sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Manifestação do Reino dos Céus e o Justo Procedimento


Em Israel havia uma expectativa muito grande quanto a manifestação do reino de Deus. Os judeus viviam sob o domínio romano, pagavam pesados impostos, e viam sua terra santa pisada por gentios. Tudo isso era causa de profunda indignação e ódio. No Evangelho de Lucas, encontramos uma passagem onde os discípulos, como bons judeus, também encontravam-se ansiosos pela manifestação do reino, que pensavam ser imediata, tão logo Jesus chegasse a Jerusalém. Jesus responde a essa excitação com a Parábola da Dez Minas (19.11-27).
Assim, esta parábola objetivamente se aplica ao anseio pela manifestação do reino de Deus, sem a reflexão de seu tempo e custo. Nela um homem nobre distribui dez minas para seus dez servos, e depois se ausenta para tomar posse de um reino. Sua ordem para estes servos é de negociar as minas distribuídas até seu retorno. O texto nos fala daqueles que obedeceram suas ordens e destacada um outro que não. Os obedientes foram contemplados, o desobediente deixado sem nada. Este homem também sofreu oposição de alguns concidadãos, e sobre estes trouxe o rigor da pena capital.
A vinda de Cristo certamente deve causar nos cristãos grande anseio (Apocalipse 22.17,20). Mas por vezes esse anseio parece encontrar-se misturado com outras expectativas mais terrenas. Esse era a ideia que os judeus tinham da manifestação do reino de Deus, numa restauração monárquica de Israel, e sua libertação do domínio gentílico. A visão de um messias que lhes fartasse de pão (João 6.14,15), que se voltasse ao hic et nunc - o aqui e agora. Mesmo antes de Jesus subir ao céu, depois de sua morte e ressurreição, em Atos, alguns discípulos seus ainda estavam preocupados com a restauração de Israel (Atos 1.6). Jesus deixou claro que isso não era da conta deles, mas a proclamação de seu testemunho pelo poder do Espírito Santo (v. 7-8).
O reino de Cristo "já é, e ainda não". Seu reino já é presente desde sua primeira vinda a este mundo, sendo ele mesmo o próprio Reino (autobasiléia). A questão é que seu reino não é deste mundo (João 18.36), e não tem aparência visível (Lucas 17.20,21). Porém, chegará o dia em esse reino se manifestará plenamente, aos olhos de todos na vinda do seu Rei (Marcos 14.62). Todas as coisas serão refeitas, e sua justiça reinará para sempre.
Desta forma, nesse interregno, é nosso dever acima de todas as coisa "negociar" até que nosso Senhor volte (Lucas 19.13), e assim "apressarmos" sua vinda. O sinal de que realmente ansiamos o reino de Jesus é justamente a sujeição a sua ordem de testemunharmos dele. Não sabemos exatamente quando ele virá, mas sabemos que quando vier, pedirá conta da missão que foi confiada aos seus. Tudo o que sublima este anseio, numa euforia por coisas terrenas, pode significar que nosso coração não se encontra realmente nas coisas do alto, e que seu reino não é prioridade em nossas vidas. Se realmente queremos ver a manifestação gloriosa do Reino de Cristo, devemos atender a ele como se já tivesse sido instaurado. É assim que somos cidadão do reino, é assim que devemos nos portar. Ao guardar a mina do Senhor, e atender a outros compromissos, atesta-se contra si, quando se é chamado para servir ao Rei dos reis.
Israel foi restaurado como país quase dois mil anos depois destas palavras, mas ainda luta contra seus inimigos em seu próprio território. Ao longo de séculos, pessoas depositam seus corações em seus próprios reinos, imaginando um dia serem realmente livres. Devemos ter fome e sede de justiça, mas sabendo que seremos realmente fartos no reino que ainda virá. Sejam todas as coisa dele, por meio dele e para ele, eternamente, amém!

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