terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Poderia ter sido diferente.


Falando sobre a entrevista no programa da Marília Gabriela desse domingo (03/02/2013), preciso dizer antes de tudo que é cansativo ter que comentar o que foi dito por Silas Malafaia. Mas as postagens de apoio, e e aclamação a essas bobagens na rede, me fazem considerar um apelo, uma reflexão bíblica sobre o que foi tratado ali (Judas 3). Quem sabe mostrar o quão diferente essa entrevista poderia ser se o entrevistado tivesse um direcionamento realmente bíblico.
O programa todo girou em torno de três assuntos basicamente: A fortuna do Malafaia divulgada pela Forbes, o homossexualismo e bem no fim um pouco a respeito de religião e política e da formação de pastores em sua igreja. Todos esses temas direcionados em uma perspectiva apologética poderiam servir ricamente a proclamação do evangelho, mas ele retratou mais a si, sua igreja e ministério, que a pessoa de Jesus e seu Reino. Que me lembro, apenas duas vezes mencionou o nome de Jesus.
Começando pela fortuna do Malafaia, a coisa já fica improcedente, uma vez que sua abordagem é de defesa de si, e não de uma apresentação da verdadeira prosperidade. Até entendo que a Forbes pode ter encorrido em crime por divulgar dados sigilosos, mas é patético que alguém que supostamente vive do evengelho tenha que explicar que ao invés de 300 milhões de reais, seu patrimônio é de 4 milhões. Também em outras palavras, acertadas diga-se de passagem, ele diz que alguém que vive da "credibilidade" de outros, com um fortuna nos montantes divulgados pela revista, deve ser ladrão. Nisso eu concordo, ele, Edir Macedo e os demais, são vendilhões do templo. Mas voltemos ao que proponho aqui. Numa realidade alternativa, onde Sila não fosse um milhonário, mas um verdadeiro pregador do evangelho, ele poderia tranquilamente abordar a verdadeira prosperidade bíblica, que nem é a que ele chama de teologia da prosperidade besteirol, e nem a que ele propaga, que nada mais é que uma variação um pouco menos irresponsável que a primeira. O verdadeiro tesouro que temos encontra-se no céu, na realidade do Reino (Mateus 6.19,20; 13.44-46). Observamos na Bíblia homens de Deus tanto ricos como pobres, mas que igualmente tinha toda sua esperança depositadas em Cristo (Hebreus 11). No Filho somos co-herdeiros de uma fortuna que não pode ser avaliada, nem se desvaloriza, nem roubada. Temos a vida eterna, que é a comunhão imperdível com o Pai. Somos já, em qualquer circunstância, as pessoas mais ricas desse mundo (2 Coríntios 8.9). Ele falou ainda sobre Deus como alguém que trabalha com recompensas, pisando a doutrinha da graça, mas isso pode ser assunto para um outro post.
Na abordagem seguinte, sobre o homossexualismo, ele até mantém um discurso aparentemente bíblico, quando fala do pecado. Mas o alcance é razo, uma vez que ele foca mais na questão social e política por trás de sua cruzada. Entendo que o que a militância gay esta fazendo é injsuto, mas a Palavra diz que nossa luta não é contra carne ou sangue (Efésios 6.12). Podemos até tratar destas questões num ambito político, mas o foco é mais abrangente que sociedade brasileira do século 21.  É preciso voltar os olhos para a Queda e toda sua repercussão na humanidade. A agumentação pautada na psicologia, onde talvez ele nade de braçada, também não pode ser a pedra angular, bem como questões de ordem biológica. Quando Marília Gabriela levantou a questão do homossexualismo entre os animais, Silas patinou e fugiu. Seria justamente ali que poderia mostrar que a Queda atingiu toda a criação, desestabilizando a ordem criada, demonstrando assim que todo esforço político e comportamental da agenda gay é no sentido contrário a natureza. Seria essa mais uma oportunidade de apresentar o Reino restaurado em Cristo, expor os textos que mostram que nEle as pessoas são tornadas nova criatura. Mas como o seu enfoque é em si, as Escrituras foram mais um vez usadas em prol de sua agenda de combate a militância homossexual, como numa queda de braço. A convicção da vitória de Cristo na cruz, e de seu Reino, certamente o lançaria não para uma tentativa de convencer as pessoas do quão injusta é essa militância gay (como qualquer outra fora do cristianismo), mas para a demonstração de que a restauração da ordem se encontra em Cristo e seu Reino.
No fim do programa, muito de passagem falou-se sobre a relação entre religião e política. Concordo também que como cidadãos desta pátria, como em qualquer outra, cristãos têm o direito e dever de participar da política de maneira ativa. Contudo, a forma mais eficaz de atuarmos na política não é pela força política, uma vez que o próprio Jesus não o fez (João 18.36). Como sal da terra e luz do mundo, os discípulos fazem boas obras na terra que glorificam o Pai nos céus (Mateus 5.13-16), e mais uma vez apontam para uma realidade que transcende a vida neste século. O impacto social e político que a igreja sempre teve de maneira positiva, deu-se pela proclamação verbal e prática da Palavra. Basta observarmos os efeitos dos primeiros cristãos no império antes de Constatino, e o efeito no mundo todo a partir da Reforma. Mas para alguém voltado para si, pesa o "aqui e agora" ao inés da eternidade, o prato de lentílha ao invés da primogenitura. Mais uma vez o Senhorio de Cristo e o seu Reino ficam de fora, e entra em cena o homem e o seu domínio linguistico e temporal.
Ao falar brevemente sobre a formação ministerial em sua igreja, deixou claro que a questão gira em torno do bem-estar de seus ministros, e que no "baratinho" tem que ter segundo grau e um curso de dois anos e meio de teologia. Em nada nos fez lembrar os textos de 1 Tomóteo e Tito 1.
No mais, como mencionei sobre as recompensas de Deus, muito mais poderia ser tratado, mas que não cabeira em um único post. Entendo que verdades foram ditas por Malafaia, mas creio que a serviço de si, e não da Verdade em si. Os fariseus e os escribas eram os mais próximos de Jesus teologicamente falando, e por vezes foram descritos como não estando longe do Reino (Marcos 12.34), mas nem por isso deviam ser seguidos, pois além de hipócritas, amavam a glória dos homens (Mateus 23.3-7). Malafaia é só mais um moderno fariseu, que deseja ostentar-se no meio da igreja como um Rabi, coberto de glória e ouro. Para tanto ele é capaz até mesmo de dizer a verdade, mas sempre como lhe convém.      

Nenhum comentário: