do Brasil, mas de todos que não conhecem a história, dos que acreditam que o tempo presente supera em muito o que já passou. Por outro lado, o pessimismo de que "tudo sempre foi assim, e será assim para sempre", castra toda e qualquer motivação para seguir a diante nesse curto tempo de vida que temos debaixo do sol.

Mas quem não é limitado no espaço e no tempo que atire a primeira pedra. Um conhecimento mais aprofundado sobre história pode nos previnir da arrogância ou do pessimismo. Porém, ainda não estamos livres de sentimentos que afloram a medida de tudo o que passa ao nosso redor e que nos fazem pender para um lado ou outro. Os tempos são difíceis, sem dúvida, mas isso não quer dizer que sempre foi assim, ou que tnunca foi assim. Existe uma linha média para melhor entender o tempo.

Além do conhecimento histórico, precisamos de entendimento bíblico sobre o tempo. Nas primeiras linhas de Eclesiastes é dito que não há nada de novo debaixo do sol, e com isso Salomão traça uma perspectiva pessimista sobre o mundo caido, onde a história é aparentemente cíclica (eu disse aparentemente), esteril e fadigante. Mas o livro de Eclesiates precisa ser lido mais até o fim, e com toda atenção para entendermos onde o filho de Davi queria chegar. Sua experiência como rei, que tudo tinha ao seu alcance, inclusive o que não devia, fez com que o homem mais rico, mais sábio, mais culto e mais "amado" por mulheres em seu tempo, percebesse que em nenhuma dessas coisas existia a verdadeira realização para o ser, e por isso era tudo vaidade, correr atrás do vento. Sua experiência longe de Deus, por mais regada que tenha sido de tesouros da terra, tudo que qualquer homem poderia desejar, não acrescentou em sua vida nada além de amargura.
Todavia, mesmo antes de chegar ao desfexo de sua biografia filosófica, Salomão havia deixado vestígios de que não se tratava do volume de realizações ou bens acumulados, mas da origem de tais coisas. Comer, beber, alegrar-se pelo fruto de seu trabalho com sua unica mulher parece muito pequeno para quem tinha a mesa e a cama farta. De outra sorte, ele admite que isso provém de Deus, e que nesse mundo não há nada melhor (3.12,13; 5.12, 18, 19; 9.7-9).

O fim de Eclesiastes não deixa dúvida de que Salomão sabia que a história não é cíclica, mas que o homem passa, e a vida corre em direção daquele que a concedeu a existência. Um dia todos prestarão contas ao Criador, e por isso, é segundo seus preceitos que se deve viver. Não há voltas na história que possam livrar o homem desse dia. Por mais que tudo pareça estar como sempre esteve (2 Pe 3.4), ou que tudo já se fez novo, somente quando manifestar-se o supremo Juiz termos pleno entendimento de todas as coisas. Até lá, aguardamos e guardamos sua Palavra.

2 comentários:

Hélio Pariz disse...

Excelente texto, Pr. Adalberto. Confesso que Eclesiastes (e a questão do tempo) muito me intriga. No meu blog eu escrevi alguns comentários sobre Eclesiastes, e uma conclusão que eu cheguei foi que...
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Tudo, portanto, que fazemos nesta vida interessa a Deus, em toda a extensão de nossa existência, e quanto antes nos lembrarmos para onde vamos (ou deveríamos ir), ou seja, quanto antes nos lembrarmos do nosso Criador, mais desfrutaremos esta vida aqui, com todas as suas limitações, mas também com todas as suas alegrias. Após ter promovido, pelo seu discurso-percurso, a desconstrução daquilo que era tido como sábio e proveitoso pela humanidade, o Pregador fincou 4 estacas sobre o terreno pantanoso e instável da vaidade humana, a saber: a sabedoria, a eternidade, a providência divina e o temor de Deus. Desses 4 pilares, apenas 2 têm o condão de tanto ser imanente como transcendente: a sabedoria e o temor de Deus. Os dois outros são transcendentes, estão acima das possibilidades do ser e do existir, e é nessa busca da sabedoria mediante o temor de Deus que podemos confiar que tanto a providência divina não nos faltará, como a eternidade nos está reservada pelo Pai que nos aguarda de braços abertos no final da jornada.
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A Deus toda a glória!
Graça e paz,
Hélio

Danilo disse...

Ola Adalberto!

Otimo texto. Eu tenho uma paixão maior por este livro que tantos acham deprimente, ou não entendem.

Esta percepção (do livro) é muito função da cegueira hipnótica de quem olha muito para o próprio umbigo.

RC Sprooll tem um texto - está disponivel no site dele - sobre a experiencia do livro e a vida de Ernest Hemingway, o fantastico escritor cuja enorme inteligencia não foi bastante para achar que a unica escolha do homem diante da morte e poder decidir a hora e o lugar, o que de fato ele fez.

Como vemos, Eclesiastes é livro de muitas leituras, mas um só final feliz.

Vou seguir vocês e espero pela oportunidade daquela troca de irmão em Cristo aqui ou no meu blog, se você me der a honra e prazer da visita.

Genizah é um blog de apologética cristã com uma boa dose de humor. Nosso time é formado por escritores, pastores, humoristas e chargistas cristãos.

Espero que goste. Paz e Bem!

Danilo

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