terça-feira, 30 de agosto de 2011

Produzidos a nossa imagem e semelhança


Ontem assisti ao filme O Planeta dos Macacos - a Origem. Tinha grandes expectativas para esse filme, as quais foram correspondidas. Tentarei não ser spoiler aqui, vou me ater ao que já está exposto na própria sinopse do filme.
Esse filme se presta a explicar porque a terra ficou dominada por macacos, conforme os outros dessa mesma série - Planetas dos Macacos (1968, 2001). Uma droga confeccionada para curar o mal de alzheimer é testada em chimpanzés, e esta desenvolve em um deles uma capacidade intelectual extraordinária. De início tudo corre bem, mas para efeito da trama, grandes problemas surgirão. É justamente esse efeito de uma droga produzida para curar um mal, que traz outros maiores para o planeta. No futuro a terra passa a ser dominada por símios.
Apesar dessas coisas se passarem na tela do cinema, elas seriam plausíveis segundo a teoria darwinista, levando em conta uma evolução provocada. Já para um criacionista, o filme não passa de uma boa ficção.
Todavia meu ponto não é considerar a ficção darwinista, mas o que de real o filme apresenta. A pesquisa para a cura do alzheimer a partir de testes em macacos, é feita deixando de lado um certo rigor ético que poderia existir. O protagonista humano da história é um cientista que procura essa cura para ajudar o seu próprio pai. Ele ignora alguns limites éticos visando um bem maior, mas sem pesar as consequências. Quando ele se vê frustrado a primeira instância, depois obter temporariamente bons resultados, ele procurar ir mais fundo ainda, na esperança de erradicar a doença do seu pai.
Não posso deixar de ver um paralelo nas pesquisas de célula tronco e alguns problemas consequentes. Visando curar muitas doenças, tais pesquisas têm rompido com os limites éticos, fazendo uso de embriões humanos como matéria prima para cura das mais variadas doenças. Não quero me opor aqui as pesquisas que visam a cura, mas levantar a questão dos limites da ética. Ainda que não seja fã de Nietzsche, não posso deixar de concordar com sua célebre frase: Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. Ou seja, lutando contra uma mal apela-se para outro. Lutando pela vida, despreza-se a própria vida.
Um outro problema surge então, a comercialização da cura. É certo que toda pesquisa como essa tem por trás de si um grande financiamento de grupos interessados no mercado farmacêutico. Ainda que possa existir pessoas motivadas pelo bem estar do próximo, a alavanca financeira visa o lucro. E pelo lucro sobre a vida, as pessoas são capazes de matar.
Há ainda o problema de imaginar-se superior a morte. A ideia de vencer a morte por seus métodos científicos é uma dos maiores sinais de prepotência humana. Não reconhecer que para si foi posto um limite, que a vida nunca avançará além do tempo que lhe está proposto debaixo do céu, é uma arrogância de quem se vê como seu próprio deus. Considerar que existe uma cura para morte, ou para as más formações genéticas, é desprezar que a vida após o pecado é marcada pela morte; que desde o nascimento já carregamos sinais de nossa sentença prévia. O que está em jogo não é a cura em si, mas o triunfo humano sobre as mazelas do corpo amaldiçoado pelo pecado. É como uma nova Torre de Babel no âmbito medicina.
De um certo ângulo, a evolução no filme símia parece um grande feito da ciência, ainda que colateral. Mas fica claro, ainda que estampado em uma ficção, que o homem, ao reproduzir (ou produzir) sua imagem e semelhança em animais, piora em muito a sua realidade. Gera muito mais morte e destruição que o alzheimer em si. Tomando essa perspectiva fictícia e aplicando aos nossos dias, temos um futuro terrível, marcado por uma ciência maligna. Não temos ainda um quadro claro das consequências das pesquisas feitas em células tronco embrionárias, mas certamente, sendo feitas à custa de vidas "descartáveis", com a simples função de "curar" outros males, certamente trará sobre nós um mal maior.

PS.: Não desconsidero a capacidade intelectual que Deus dá ao homem para produzir cientificamente. Toda boa dádiva procede de Deus (Tiago 1.17). Questiono o mau uso do dom divino à serviço da soberba e da ganância.

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