quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sobre as recentes manifestações


Tenho visto um certo entusiamos da parte de alguns Cristãos Protestantes com os recentes protestos feitos no Brasil, e até mesmo no mundo afora. É irônico, e posso ser acusado de incoerência por isso, mas não penso que os cristãos protestantes devem ser conhecidos assim por causa de protestos. Não é porque somos Protestantes que devemos nos prestamos a todo e qualquer protesto. Sei que é muito protesto e protestante para um parágrafo só, então vamos ao que quero dizer.
Primeiro, a razão histórica para sermos chamados Protestantes está relacionada a segunda Dieta Imperial Alemã de Speyer (1529), quando os nobres dissidiram do imperador Carlos V, quanto a revogação da primeira dieta (1526), retornando ao edito de Worms. Estes nobres, formalmente, por meio do que seria ao mesmo tempo uma objeção, um apelo e uma afirmação, buscaram acima de tudo a liberdade religiosa. A raiz histórica deste protesto, em Lutero, nasceu no ensino da Palavra, e posteriormente na afixação das 95 teses nas portas de Wittenberg. Isto foi necessário em razão do governo maligno da Igreja Católica naqueles dias, que não somente impossibilitava o conhecimento do Deus verdadeiro por meio de sua Palavra, como também iludia o povo com a possibilidade de se adquirir um terreno no céu por meio das indulgências. Assim, a essência da Reforma Protestante foi hermenêutica, ainda que os fatores políticos e sociais tenham se alinhado naqueles dias (leia-se "alinhados" como providência divina). Nas palavra de Lutero, a melhor descrição do que aconteceu naqueles dias:
Simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz mais nada. E então, enquanto eu dormia, ou bebia cerveja em Wittenberg junto de meus amigos Philipe e Amsdorf, a Palavra enfraqueceu tão intensamente o papado que nenhum príncipe ou imperador jamais fez estrago assim. Não fiz nada, a Palavra fez tudo.
Mesmo naqueles dias, alguns movimentos extremos foram severamente repudiados pelos reformadores. Tanto a Guerra dos Camponeses, como a Reforma Radical, não representavam a natureza da proposta dos reformadores. O desejo desses grupos ultrapassava o que as Escriturar determinam a Igreja em sua relação com o Estado. Estes extremistas valiam-se da força e da violência para a instauração de um suposto reino na terra, o qual certamente não era o Reino dos Céus.
A Igreja tem o seu papel de profeta junto ao Estado. Tem o dever de proclamar a Palavra de Deus, denunciando os pecados, ou encorajando os governantes naquilo que é correto. Creio que cristão verdadeira deveriam envolver-se na política, pela vocação de servir ao Estado, de maneira justa e digna. É imprescindível destacar a condutas política de homens como de William Wilberforce e Abraham Kuyper. É esse o tipo de militância que deveria nos orientar, que têm uma eficácia maior que a empunhadura de cartazes e marchas de protesto.
Quanto aos dias atuais, devemos ter o zelo de atentarmos para o nascedouro destes protestos recentes. Eles não são espontâneos como alguns inocentemente acreditam. Eles são orquestrados por algum grupo, cujas identidade e intenção permanece nebulosa ainda. Estes anônimos, se dizem interessados no bem estar da população, posicionando-se contra a corrupção e outras mazelas sociais, mas que ainda não revelaram seus reais interesses. Pregam contra a impunidade de políticos corruptos, mas legislam em favor da impunidade quando exigem a soltura dos vândalos, saqueadores e depredadores do patrimônio público e privado presos pela polícia. Essa incoerência me faz questionar se realmente têm intenções justas., ou se querem usar a justiça em causas próprias.
Um último fator que destaco é a injusta acusação de alguns que entendem que aqueles que não protestam estão inertes e conformados com a situação. Imaginam marchar pelas ruas, com gritos de ordem, e que esta pressão popular sobre o governo, seja a solução dos problemas. Não me oponho a esse direito de protestar, de maneira pacífica obviamente. Mas penso que é de um reducionismo muito grande pensar que isso resolva alguma coisa, ou que seja indispensável algo dessa natureza. Como salientei anteriormente através de alguns nomes de alguns cristãos, penso que pessoas melhor organizadas e dispostas politicamente, têm, em uma conduta direita, melhores condições de prover melhorias para a sociedade. Protestar é um direito de todos, dentro dos protocolos exigidos para o bem estar geral. Contudo, protestar não chega a ser sempre um dever. É dever de todos agir de maneira justa e correta, e agindo assim, pelo menos os cristãos, vivendo e proclamando o Reino dos Céus, grandes transformações podem acontecer no reino da terra.  

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