quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Crentes e o Carnaval


O Carnaval é uma época esperada por muita gente. Para alguns "o melhor período do ano". Para outros, o pior. E em vários casos, os últimos dias de vida. O número de mortes, acidentes e outros tipos de mazelas costumam se amontoar nessa época. Para mim, no período de Carnaval de 1993 eu morri e ressuscitei.
Foi em um retiro de Carnaval da Igreja Presbiteriana de Cuiabá que fui decisivamente alcançado por Cristo. Nascido e criado nessa igreja, eu não conhecia pessoalmente o meu salvador, mas apenas de ouvir falar. Pela graça de Deus, em circunstâncias de profunda humilhação e quebrantamento, em uma das noites de retiro, o Senhor matou o velho homem e me fez nascer filho de Deus. Desde então tenho crescido nessa mesma graça e sido alimentado por sua Palavra.
Sei que assim como eu, milhares de pessoas foram e são alcançadas em retiros na época de Carnaval. Apesar dos retiros serem programados para os membros da igreja, sabemos que muitos que se dizem "crentes" (como eu  até então), não nasceram de novo ainda. Há também os visitantes que acompanham amigos para os retiros, e esse é também um tempo muito propício para que conheçam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.
Todavia, de tempos para cá, grupos de evangelismo de impacto têm deixado as fileiras dos acampamentos e entrado no território inimigo para ali anunciar a Palavra. Já fiz isso no tempo de seminário. Por dois anos evangelizei em Brasília na Micarecandanga, e em Caldas Novas no Carnaval de 2001. Sei de pessoas que foram alcançadas por Cristo nesse contexto. Creio que trata-se de um trabalho necessário também.
O que não pode existir entre os crentes é uma disputa destas duas frentes de trabalho. São ambas necessárias no seu âmbito de atuação. Ambas devem servir ao Reino e não a satisfação pessoal dos crentes. Nisso é possível observar distorções no propósito.
Creio que os retiros servem para que os irmãos tenham um tempo maior de comunhão, crescimento nos estudos bíblicos e intensa evangelização daqueles que ali estão mas que ainda não são crentes verdadeiros - sejam os visitantes, assim como os membros meramente nominais. O foco é perdido quando o retiro se torna um refúgio, um tempo apenas para nos afastarmos do mundo. Nos esquecemos que o próprio Senhor Jesus orou para que não fossemos tirados do mundo (João 17.15). O mundo decaído pelo pecado não se encontra do lado de fora das portas da igreja, mas na vida e no proceder de cada pessoa que não é nova criatura. Imaginar que em um acampamento é possível ficar longe da carnalidade por um simples deslocamento geográfico é muita ingenuidade. A iniquidade das pessoas as acompanham onde quer que estejam. Os acampamentos não estão imunes a carnalidade das pessoas, e quem já trabalhou em retiros sabe disso. Assim, mesmo "retirados", precisamos de ofensiva bíblica na vida dos acampantes, não mero entretenimento.
O evangelismo nas festas de Carnaval é ao mesmo tempo simples e difícil por uma série de fatores. É simples porque a mensagem do evangelho é uma só onde quer que estejamos: A vida, a morte e a ressurreição de Jesus como cumprimento do plano de salvação de Deus. A necessidade de arrependimento e fé nessa palavra para termos vida eterna em Jesus. Quando pregamos em meio a uma festa de Carnaval é necessário salientar que a vida em Cristo exclui a vida na carne (Romanos 8.1). É compatibilização entre o Reino e o Mundo dizer: "vamos mostrar as pessoas que podemos ser feliz sem drogas e sexo. Vamos mostrar as pessoas que somos feliz com Jesus."  O foco da mensagem passa a ser a alegria dos crentes, e não do senhorio de Cristo. Acreditam que o foco do evangelismo é o seu estilo de vida - uma vida alegre, sem vícios, sem imoralidade, com Jesus como adicional. Isso não passa de um farisaísmo recauchutado. Em alguns casos, procura-se até mesmo "converter" o Carnaval, tornando-o em algo aceitável aos padrões evangélicos, como se tenta fazer com outras festas. Se esquecem assim de que é impossível servir a dois senhores (Mateus 6.24). Ou estão ali para servir a Jesus ou a carne.
É bom que se faça desse período de Carnaval como todos do ano: tempo para servir ao Senhor de nossas vidas. Seja no acampamento, seja evangelizando no Carnaval, o evangelho da salvação em Cristo deve ser anunciado.

Um comentário:

Robson Santana disse...

Bom seu testemunho. Minha conversão se deu no acampamento de 1994. Boa análise acerca dos que vão ao retiros e dos vão evangelizar.
Dios te bendiga!!!