sábado, 19 de maio de 2012

Um deus voyeur

Certamente Pelágio, João Cassiano e Armínio e muitas outras pessoas [curtiram isso].

Assisti hoje o filme "The Adjustment Bureau" (lit. O Escritório de Ajuste) - que no Brasil ficou com o título "Agentes do Destino". Mais uma vez a a intenção é caracterizar o conceito de Livre-Arbítrio como a principal razão do ser humano, ou sua qualidade maior. Contrastado com uma tentativa de controle desastrada de "agentes" (anjos?), o Presidente (Deus?) quer que as pessoas descubram por si como se conduzir, sem a necessidade de sua intervenção soberana. 
A tese é de que a vontade "livre" e o amor do ser humano, uma vez bem executados, podem excluir toda ação soberana de Deus na história. No final das contas, um deus assim não passaria de um voyeur cósmico. O conceito de fé é completamente invertido, uma vez que ao invés de crermos nEle, Ele é quem crê em nós. 
Essa lisonja ao homem nada mais é que a pura arrogância, a soberba ateísta de pensar que Deus pode ser minimizada a um espectador, enquanto que as escolhas humanas tornam-se a personagem central da história. O mais irônico é que tudo é retratado em um filme, cujo roteiro foi adaptado por George Nolfi de um conto de Philip Dick. Certamente um diretor ou escritor se contradizem muito ao sustentarem tais idéias, salvo o caso de apresentá-las como de fato são: apenas uma ficção. 

sábado, 12 de maio de 2012

A grandeza de ser Mãe

Mãe e filho cuja esperança se encontram em Jesus Cristo.
Candice e Benício - Mãe e filho cuja esperança se encontra em Jesus Cristo.

O Deus criador é também o restaurador. Deus criou o homem e a mulher, e a ambos incumbiu do mandato cultural - crescei e multiplicai! (Gênesis 1.28). Para tanto, cercou-os de um lugar perfeito, aprazível. Todavia, como bem sabemos, a desobediência dos nossos primeiros pais, acarretaram na maldição sobre toda terra e seus habitantes.
Contudo, é extraordinária a graça e a misericórdia de Deus sobre esse casal. Em ato contínuo ao pecado, junto a sentença dada a Serpente, Adão e Eva ouvem a promessa de salvação para a si e seus filhos. O descendente da mulher esmagaria a cabeça de Satanás, ainda que este lhe ferisse o calcanhar. Em Gênesis 3.15 encontramos o primeiro evangelho anunciado pelo próprio Deus. Ao invés de destruir tudo, ou de anular a ação do homem e da mulher no plano da história, este lhes concedeu na promessa do Filho a esperança da restauração de todas as coisas. A maternidade era ali anunciada como instrumento de Deus para salvação.
Mas até que se cumprisse essa palavra, nada podendo fazer por si mesmos, homem e mulher foram expulsos do paraíso. Só lhes restava esperar a semente prometida. Não lhes foi dito quando, nem exatamente quem, mas que era certo que Ele viria. Desde então, ser mãe era esperar por aquele que salvaria sua família.
Tão somente quando veio Jesus, o Filho de Deus, concebido no ventre de Maria, veio com ele o triunfo sobre Satanás, e a vitória sobre a morte. No princípio a mulher participou diretamente da desobediência, para ruína da humanidade. Agora, Deus usou uma mulher, e sua obediência, para trazer ao mundo o Salvador. Pecadora como todos os demais, Maria reconhecia a necessidade que tinha de salvação, e por isso estava exultante na criança que era gestada em seu ventre (Lucas 1.46-55).
Portanto, desde o princípio, a grandeza de ser mãe encontra-se à luz da Semente prometida, da promessa do Filho Unigênito. O ofício de ser mãe é marcado como a restauração que Deus traz sobre a mulher, o homem e sua descendência. Em Jesus Cristo encontra-se todo propósito para o ser mãe, para restauração de si, mulher, do homem e de seus filhos.   

terça-feira, 1 de maio de 2012

É preciso experiência?


Alguns anúncios de jornal para emprego destacam - É necessário experiência na área. Alguns dias atrás refletia sobre a necessidade de experiência no aconselhamento bíblico. Não me refiro a experiência de aconselhar em si, mas a vivência relacionada aos assuntos tratados em uma conversa onde a outra pessoa espera uma orientação para sua vida. Seria necessário experiência pessoal em áreas específicas para poder aconselhar alguém? Ainda que alguns creiam que sim, em se tratando de um aconselhamento bíblico, obviamente a resposta é não.

Quando comecei meu ministério pastoral em 2003 era solteiro. Só me casaria três anos depois. Nesse período aconselhei casais, sem ter a experiência de ser casado. Aconselhei casais em vias de fato para o divórcio, e que pela graça de Deus retrocederam e permanecem casados até hoje. Também acompanhei casais que não perseveraram em seus votos. Confesso que é muito bom ver uma vida em comum restabelecida, e frustrante observar o fim de uma união, mas sei que minha parte é servir como instrumento nas mãos daquele que estabeleceu o casamento, daquele que melhor que qualquer um sabe o que é bom.

Se para um aconselhamento de casais a experiência de casado faz-se necessária, ousaria dizer que, seguindo essa mentalidade, em tratado-se de um caso de adultério, a recíproca seria verdadeira. Pensando assim, a lista seria infindável. Para aconselhar drogados, homossexuais, ladrões, avarentos, mentiroso, pessoas violentas seria preciso experimentar cada um desses pecados. Alguns comentaristas defendem que a doutrina dos Nicolaítas em Apocalipse 2.6,15 era justamente uma entrega as práticas carnais sobre o pretexto de poder vence-las. Ou seja, é preciso experimentar para poder falar a respeito com autoridade. Esse tipo de autoridade é completamente anti-bíblica.

Certamente, no exercício do aconselhamento bíblico sempre surgirão situações que desconhecemos pessoalmente. Nem todo mundo já sofreu desemprego, humilhação pública, traição no casamento. É praticamente impossível agregar em um conselheiro todas as experiências de vida possíveis. E nisso é que está a excelência do aconselhamento bíblico - ele não se pauta na experiência do indivíduo, mas no ensino das Escrituras.

Antes de qualquer experiência, o conselheiro precisa de conhecimento e convicção bíblica. Sua experiência é de fé em Jesus Cristo e sua Palavra. Uma pessoa que não maneja bem a Palavra certamente terá dificuldades em orientar corretamente as outras naquilo que devem fazer. Sim, a Bíblia é taxativa! Ela não expõe opções daquilo que é melhor ou pior, mas do que é certo ou errado, do que se deve ou não fazer. Ela autoridade sobre nossa vida (regra de fé e prática). Por isso trata-se de convicção, e não de simples assentimento. O aconselhamento bíblico trabalha com a Verdade, e não com teorias.

No aconselhamento bíblico, a fé em Jesus pauta-se em sua pessoa, ensino, vida, morte e ressurreição. Sabendo que Ele é Deus que se fez homem, e que por isso é Santo e suportou na carne as tentações sem nunca sucumbir, podemos apontar para as pessoas o padrão que nos foi dado, o propósito pessoal que Deus tem para nós em nossa restauração. Em outras palavras, como Deus quer que sejamos. Seus ensinos são tão atuais como o foram quando pronunciados por sua própria boca, pois não são o produto de uma mente secular, restrita ao tempo. Afirmar a contemporaneidade do ensino bíblico é o mesmo que dizer que é verdadeiro. Sua obra - vida e morte decorrentes de obediência, e ressurreição como sinal de triunfo, afirmam em suma ao aconselhado que em Cristo o preço pago pelos nossos pecados e a esperança sobre a mazelas desse mundo é real. Não podemos nos dar por vencidos por que Cristo venceu o mundo e a morte (João 16.33; Romanos 8.18; 1 Coríntios 15.20-22). Em outras palavras:
1. Não somos nós que amamos incondicionalmente os seus (João 3.16).
2. Não fomos nós que nos esvaziamos e nos humilhamos em obediência perfeita em favor dos seus (Filipenses 2.7,8). 
3. Não fomos nós que pagamos o preço de sangue pelos seus (Atos 20.28).
4. Tendo feito tudo isso pelos seus, Jesus ressuscitou e concede vida em abundância para aquele que crê em seu nome (Romanos 6. 1-8).
  
É tão somente por causa de Cristo é que podemos firmar uma palavra segura a alguém que recorre ao aconselhamento. Nossa experiência individual no assunto pode até ter o seu tem seu valor, mas tão somente quando ajustada ao ensino bíblico. É a Palavra a experiência necessária a todos, tanto o que aconselha como ao aconselhado. É a experiência verdadeira com Jesus pela fé em sua Palavra que nos credencia a servir como conselheiros. O aconselhamento bíblico nos aconselha a Cristo para a vida eterna (João 5.39).