sábado, 8 de junho de 2013

Prego Hoje em Apocalipse 13 - A disposição dos santos diante das Bestas


Introdução: 
Acho interessante os filmes que retratam temas apocalípticos, sejam de ordem sobrenatural (Advogado do Diabo), ou natural (O Dia depois de Amanhã), trazem sempre a perspectiva escapista e triunfante dos homens. Vende-se a ideia de que no fim o homem pode prevalecer sem Deus.
Sabemos que Apocalipse é um livro incomum em toda a Bíblia. Sua linguagem simbólica e seu deslocamento temporal podem causar grandes dificuldades em sua interpretação. Mas quando nos atemos à essência de sua mensagem, o entendimento de seu conteúdo torna-se mais simples. O livro fala sobre “A vitória de Cristo e seus santos, sobre Satanás e seus seguidores”. Todo o livro explora o cenário de Cristo triunfante na história, e os seus eleitos, que mesmo em meio a peleja, perseguição, sofrimento e morte, já venceram junto ao seu Senhor. Apesar de todas investidas do Dragão contra Cristo e sua Igreja, e da aparente segurança que suas hostes desfrutam, seu fim é sempre derrota e condenação.
Resumidamente podemos perceber duas grandes divisões do livro, e outras sete menores. A primeira divisão maior (1-11) esboça a luta externa entre Igreja e Mundo, a segunda (12-22) retrata essa realidade internamente, ou seja, Cristo versus Satanás. Esta é a quarta sessão menor (12-14), onde observamos a investida de Satanás contra Cristo, e posteriormente de seus auxiliares (as bestas e a prostituta) contra a igreja. Podemos até mesmo descrever cada capítulo sucintamente assim:
12 – Satanás avança contra Cristo, desde a Antiga Aliança. Não obtendo êxito, pois o Filho nasceu e reina ao lado do Pai, se lança contra a Igreja na Nova Aliança.13 – Os auxiliares do Dragão, a Besta do mar e a Besta da Terra, oprimem a Igreja.14 – O Filho traz redenção aos seus eleitos, e juízo sobre a terra e seus habitantes.
A temática escatológica foi deixada de lado de alguns anos pra cá. Até as últimas décadas do século XX (60-90), esse foi um assunto retratado intensamente nas igrejas. Muitos, apesar de uma perspectiva errônea de interpretação, demonstravam por outro lado grande zelo para com a volta de Jesus. É verdade que as circunstancias tais como guerras e a virada do milênio incitavam as pessoas a pensarem em uma eminente volta de Jesus, e por isso falarem mais a esse respeito. Mas hoje, pouco se fala a respeito da Parousia. O “avanço tecnológico” das estruturas eclesiásticas faz com que se pense muito mais no estabelecimento nessa terra, que na grande tribulação ou no arrebatamento final. Fala-se em visão para alcançar o mundo, fala-se em crescimento da igreja, e como estabelecer a supremacia evangélica sobre a sociedade, mas muito pouco sobre os céus e a terra entesourados para o fogo (2 Pedro 3.7). Sem sombra de dúvidas devemos trabalhar incessantemente na proclamação do evangelho, até porque esse é um dos sinais da volta de Jesus. Mas não podemos nos enganar pensando que estabeleceremos o seu Reino por conta própria.
É partindo dessa perspectiva sobre o avanço de Satanás contra igreja, que quero falar a respeito de nossa perseverança e fidelidade (v.10). Como disse, isso não anula todo emprenho que a Bíblia como um todo nos conclama a termos, mas nos faz entender que nada do que fazemos é por nós ou para nós mesmos. Que uma vez que Cristo milita por nós, ele também nos conclama em meio ao fogo provador e perseverarmos nele, quando não há muito que fazer.

Argumentação: 

I.                   Quem são os inimigos aqui descritos.
1.      O Dragão. Satanás é o Dragão, e não tendo êxito contra Cristo e sua Igreja (cap. 12), pôs-se sobre a areia do mar para conclamar seus auxiliares, que o representam neste mundo.

2.      A besta do mar.
A)    Este primeiro auxiliar do Dragão representa o poder político sobre o mundo. Sua descrição é horrível, de um monstro que incorpora vários reinos da terra (Daniel 7). É rápida, forte e mortal, como um leopardo, urso e leão. Tem diademas em seus chifres, ou seja, autoridade do Dragão, como o texto explicita mais a frente.
B)    O golpe mortal sofrido, e depois recuperado, possivelmente sinaliza a morte de Nero, o primeiro grande perseguidor romano, e depois o retorna da perseguição naqueles dias da parte de Domiciano. Mas podemos inferir também, nos dias finais, a grande perseguição que haverá da parte do Homem da Iniquidade (2 Tessalonicenses 2.4) trará de volta a ira de Satanás como antes de sua prisão (20.2,3,7-9).   
C)    Todo governo que se levanta sobre a terra, apregoando para si a condição de “Salvador da pátria”, fazendo pairar sobre si a áurea de benfeitor maior (como os imperadores de Roma), encarna a figura da besta do mar.
D)    Sua atuação durante 42 meses nos remete ao período em que não choveu em Israel, nos dias do profeta Elias (3 anos e meio). Esse período é o mesmo descrito agora no capítulo 12.14 (1 tempo, 2 tempos e metade de um tempo). Mesmo perseguida por Acabe, a igreja ali foi sustentada por Deus (1 Reis 17.4,9).
E)    Haverá um homem nos dias do fim, o anticristo como chama João (1 João 2.18), e Homem da Iniquidade, como declara Paulo. Este ainda não veio, mas certamente o seu espírito já paira sobre os governos da terra desde os dias do apóstolo. Seu propósito maior é imitar o Cristo, exigindo para si a adoração dos povos. Aqueles que o adoram, de todas as nações, não se encontram inscritos no Livro da Vida do Cordeiro, e portanto não fazem parte do numero dos eleitos. 

3.      A besta da terra.
a)      A besta da terra é subalterna a do mar, e serve como seu profeta e sacerdote. Sua função é religiosa e propagandista. A aparência desta besta não é tão amedrontadora como da primeira, mas sua missão é tão maligna quanto. Sua aparência mansa como cordeiro, contrasta com sua fala mortífera do dragão. Assim como a besta do mar recebe autoridade do Dragão, esta recebe dela a sua autoridade, e por isso estão todas associadas.
b)     Sua atuação, relacionada à fala (de dragão), é para engano e sedução dos povos (Apocalipse 20.3). Seus sinais extraordinários compelem os cidadãos da terra a adorarem a besta do mar, e consequentemente a morte dos santos. 
c)      Ela marca na testa e na mão direita os seus a fim de possam comprar e venderEm outras palavras, o sistema proposto por esse falso profeta restringe a vida comum (compra e venda) aos que dispõe sua mente e ações a favor da besta (Deuteronômio 6.8).
d)     Assim como o Espírito sela os eleitos em sua fronte, os réprobos são marcados (como gado) pela besta da terra. Esta marca 666 é número de homem, pois não chega a perfeição de Deus. O homem foi criado ao sexto dia, mas a obra completa de Deus finaliza-se no sétimo, com o seu descanso. Assim, essa marca indica que os seus portadores nunca chegarão a plenitude de seu propósito.
II.                Qual é o procedimento dos santos em meio a suas investidas.
Como já disse anteriormente, a perspectiva expressa em Apocalipse não significa passividade e inércia na vida cristã. O que é explorado no texto é como em Cristo, mesmo em perseguição e danos sofridos, os santos são preservados. Isso nos leva a algumas condutas de perseverança e fidelidade.
1.      Consciência das circunstancias.
a)      Diversas vezes o Senhor Jesus adverte seus discípulos em seu sermão escatológico de que não deviam deixar-se enganar. Satanás como pai da mentira, emprega em suas bestas toda arte de ilusão a respeitos dos fatos, pintando um cenário onde aparentemente são vitoriosos.
b)      Não podemos esquecer duas coisas: 1) Satanás e suas hostes, bem como os seus, foram sentenciados a derrota desde Gênesis 3.15, o que culminou em seu despojamento na cruz (Colossenses 2.15). 2) Todo ação maligna está sob o controle e propósito de Deus, em sua agenda escatológica, evidente na expressão “é necessário” (Mateus 24.6; Apocalipse 20.3). Nada acontece por domínio de Satanás, ainda que ele confira poder e autoridade as suas bestas, mas ele mesmo não tem poder de si mesmo.
2.      Fidelidade.
a)      Uma vez enganados os povos, são compelidos a adorarem a Besta. Aqueles que pela fé enxergam os sinais por trás de tudo isso, não se dobrará a sua imagem.
b)     Devemos vigiar e orar a fim de não sermos seduzidos pelos “benefícios” trazidos pela besta do mar, propagados pela da terra. Uma vez que nos sintamos em casa com respeito a este mundo, mirando apenas o que se refere a essa vida, mesmo pelejando por interesses que são legítimos, mas transitórios (Mateus 24.38), corremos o risco de nos encontrarmos adorando a sua imagem, desprezando os tesouros que se encontram no alto (Mateus 6.19).
3.      Perseverança.
a)      Nossa fidelidade pode custar nossas vidas. Mesmo hoje, e desde sempre, e menor grau, cristão são provados em sua perseverança. Proibidos de pregar o evangelho, muitos são perseguidos até a morte.
b)     Devemos estar prontos para sofrer o dano, seja da restrição de nossos direitos, como no caso da marca para comprar e vender, como de nossa própria morte. Quando o texto falar em ser levado a cativeiro, ou morto a espada (v.10), é porque essas coisas serão inevitáveis. Mas é justamente em suportá-las, e não em subjugá-las, que seremos encontrados fiéis e perseverantes.   
c)  Fato é que se não estamos dispostos a sofrer nenhum dano, é porque já nos deixamos seduzir e somos encontrados infiéis.

Conclusão.
Sabemos que a mensagem pode ser devastadora, e trazer terror para alguns, mas para os crentes verdadeiros não. Esta é a mensagem de que “em todas essas coisas somos mais que vencedores” (Romanos 8.37).
Se crermos verdadeiramente que Jesus venceu a morte na cruz, que ressuscitou e reina, devemos crer também que mesmo passando por tudo isso, e até a morte, triunfaremos. Devemos nos regozijar, pois ele está às portas para nos redimir.
O poder para reverter às coisas não está em nossas mãos, mas naqueles que foram cravadas de pregos, e que agora traz a foice para ceifar os seus, e guardá-los em seus celeiros, e ceifar os demais, pisando-os no largar de sua ira (14.14-20). 


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