segunda-feira, 12 de março de 2012

Doutorado dos Apóstolos



O Presbítero Eli Medeiros esteve em Cuiabá no ano passado para a formatura do alunos do IBAA (Instituto Bíblico Presbiteriano Augusto Araújo). Nessa ocasião o amado irmão compartilhou algumas considerações pessoais sobre a vida acadêmica dos Apóstolos que achei muito relevante e oportuno publicar.
Muitas pessoas advogam que os apóstolos eram pessoas ignorantes, sem formação nenhuma, e, pautados nisso, afirmam ser desnecessária qualquer preparação acadêmica para servir o Reino. Isso é completamente contrário as Escrituras, até mesmo no que concerne aos não separados ministerialmente. Uma vez que somos instados a conhecer e amar a Bíblia (Deuteronômio 6.1-9; Josué 1.8; Salmo 1.2; Oseias 4.6; Mateus 22.29; João 5.39) certamente os que ensinam devem dedicar-se mais em seu estudo (1 Timóteo 5.17).
Segundo a observação de Eli Medeiros, no histórico dos Apóstolos podemos observar o cuidado de Jesus para com o seu ensino, formando homens intelectualmente e academicamente capacitados. Obviamente não estamos nos referindo a uma exata formação nos moldes de uma instituição de ensino contemporânea, mas ainda assim a uma formação acadêmica. O uso análogo feito aqui, é apenas para demonstrar que Jesus não fez as coisa de forma amadora, descompromissada, mas que seriamente investiu na organização do conhecimento de seus discípulos.
Antes de começar o histórico acadêmico dos Apóstolos, devemos salientar que o fato de serem considerados frente ao Sinédrio como iletrados e sem treinamento (Atos 4.13) não significava de forma alguma que eram analfabetos. Havia relativo desnível entre a formação teológica dos sinedristas e aqueles pescadores. Mas como todo judeu, sabiam ler e escrever, e também deveriam conhecer o suficiente das Escrituras desde a infância como era requerido a todos. Todavia, o enlevo dessa constatação é justamente o oposto: o Sinédrio reconhecia que haviam estado com Jesus, pela coragem com que falavam a verdade. É óbvio que estamos falando aqui da obra do Espírito, prenunciada por Jesus para seus discípulos para horas como essa (Mateus 10.19; João 14.26; 15.26-27; 16.13). Contudo, essa obra pneumática, como salientado em João, não se daria alheia aos ensinos de Jesus. O que Jesus fazia pessoalmente, agora o Espírito faria intimamente nos discípulos: ensinar o que devia dizer.
Pressupondo os níveis de ensino que temos hoje, tracemos um parâmetro da formação dos Apóstolos. Começando pelo seminário com Jesus, foram três anos de aprendizado. Era um único professor, mas este era ninguém menos que o Criador do Universo (Colossenses 1. 15-16,19), o Logos encarnado (João 1.1,14), a Sabedoria em pessoa (Provérbios 8). Não havia a necessidade de nenhum outro professor. A carga horária era de período integral  por três anos, e a metodologia de ensino teórico e prático. Jesus ensinava e também aplicava-lhes uma espécie de estágio supervisionado (Lucas 10.1). Esse curto período com o Mestre vale mais do que qualquer histórico escolar na face da terra. É válido lembrar que Paulo, como um nascido fora do tempo (1 Coríntios 15.8), também compartilhou dessa formação que os discípulos tiveram (Gálatas 1. 14-17). Apesar de ter sido formado aos pés de Gamaliel (Atos 22.3), Paulo carecia da mesma formação que os outros.
Pois bem, após os três anos de seminários, Jesus, já ressurreto, passa 40 dias com os Apóstolos falando das coisas concernentes ao Reino (Atos 1.3). Isso corresponde a um mestrado, uma vez que Ele pode aprofundar seu ensino a um nível que seus discípulos até  por três anos não poderiam suportar (João 16.12). Agora após sua morte e ressurreição, eles podem compreender.
O doutorado já sob a orientação do Espírito Santo, é atestado na composição do Novo Testamento (2 Timóteo 3.16; 1 Pedro 1. 11,12; 2 Pedro 1. 20,21). Esses homens que aprenderam de Jesus apresentam suas teses afirmando a Verdade que o mundo todo precisa conhecer. Estas "teses" estão disponíveis até hoje para consulta em toda parte da terra.
Mas porque Jesus investiu tanto no ensino de seus discípulos? Fica claro a partir de Atos 2.42 que a doutrina dos apóstolos era imprescindível para a vida da Igreja. O ensino de Jesus não podia se perder por falta de qualificação daqueles que ensinariam sua Palavra para todo o restante do mundo. A Igreja de Cristo é conhecida por sua Palavra, esta é Viva e habita no meio de seu povo. Devemos portanto com todo zelo nos dedicarmos ao seu conhecimento, sabendo que ela não meramente acadêmica, mas que nem por isso despreza a necessidade de formação. Advogar contra essa formação é ultrajar a obra do Espírito e de Cristo, é pressupor que o subjetivismo daqueles que se lançam ao ministério é suficiente para conduzir o rebanho. Todo o que é chamado para pastorear deve ter em mente que o alimento está disposto nas Escrituras, e que é estudando-as que poderá ensiná-las corretamente. 

Um comentário:

Robson Santana disse...

muito bom seu post... Bom mesmo... vamos divulgar!!!