terça-feira, 30 de julho de 2013

Sobre a maldição das pirâmides do mundo moderno


Chega a ser irônico que os esquemas financeiros de ganho rápido e fácil sejam chamados de pirâmides. A designação para esse tipo de ascensão fraudulenta nos últimos tempos se dá por causa do recrutamento de pessoas, proporcionando uma progressão geométrica do tipo 1, 2, 4, 8, 16... e assim até a sua quebra. Ao meu ver, a ironia se dá pelo fato de que não apenas em seu aspecto matemático, mas também pelo aspecto histórico, estas pirâmides podem ser comparadas as do antigo Egito.
Nos dias dos faraós, pirâmides eram construídas por estes monarcas sob a pretensão de que seu reinado na terra se estendesse pela eternidade. Dentro destes majestosos sepulcros, não apenas o corpo do faraó morto era depositado, bem como todos os seus tesouros e ainda os ministros de seu governo, ainda vivos. Desta sorte, as pirâmides de hoje, tão suntuosas em suas promessas, nada mais são do que túmulos que cedo ou tarde engolirão tanto aos seus criadores, como seus associados.
Em uma matéria sobre a história de algumas pirâmides do século passado que li hoje, percebi o quão evidente é o desfecho sempre terrível reservado para todos os que se envolvem nelas. As histórias de faraós modernos como de Charles Ponzi, Maria Branca dos Santos e Bernad Madoff, revelam finais trágicos após anos de glória. Chega a ser um contraste praticamente certo, acrescendo as ironias do termo, pois poderíamos então falar também em uma maldição das pirâmides modernas.
Neste ponto, quando me refiro a maldição, não tenho em mente de forma alguma ao uso feito desta palavra pelo partido da Batalha Espiritual, que atribui a tudo uma ação demoníaca. Entendo por maldição aqui o fato de que Deus não deixar que essas pirâmides permaneçam por tanto tempo, para nos ensinar algo sobre o pecado que impulsiona esse comércio.
É obvio que o propulsor desse tipo de negócio é a ganância e ambição dos homens, como bem observou Álvaro Modernel no artigo que mencionei acima. O que está embutido nestes pecados é a insatisfação que o homem tem com o ganho do suor de seu rosto, e ao mesmo tempo o sentimento de que se achar merecedor de algo maior. Isto equivale a ingratidão e soberba, o que afronta ao Criador, uma vez que Ele graciosamente nos dá o pão (Salmo 127.2), apesar de nossa rebelião (Gênesis 3.17-19). Todo ganho fácil se dá pelo esforço de outra pessoa, e assim, no sistema de pirâmide, sempre alguém lucra de maneira ilícita sobre o suor do próximo (Provérbios 22.16).
Assim, os pecados se acumulam pela ganância, ambição, ingratidão, soberba e a opressão ao próximo. Um cristão que verdadeiramente espelha Cristo deve manter-se longe de tudo isso. O que Jesus ensinou e viveu nos dá uma diretriz completamente diferente do que os faraós e suas pirâmide proclama.
"pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos." 2 Coríntios 8.9
Deus Filho, Senhor do Universo, se fez homem na condição de servo, nos falando de um outro reino, muito diferente dos deste mundo. Ele nos mostrou que existe um outro tesouro, verdadeiro e eterno, diferente dos tesouros deste século. E saldando a nossa dívida, contraída por causa do pecado, satisfez a justiça de Deus Pai, restabelecendo a comunhão outrora perdida.
Em um certo sentido, e para não perder a viagem até aqui, podemos comparar todo esquema de pirâmide financeira as promessas de igrejas neopentecostais. Estes faraós dos púlpitos fabricam suntuosos palácios na terra, mas que são na verdade apenas sepulcros caiados. Pregando um outro cristo e um outro evangelho, agregam malditos que preferem atender aos sonhos de seus corações ao chamado de arrependimento e graça da Palavra de Deus. O fim dos construtores destas pirâmides eclesiásticas será ainda pior do que daquelas financeiras (Lucas 10.10-15).
Devemos nos satisfazer em Deus, que nos amou por intermédio de seu Filho, e nos deu o seu Espírito. Devemos ter como nosso tesouro o próprio Jesus, nele somos feitos os mais ricos sobre a terra, mas não deste mundo. E inconciliável nos agarramos as riquezas deste século e ao mesmo tempo as da eternidade. Isso não quer dizer que devemos cruzar nossos braços e não trabalharmos. Devemos em nosso labor encontrar a verdadeira satisfação não em um gordo salário que podemos receber, mas no fato de que nossa dívida foi paga pelo sangue do nosso Senhor na cruz e que por isso somos verdadeiramente prósperos. Somente assim somos salvos da maldição do pecado, evidenciado em pirâmides deste mundo, muito antes do Egito antigo e seus faraós.

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