sexta-feira, 10 de abril de 2020

Extra! Extra! Morreu em Jerusalém Jesus de Nazaré!



Apesar de ser a esperança de redenção de Israel para alguns, Jesus, também conhecido como o Nazareno, morreu crucificado no Gólgota, nessa sexta-feira de Páscoa por volta das 3 horas da tarde. Tendo sofrido sua sentença de morte entre malfeitores, chama atenção o processo que o levou até a cruz. Ao que tudo indica, seu julgamento não foi comum como o dos demais condenados à cruz.
Jesus de Nazaré começou seu ministério há cerca de três anos, acompanhado de doze discípulos que ele mesmo escolheu. Sua mensagem era sobre o arrependimento necessário, e a fé nas boas novas, em vista do Reino que se aproximava. Peregrinando com mais frequência entre as cidades galileias, realizou, segundo relatam, muitos milagres, sinais e curas. Mesmo pessoas possessas por demônios eram exorcizadas, e, segundo o próprio Jesus, libertas “pelo [poder do] Espírito de Deus”, como indicação da chegado do Reino de Deus. Pães e peixes foram multiplicados, ao menos duas vezes, alimentando multidões que o acompanharam em lugares desertos.
A respeito de seus ensinos, era evidente, desde o começo, que sua autoridade não era incomparável. Sua pregação chamava atenção para o coração do homem, visível por Deus, não para as aparências e palavras lisonjeiras que podiam impressionar apenas aos homens. Esse foi, inicialmente, um dos grandes desconfortos causados entre os fariseus. Por serem, juntamente com os escribas, tão apegados aos holocaustos, sem necessariamente levar em consideração a misericórdia, tais afirmações expõem sua hipocrisia.
Ao que tudo indica, o incomodo maior viria ainda pela proporção que seu ministério tomou com um milagre em específico. Segundo relatos, após a ressurreição de um amigo por nome Lázaro, de Betânia, irmão de Marta e Maria, o Sinédrio se viu na obrigação de eliminar o Nazareno, uma vez que “o mundo todo ia após Ele”, e que também, por isso, os Romanos poderiam vir sobre eles e o povo, tomando-lhes a nação. Nas palavras do Sumo Sacerdote deste ano: “Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação”.
A partir de então, na semana antes da festa de Páscoa, os ânimos começaram a se acirrar cada vez mais. No domingo, Jesus adentrou Jerusalém montado em um jumentinho, sendo recebido pelos populares com ramos postos no chão e exclamações de “Hosana ao Filho de Davi”! Depois disso, expulsou os vendedores e cambistas que se instalaram no Templo, mais precisamente no Átrio dos Gentios. Não havendo mais como esperar, os principais sacerdotes fizeram um acordo financeiro com Judas Isacariotes, um dos discípulos, para que Jesus fosse entregue a prisão em uma ocasião que evitasse tumulto. Há relatos de que o preço acordado foi o de trinta moedas de prata.
Ao se reunir na ceia da Páscoa, com seus doze discípulos em um aposento superior da casa de um dos seus seguidores, Jesus lhes disse que seria traído por um deles que se achavam naquela mesa. Mesmo que cada um tenha se acusado em tom de dúvida, nenhum deles achou que poderia ser Judas, por ter ele o cargo de confiança de tesoureiro. Mas havendo chegada a hora, Jesus segui dali de madrugada para o Jardim Getsêmani afim de orar. Lá ele foi preso por uma escolta guiada por Judas, e seus discípulos fugiram com medo.
Ainda de madrugada, Jesus de Nazaré foi levado para a casa do sumo sacerdote. Em um julgamento às pressas, com testemunhas incoerentes, a acusação que prevaleceu foi de que o Nazareno havia dito que destruiria o templo, e o reedificaria em três dias. Não respondendo ao sumo sacerdote Caifás, Jesus foi por ele conjurado a responder pelo Deus vivo ser era ele o Cristo, o Filho de Deus. A resposta do réu foi: “Sim, de fato. Porém, digo a vocês que breve verão o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu”. A sentença que já havia sido decidida há dias, não precisava mais de interrogatórios: Jesus era culpado de ser o Filho de Deus.
O réu foi então encaminhado à autoridade civil maior, o governador Pilatos. Sendo-lhe dito que Jesus era galileu, por ser da jurisdição de Herodes, que estava em Jerusalém naqueles dias, enviou-lhe para que se reportasse a ele. Nada respondendo a Herodes, servindo-lhe apenas de objeto de escárnio, devolve-o para Pilatos com uma túnica estilosa. O governador não estava convencido de que Jesus era um criminoso de fato, até porque não dava a mínima para a religião judaica, e percebia que havia ciúmes da parte das autoridades religiosas. Para não desagradar os membros do Sinédrio, disse que castigaria Jesus e depois o soltaria. Mas isso não era suficiente para aqueles homens.
Pilatos tenta em vão soltar Jesus pela escolha popular, colocando seu nome ao lado de um malfeitor chamado Barrabás. Mas mesmo questionando o povo quanto ao crime que teria sido cometido pelo Nazareno, nada ouvia além de “crucifica-o”! A pressão aumenta sob o governador, pois o crime de Jesus segundo seus acusadores não era apenas de blasfêmia, mas político, uma vez que seria o Rei dos judeus. Com medo de ser acusado perante o Imperador de sedição, Pilatos não viu outra saída a não ser soltar Barrabás, e autorizar a crucificação de Jesus. Num ato simbólico, o governador lava as mãos do sangue de Jesus, que para ele era inocente.
Como em um espetáculo de horror, Jesus carregou sua própria cruz pelas ruas de Jerusalém até o Gólgota, como dito inicialmente. Foi acompanhado pela multidão dividida, que de um lado zombava dele, e de outro chorava por ele. A túnica sem costura que ganhou de Herodes, foi sorteada entre os soldados que o colocaram na cruz. E uma vez entre seus companheiros de sentença, continuou ouvindo as ofensas vindas das autoridades junto a multidão: Salvou os outros, salve-se também, se de fato é o Cristo de Deus. Consta também que algumas mulheres que o seguiam, um de seus discípulos, e mesmo sua mãe, estavam ao pé da cruz. Ele sofreu escárnio até de um dos malfeitores crucificados, mas foi defendido pelo outro, que dele ouviu uma promessa sobre o paraíso naquele mesmo dia.
Jesus morreu estranhamente antes dos outros dois condenados. O céu escureceu ao meio dia, e exclamando em alta voz, disse: “está pago”, expirando em seguida. Terremoto e rochas fenderam. Fora dito que até a cortina do santuário rasgou-se em duas partes. E há relatos inclusive de mortos que voltaram a viver. Normalmente não se morre crucificado com um forte brado, mas agonizando em sufoco. Até o centurião acostumado a execuções deste tipo, com muito medo disse que “verdadeiramente este era o Filho de Deus”. Por isso suas pernas não foram quebradas para acelerar a morte, como se fez com os outros condenados. Mas para constatar sua morte, uma lança foi atravessada ao seu lado.
O corpo do Nazareno foi tirado da cruz, e levado por um homem de posição da região de Arimatéia, chamado José, que o pediu a Pilatos. Os judeus que organizaram o julgamento de Jesus, pretendem requerer uma escolta sobre o túmulo, e um selo, para que, segundo eles, o corpo não seja roubado. Havia sido dito por Jesus aos seus discípulos, que ele ressuscitaria ao terceiro dia.
Jesus de Nazaré não morreu como morrem todos os homens. Ele também não viveu como os demais. Ele estava certo desde o começo sobre o caminho que trilhava, até mesmo em direção à cruz. Foi como se ao invés de ser levado, ele mesmo tivesse se entregado. Como se tivesse nascido para isso.
Alguns de seus discípulos estão desolados, com medo, e desacreditados. Mas se domingo acontecer conforme suas Palavras, não mais terão razão para não crer. Tudo o que disse em sua vida, mesmo sobre sua morte, foi verdade. Não poderia ser diferente a respeito de sua ressurreição. Nesses próximos três dias, cabe-nos esperar pela remissão de Israel.

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